Thursday, November 20, 2025

la beauté est amère



 Verlaine dispara sobre Rimbaud e o sangue da Poesia exposto ao Ar desta Terra exala o hálito alcoólico das vogais quentes... o arco-íris das vogais que ferveu lentamente à flor da pele entre a meia-noite e as cinco da manhã...

é a hora vital das ternuras furiosas adolescentes em mim... na minha alteração para símbolo de outra coisa em carne viva... estou vendo Coisas que a minha Língua não conhece, direi somente: são Coisas-Omega para exclamar na coragem das pontes que ligam as chaves perdidas aos mistérios da Esperança...

Espero por Ti e pela tua Coragem que cruza todo o arco-íris da Vida Desejante  

desde além violeta até aquém de vermelho  

as minhas ternuras furiosas infiltram-se nas ruas adolescentes da noite para aprender a enlouquecer com vodkas ou caipirinhas ou puro absinto ou línguas mais bárbaras de Jazz... murmurando crimes passionais necessários... amor de salvação e amor de perdição: a mesma beleza amarga da Inspiração ou Alteração ou Escravidão atravessando o Atlântico tropical dos apetites que fazem e desfazem correntes de água e terra, de ar e fogo, de vazio e pleno, de tempo e fuga... Esperança de liberdade vulcânica dentro das montanhas cobertas de neves eternas... 

essas ternuras furiosas derramam adagios sobre as teclas graves e negras de piano dentro das hienas que uivam eroticamente entre os seios nus das virgens bailarinas que se oferecem como música atmosférica que faz eletricidade no vento olhos-nos-olhos  boca-a-boca  mãos abertas tocando na Ideia de Infinito em carne viva...

Verlaine dispara sobre Rimbaud... quando se falha um beijo, acerta-se um tiro quase-letal....

Verlaine dispara novamente sobre a Noite: tantas vezes quantas a Necessidade... quando se falha um beijo necessário, abre-se um abismo, uma ferida no Espaço inteiro... a arma de fogo é a loucura que salva... crê na salvação de tudo perdido...

A arma de fogo era outra coisa, a bala era outra coisa, disparar era outra coisa... Cada coisa é outras coisas! Cada ação é outras ações! E tudo são símbolos que vêm da carne viva, a Simbolizante, a Paciente, a Alucinante, a Poetizante, a Alterante...

Tudo são símbolos de amor em carne viva, a Paciente

Símbolos de mim, a ferida paciente que sorri ao amanhecer, esperando nos limites invisíveis do arco-íris que toca na lua nova: meu tronco nu, minhas mãos vazias, minha lua nova, procurando verbos para fazer coisas com as turnuras furiosas... 

beijando na Solidão, sob o véu do Segredo, o oceano ao fundo, prometendo Tudo, perdoando Tudo, disparando sobre a Dor Abstrata, o Beijo impossível, a Pessoa de Desejo, a Visão onde ardem todos os sentidos, nevoeiro inflamável com todos os sentidos na atmosfera, adagio com percussão, depois cordas, depois metais, depois o coro das Amazonas explicando a guerra justa das ternuras furiosas, despindo-se infinitamente, desde além violeta até aquém de vermelho  

Cada símbolo é um órgão de carne viva para transplante imediato noutro corpo carente da sua Essência.

Cada símbolo vem de outro símbolo, como cada vida de outra vida.

Tudo no corpo do Poema é símbolo de outra Coisa-Omega. Cada coisa que respira no Poema é Coisa-Omega de outro Símbolo-Alfa...

 ,  porque 

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