Monday, July 14, 2025

Eros, o Crepuscular


Eros, o Auroral e o Crepuscular. Eros, o Chiaroscuro que brinca com o Fogo.

Eros, o Infantil e o Adolescente que brinca com gritos e lágrimas.

Eros, o Provocador e o Silencioso que brinca com as palavras feridas.

Eros, o Desafiador, o Incrédulo, o Discípulo que acredita no Mestre quando toca nas sete maravilhas do Coração aberto.
Eros, o Tocador das cicatrizes imperfeitas, o Perturbador das histórias das cicatrizes maiores do que o Coração, mais profundas do que o Coração.
Eros, o Gladiador na Arena fervendo diante de múltiplas mortes possíveis. Eros, o Torso e o Gládio dos lutadores nus que brilham como deuses...
Eros, o Espetáculo da Verdade na pele nua do mundo: Toca-me as Pálpebras Descidas.  

Sunday, July 13, 2025

Eros, o Noturno


Eros, o Noturno. Eros, o Assaltante. Passas as horas sonhando sem nexo: Rende-te ou eu acabo-te! Canta-me ou eu grito! Beija-me ou eu devoro-te! Eros, o Vencedor: Estás perdidamente na arena de Morte. Acordo de repente no meio da luta, os músculos impotentes preparam setas venenosas para regressar ao Ciclone da calma. Passamos esta noite numa cratera lunar: Mar da Tranquilidade ou Mar das Fúrias. Amanhã, depois do dilúvio, depois de muita natação nas águas do Mistério, depois de muita angústia matemática, calculando área exata das feridas... amanhã, começamos outro Mundo.
Ondas gravitacionais intergaláticas desencadeiam a Energia Noturna de Eros. Meu Eros, amanhã começamos outro Mundo com a Forma da saudade materna: as mães são imortais. Meu Eros, meu Mestre Hiperativo, meu coração ainda não aprendeu nada.

Eros, o Noturno, meu Mestre, ensinas-me tudo na Obscuridade, corpo-a-corpo sobre as superfícies de Tudo.
Eros, o Viajante Noturno, o Assaltante Noturno, o Silêncio Noturno. 

Eros, o Prisioneiro. Eros, o Guerreiro. Eros, o Matador. Eros, o Sacrificado. Tens uma porta secreta para Tudo, uma ponte secreta para Tudo, uma língua secreta para Tudo, uma alma secreta para Tudo, um coração secreto para Tudo, uma ciência secreta para Tudo, uma arma secreta para Tudo, uma personalidade secreta para Tudo, um código secreto para Tudo. 

Ninguém vence a tua Ternura. Ninguém vence a tua Loucura. Ninguém vence a tua Crueldade. Tu és a Infinita Metamorfose de Tudo em Tudo. Nenhum nome te define, te chama, te atinge, te revela... 

Eros, o Omnívoro e o Faminto. Eros, o Imperial e o Revolucionário. Eros, o Brutal e o Feminino. Eros, o Infantil, o Lúdico, o Divertido, o Sorridente, o Felino, o Grande Felino, o Último Felino no reino animal. Morde-me aqui ao luar, até ao meio-dia, até ao Equinócio, até ao Eclipse, até à Estação-das-chuvas, até ao Regresso-do-Cometa, até ao Clímax abissal, até ao Apocalipse das minhas ânsias inquietas... Morde-me um pouco mais, apenas com a ponta da tua língua húmida escrevendo poemas entre meu tórax e meu abdómen e meu arquipélago vulcânico... 

Eros, o Secreto. Eros, o Selvagem. Eros, o Libertador, o Grande Libertador, o Último Libertador. 

As revoluções noturnas do corpo são como gritos e cantos de alegria gestual. Quero liberdade no ar. Quero ser o ar da liberdade. Quero ser o voo da liberdade no ar. Quero ser o perigo do voo da Liberdade no ar.

Eros, o Físico e o Metafísico. Perde-te, no longe mais íntimo de mim. Segue o teu destino mais inexorável: a minha vontade de fusão com tua matéria de lágrimas no instante crítico da viagem angustiante e do regresso ao Desconhecido. 

Eros, o Irónico e o Cético. Eros, o Trágico e o Marítimo. Eros, o Épico e o Melancólico. Eros, o Didático e o Interrogativo. Eros, o Abissal e o Aéreo. Eros, o Cósmico e o Cosmopolita. Os teus vapores flutuantes traçam círculos e elipses entre todas as paixões da minha alma, sobretudo as infinitas espécies doces e ácidas de Tristeza. Uma tortura consoladora passa dentro de mim como uma sereia, uma gaivota, uma mão mágica que lança um relâmpago entre as memórias e as fantasias. Vibra um aroma à flor da pele ondulante, enquanto o meu oceano interior confusamente imagina a inexplicável ternura que salva o mundo, a inexplicável ternura que arde no horizonte noturno. A voz naufragada ainda boia no vácuo, chamando. As janelas abrem-se no meio da parede, no meio do medo, no meio da sensação de abandono. O vermelho do sangue é um vermelho ávido que respira. 

Eros, o Exclamante e o Oracular, o Socrático e o Nirvânico, o Montanhoso, o Glaciar, o Vagabundo, o Tropical. Leves brisas de contradição aumentam o apetite e a inteligência do apetite. Tenho sede, tenho fome, tenho a miséria completa que a Sabedoria ama muito.

Eros, o Incerto e o Transtornante. Eros, o Espiritual, o Carnal, o Intercorporal. Estamos condenados aos trabalhos da Libertação: Energia das Auroras que explodem e persistem no Ritmo de Eros.  

Eros, o Vibrante e o Sexual. Eros, o Virginal e o Hipersexual, Pansexual, Megassexual, Criptossexual. O que é o Tempo? O que é a Vida? O que é a Génese?  

Saturday, July 12, 2025

Imaginação metafísica ambivalente


 Minha imaginação está tatuada com uma seta de fogo que deseja ser feliz. 
Minha imaginação sente a aurora limpa dos trópicos 
transbordando de mar e de pássaros quando pensa: 
Tudo vem de Infinito e tudo vai para Infinito. O Infinito envolve todo o finito. O nome do Infinito é Amor e a matéria-prima e a força íntima de tudo é o Infinito, Amor. Um fogo suave arde nas veias e nos sentidos inteiros: o Infinito é a Beleza Absoluta do Bem. Estou apaixonada pelo real e pelo possível e por toda a Vida e por tudo vive e por tudo o que há. Amo tudo inteiramente. 

Minha imaginação repousa na Ideia-de-Infinito.


No entanto, uma crueldade grita no espaço-tempo desde a primeira explosão de Algo, desde o primeiro surgimento e primeiro prosseguimento de Mundo: desde Algo-em-vez-de-Nada. 

Toda a matéria sofre. Toda a vida sofre. Toda a consciência sofre. 

A minha imaginação resiste, até às lágrimas e ao sangue, contra a ideia-de-Dor crucificando a ideia-de-Infinito. 

Infinitamente dolorosa é minha pacífica vida enquanto contemplo a ideia-de-Dor crucificando a ideia-de-Infinito: contemplo as catástrofes (o caos de fogo-terra-ar-água torturando o corpo deste mundo e seus passageiros), contemplo os predadores (a fome dos animais circulando devoradora e todos os devoradores terminam devorados), contemplo a história humana, uma única guerra indomável com infinitos guerreiros jovens com infinito entusiasmo jovem, sempre ancestral e sempre renovado, com infinita paixão jovem de matar e morrer...

Faz sentido imaginar um Génio Maligno Omnipotente jogando toda a inteligência na invenção dos infinitos ângulos da ideia-de-Dor... desejando, fruindo, inventando novos ódios, inventando novas armas, inventando novas sensações dolorosas, novas intrigas para as personagens futuras, novas psicologias mais capazes de desejar, fruir, inventar o êxtase de sofrer, fazer-sofrer, multiplicar-fazer-sofrer... sorrindo, rindo, gargalhando voluptuosamente... a luxúria de criar sentidos dolorosos transbordando de sangue e de músculos rasgados...

Faz sentido imaginar o Universo ou a Realidade como uma neoplasia selvagem no cérebro do Infinito eternamente moribundo... a matéria infinitamente dolorosa de tudo seria somente a infinita patologia de Haver... o mundo seria uma doença, uma infeção, uma inflamação, uma febre, um vómito, um excremento, uma carne podre em decomposição (absolutamente evidente, julgando pelo fedor que tantas vezes flutua nos vapores vulcânicos e nas respirações inter-humanas)

Minha imaginação treme na ideia-de-Dor dentro de Infinito    


(Se queres ser feliz, conduz a imaginação pelo bom Infinito)     

Monday, July 7, 2025

Quem toca o abismo...


 Quem toca o abismo, sente a febre da Alteração

(Cada instante abissal 
cada tacto cada visão cada sentido de abismo 
pele-na-pele   olhos-nos-olhos 
totalmente cegos de Enorme
faz regressar a Febre Absoluta
a Febre de Deus durante o êxtase de Criar
durante o instante infinito da Criação
ainda perdurante aqui
no sentido de abismo
pele-na-pele   olhos-nos-olhos
transcendentalmente cegos)

(Hesito sempre entre dizer "quem vê o abismo, sente a febre" e "quem toca o abismo, sente a febre", mas o abismo pertence às perturbações psicossomáticas sistémicas cujo sintoma é uma febre divina de criar e permanecer na duração: instante de Criação)

(Hesito também entre crer "o abismo vê quem sente a febre divina na pele em chamas" e "quem sente a febre divina, sente o Abismo na pele inteira em chamas". Sinto mais verdade na ideia da espontaneidade táctil de Abismo: é o abismo que vê e toca e altera quem se aproxima do limiar...) 

Friday, July 4, 2025

Cada dia a vida inteira


 cada dia pode ser uma vida inteira

desejo para cada dia 
a criação da Beleza da vida inteira

amo cada dia como se cada dia fosse o arco inteiro da vida
como se um mundo todo começasse e terminasse 
pleno de sentido nas minhas mãos vazias
fazendo Poesia de Sofia e Amor de Sofia 
durante uma rotação completa 
tão aberta e tão definida na exatidão 
do seu princípio e fim

Cada dia termina ainda na minha infância:
quando chega a última hora ainda estava no princípio
aprendendo como fazer o primeiro gesto ainda
sempre primeiro gesto ainda de Sofia:
Ars longa vita brevis

amo cada dia com angústia e êxtase
nascendo dentro da viagem nascendo aventura
sensação de viagem nascendo tempo 
minha passagem pela imperfeição corporal 

cada dia é uma aventura inteira criando um mundo Possível
entrando na matéria luminosa entrando na matéria obscura
entrando um instante inteiro uma vida inteira
um círculo breve abrindo espiral longa: Amor de Poesia 
Desordem de Sofia no Amor de Poesia 
Aventura de Amor na Poesia de Sofia
até ao Absoluto Sol 
Sol de Sofia e Sol de Nudez mais 
muito mais inteira do que eu e minha vida 

Thursday, July 3, 2025

Jeden Moment kann ein Blitz einschlagen


 ich sehne mich danach, dass

ich sehne mich danach, dass

ich sehne mich danach, dass