um instante de repouso à beira-rio escorrendo Infinito
Desejo na vida somente Infinito
porque Infinito somente compreende Desejo
(as angústias são os sismos e as frações dos sismos no texto do meu corpo
as frações do corpo vacilante prometem ruínas)
O Infinito Desejante sopra nas minhas bocas incompletas
Todas cordas quase quebradas de cítaras e liras
respondem à nudez do Canto
desvelando os seios para jorrar mais sangue de sol
nos limiares de silêncio amoroso
sol caindo desde os lábios de nascer
sol ainda beijando no fim do dia
entre luzes e trevas a surpresa
antes de o mundo ser bocas somente sobre seios
À nudez do Canto brilha ainda mais sol de Infinito
sol desejante de corpo com frações maternas
(as angústias são os sismos da infância deste mundo
transpiram nas minhas mãos as angústias de amar este mundo tão líquido
vacilam as minhas mãos entre as cordas de liras e cítaras
entre os corpos de bocas absolutamente incompletas: Eis o terror de haver
Infinito Desejante neste mundo tão capaz de Indefinido)
(as angústias são os sismos que ardem e as danças que duram
fazendo sangrar infinitamente sol nos seios procurando a nudez das bocas
as angústias trabalham todo o dia toda a noite nos vértices do vento
este vento da Boca Criadora onde tanto coração colapsa
ardendo no excesso do plasma do Princípio)
há nudez do Canto
aprendemos uma terapia antiga para saborear o segredo do rio
adormecendo nas ondas dos sismos como nas oscilações de respirar boca-a-boca
há Infinito desejante desvelando os seios todo o dia toda a noite
a sabedoria de um fogo noturno
sobe do Oceano até à fonte da língua
respira boca-a-boca
(as angústias do inexprimível são os sismos
que ardem no êxtase
que duram na respiração
enquanto )
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