Wednesday, November 6, 2024

More Headwind :: Mehr Gegenwind


 The emperor suffers from terrible pains of self-love (philautia): 
an instant of ecstasy that can last for a century...
while a very intense intoxication spreads and persists in the breasts of its people  


Monday, November 4, 2024

Melancholia, i.e., Eclipse



Melancolia é Eclipse Solar
um momento de trevas com apetite de monstro
devorando o horizonte vital total

(Dilema melancólico: 
repousar os sentidos na obscuridade 
ou trabalhar na geração de novo fogo?)

(Pode ser um instante, um eclipse nas pálpebras dos olhos cansados,
pode ser uma eternidade, um eclipse no nervo ótico da vida) 

Sunday, November 3, 2024

Águas: Waters, returning from fire


o fogo regressa sempre às águas aprendendo o caminho da argila indefinida nas mãos de Poiesis

no livro do fogo, podemos aprender as virtudes das águas livres

aprender a paragem dos lagos

aprender a fluência dos rios

aprender a ondulação dos mares

aprender o voo das chuvas

aprender o segredo das fontes

Tuesday, October 15, 2024

Still flowing: First Love Song


 O que é Amor? 


(a questão regressa exclamante na Alegria da manhã 

durante a Evidência de Sol no corpo-luz)


Amor é a fonte que nasce no oceano e sobe as montanhas 


(Amor é a fonte que sobe sempre do oceano 

através de areia ou rocha ou noite humana no limite das forças vivas)

Monday, October 14, 2024

emergency exit toward the garden


there here
are now the wildest of us 
wild wilder wildest animal infinities

windows maybe calling for my climbing my crossing my jumping limbs
windows in the labyrinth on edge growing seeds of fruits 
madness of fruits the bloodiest sugar of fruits becoming madness

open windows to the tornadoes maybe calling for my uneasy bare limbs
I love the truth burning like madness like the ultimate struggle my bare limbs screaming
half-discovered half-invented truth of the garden
red flames of fruits consuming the wild garden
wildest garden becoming my wildest plasma

empty stage awaiting life and humanity


 Sofia nasce no Vazio onde a Construção da palavra encarnada é sempre outro Infinito sem nome nem verbo nem imagem, somente a energia do coração e da saliva que se consome quando se beija longamente o fogo boca-a-boca

Sofia tem a pobreza sublime da liberdade 
Ela transporta consigo somente o que se pode colar ao corpo quando se sobrevive à tempestade quase-mortal e à linha da frente na guerra
Ela permanece em viagem, corpo-a-corpo com o mundo, 
natação nua do amor cósmico e da gratidão cósmica

Ama tanto o sol e o oceano como o próprio coração que saiu do seu corpo e anda pela Luz e Treva Exterior com alegria de menino livre, sempre ainda criança, sempre ainda beleza e milagre recém-nascido, um filho divino que lhe aconteceu sem saber querer, muito para além de querer-e-não-querer 

Monday, October 7, 2024

Dizer-me e Contradizer-me na Canção de Amor

 


eu sou o círculo-quadrado que se diz e se contradiz no esforço de existir desde a Primeira Noite, desde a infância do primeiro espanto à superfície da minha face, no espelho e na voz ainda sem palavra, em obscuridade ou penumbra, quando a Criação ainda não imaginava a possibilidade de estrelas... 
o meu círculo-quadrado move-se com a energia explosiva de um incerto tormento amoroso, um vento de tempestade amorosa no sangue, uma ignorância da paz original: o regresso ao Primeiro Motor Imóvel onde o Infinito repousa ofegante... 

Um êxtase-horror pode definir este vento interior que quer dizer e contradizer a carne mortal de amar neste mundo sempre no fim? 
Cada poema é um círculo-quadrado que dá tudo gratuitamente, boca-a-boca, gramática de toda a língua possível: palavra pré-natal e palavra póstuma

eu sou o círculo-quadrado que, pela sua loucura própria, não pode ser pensado nem gerado nem nutrido. 

Sou nas veias do círculo-quadrado: processo de Desejar a primeira Canção de Amor, necessária e impossível, como o Princípio Absoluto que promete chegar gratuitamente

Sou a navegação lenta nas veias do círculo-quadrado: processo de uma vertigem dentro de Desejar: processo de lamentar a Canção de Amor nos vértices do círculo-quadrado, tanto ruído e tanto silêncio e tanta música na guerra dos textos quentes, ilegíveis, de carne e sangue e de vento de tempestade 

a Canção que sabe principiar e que sabe perdurar e que sabe não-concluir (através uma solidão noturna) respirando dentro de água, depois rocha, depois fogo e a esperança atormentada de fome dentro dos enigmas... 

tudo sensível, tudo capaz de sangrar a qualquer instante, sob qualquer afeto, gratuitamente


PS: a noite é a travessia da sombra, não a destruição do Sol... para desatar os nós do peito, trocamos as mãos e as suas frases de silêncio começam, descomeçam, recomeçam a carícia mais íntima que projeta o corpo para outra síntese onde os enigmas sensíveis brilham como se abruptamente: um relâmpago de açúcar queimasse a língua, demoradamente, entre a meia-noite e a aurora 

PPS: a noite é a passagem deslumbrada pela sombra do mundo e os viajantes da noite produzem e experimentam outros sistemas singulares de iluminação, auto-invenção de luz e sombra com os corpos vivos ... por isso, a juventude gosta de atravessar a noite em movimento sem direção, como dançar contra a sabedoria do sono...