Eros, o Auroral e o Crepuscular. Eros, o Chiaroscuro que brinca com o Fogo.
"…Attribuez à mon souffle trop court ce qui dans mon propos restera obscur ou froid. Mais retenez la comparaison – elle définit le Livre en tant que Livre c’est-à-dire en tant qu’inspiration…" (E. Lévinas)
Monday, July 14, 2025
Eros, o Crepuscular
Eros, o Auroral e o Crepuscular. Eros, o Chiaroscuro que brinca com o Fogo.
Sunday, July 13, 2025
Eros, o Noturno
Eros, o Noturno. Eros, o Assaltante. Passas as horas sonhando sem nexo: Rende-te ou eu acabo-te! Canta-me ou eu grito! Beija-me ou eu devoro-te! Eros, o Vencedor: Estás perdidamente na arena de Morte. Acordo de repente no meio da luta, os músculos impotentes preparam setas venenosas para regressar ao Ciclone da calma. Passamos esta noite numa cratera lunar: Mar da Tranquilidade ou Mar das Fúrias. Amanhã, depois do dilúvio, depois de muita natação nas águas do Mistério, depois de muita angústia matemática, calculando área exata das feridas... amanhã, começamos outro Mundo.
Eros, o Prisioneiro. Eros, o Guerreiro. Eros, o Matador. Eros, o Sacrificado. Tens uma porta secreta para Tudo, uma ponte secreta para Tudo, uma língua secreta para Tudo, uma alma secreta para Tudo, um coração secreto para Tudo, uma ciência secreta para Tudo, uma arma secreta para Tudo, uma personalidade secreta para Tudo, um código secreto para Tudo.
Ninguém vence a tua Ternura. Ninguém vence a tua Loucura. Ninguém vence a tua Crueldade. Tu és a Infinita Metamorfose de Tudo em Tudo. Nenhum nome te define, te chama, te atinge, te revela...
Eros, o Omnívoro e o Faminto. Eros, o Imperial e o Revolucionário. Eros, o Brutal e o Feminino. Eros, o Infantil, o Lúdico, o Divertido, o Sorridente, o Felino, o Grande Felino, o Último Felino no reino animal. Morde-me aqui ao luar, até ao meio-dia, até ao Equinócio, até ao Eclipse, até à Estação-das-chuvas, até ao Regresso-do-Cometa, até ao Clímax abissal, até ao Apocalipse das minhas ânsias inquietas... Morde-me um pouco mais, apenas com a ponta da tua língua húmida escrevendo poemas entre meu tórax e meu abdómen e meu arquipélago vulcânico...
Eros, o Secreto. Eros, o Selvagem. Eros, o Libertador, o Grande Libertador, o Último Libertador.
As revoluções noturnas do corpo são como gritos e cantos de alegria gestual. Quero liberdade no ar. Quero ser o ar da liberdade. Quero ser o voo da liberdade no ar. Quero ser o perigo do voo da Liberdade no ar.
Eros, o Físico e o Metafísico. Perde-te, no longe mais íntimo de mim. Segue o teu destino mais inexorável: a minha vontade de fusão com tua matéria de lágrimas no instante crítico da viagem angustiante e do regresso ao Desconhecido.
Eros, o Irónico e o Cético. Eros, o Trágico e o Marítimo. Eros, o Épico e o Melancólico. Eros, o Didático e o Interrogativo. Eros, o Abissal e o Aéreo. Eros, o Cósmico e o Cosmopolita. Os teus vapores flutuantes traçam círculos e elipses entre todas as paixões da minha alma, sobretudo as infinitas espécies doces e ácidas de Tristeza. Uma tortura consoladora passa dentro de mim como uma sereia, uma gaivota, uma mão mágica que lança um relâmpago entre as memórias e as fantasias. Vibra um aroma à flor da pele ondulante, enquanto o meu oceano interior confusamente imagina a inexplicável ternura que salva o mundo, a inexplicável ternura que arde no horizonte noturno. A voz naufragada ainda boia no vácuo, chamando. As janelas abrem-se no meio da parede, no meio do medo, no meio da sensação de abandono. O vermelho do sangue é um vermelho ávido que respira.
Eros, o Exclamante e o Oracular, o Socrático e o Nirvânico, o Montanhoso, o Glaciar, o Vagabundo, o Tropical. Leves brisas de contradição aumentam o apetite e a inteligência do apetite. Tenho sede, tenho fome, tenho a miséria completa que a Sabedoria ama muito.
Eros, o Incerto e o Transtornante. Eros, o Espiritual, o Carnal, o Intercorporal. Estamos condenados aos trabalhos da Libertação: Energia das Auroras que explodem e persistem no Ritmo de Eros.
Eros, o Vibrante e o Sexual. Eros, o Virginal e o Hipersexual, Pansexual, Megassexual, Criptossexual. O que é o Tempo? O que é a Vida? O que é a Génese?
Saturday, July 12, 2025
Imaginação metafísica ambivalente
Minha imaginação está tatuada com uma seta de fogo que deseja ser feliz.
Tudo vem de Infinito e tudo vai para Infinito. O Infinito envolve todo o finito. O nome do Infinito é Amor e a matéria-prima e a força íntima de tudo é o Infinito, Amor. Um fogo suave arde nas veias e nos sentidos inteiros: o Infinito é a Beleza Absoluta do Bem. Estou apaixonada pelo real e pelo possível e por toda a Vida e por tudo vive e por tudo o que há. Amo tudo inteiramente.
Minha imaginação repousa na Ideia-de-Infinito.
No entanto, uma crueldade grita no espaço-tempo desde a primeira explosão de Algo, desde o primeiro surgimento e primeiro prosseguimento de Mundo: desde Algo-em-vez-de-Nada.
Toda a matéria sofre. Toda a vida sofre. Toda a consciência sofre.
A minha imaginação resiste, até às lágrimas e ao sangue, contra a ideia-de-Dor crucificando a ideia-de-Infinito.
Infinitamente dolorosa é minha pacífica vida enquanto contemplo a ideia-de-Dor crucificando a ideia-de-Infinito: contemplo as catástrofes (o caos de fogo-terra-ar-água torturando o corpo deste mundo e seus passageiros), contemplo os predadores (a fome dos animais circulando devoradora e todos os devoradores terminam devorados), contemplo a história humana, uma única guerra indomável com infinitos guerreiros jovens com infinito entusiasmo jovem, sempre ancestral e sempre renovado, com infinita paixão jovem de matar e morrer...
Faz sentido imaginar um Génio Maligno Omnipotente jogando toda a inteligência na invenção dos infinitos ângulos da ideia-de-Dor... desejando, fruindo, inventando novos ódios, inventando novas armas, inventando novas sensações dolorosas, novas intrigas para as personagens futuras, novas psicologias mais capazes de desejar, fruir, inventar o êxtase de sofrer, fazer-sofrer, multiplicar-fazer-sofrer... sorrindo, rindo, gargalhando voluptuosamente... a luxúria de criar sentidos dolorosos transbordando de sangue e de músculos rasgados...
Faz sentido imaginar o Universo ou a Realidade como uma neoplasia selvagem no cérebro do Infinito eternamente moribundo... a matéria infinitamente dolorosa de tudo seria somente a infinita patologia de Haver... o mundo seria uma doença, uma infeção, uma inflamação, uma febre, um vómito, um excremento, uma carne podre em decomposição (absolutamente evidente, julgando pelo fedor que tantas vezes flutua nos vapores vulcânicos e nas respirações inter-humanas)
Minha imaginação treme na ideia-de-Dor dentro de Infinito
(Se queres ser feliz, conduz a imaginação pelo bom Infinito)





