A mulher-em-versos:
Prefácio de um Leitor
com metafísica otimista
Acredito que uma mulher-em-versos faz sentido. Tece
outro corpo e desenha outra boca, outro som, mais feliz, para a sua voz
inquieta, aflita. A mulher-em-versos é uma mulher que conhece todas as emoções
trágicas de perder e cair… e ficar só, na perda e na queda. Porém, na manhã em
que começa a escrever, logo aprende a cantar e, antes do meio-dia, já se
levanta um novo vento livre, libertador, dançando entre as lágrimas antigas das
vogais, que sofrem, por vezes, muito entre consoantes.
Acredito que uma mulher-em-versos faz sol. Tece outro
chão após indefinida chuva, onde os pés aprendem a sonhar a linguagem que
reconcilia o abismo e o amor, multiplicando o timbre eterno de compreender os
músculos futuros da melancolia. Dentro do texto, o dia de chuva pára e a dor
enorme de vácuo transforma-se em energia Desejante que sente o sabor da
passagem entre a fadiga e a força.
Acredito que uma mulher-em-versos renasce. Tece a
verdade de ser na verdade de sonhar. Respira melhor do que o Mistério inteiro do
tempo. Fala, profética, sem angústia, após incêndios. Apaga o real Absurdo com uma
carícia leve sobre os lábios do Não-ser. O Possível triunfa e o Livro faz mulher,
obra de arte e corpo vivo com Caos dormindo, compreendido no sal da língua nova…
Acredito que uma mulher-em-versos cura todas as feridas
com o bálsamo da sua canção lunar…
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