a geografia do Amor conhece todas as latitudes
desde os abandonos aos desalentos
até ao curso de silêncio Capaz-de-Deus
a geografia do Amor conhece todos os caminhos
desde enigmas de montanha e de confiança contínua nos Sentidos
até regresso boca-a-boca pela noite dos rios
de onde começamos sempre no Princípio do Desejo
todos os êxtases possíveis
os caminhos de montanha têm atmosferas extremas
o coração ofegante estuda a geografia do Amor
compreende os Sentidos onde moramos onde escrevemos
jardins e abismos no mesmo solo no mesmo sangue
eu desejo sempre o Princípio: permanecer neste Texto-tronco-nu
permanecer no Teu círculo do Princípio
na Tua explosão-em-mim primeiro Alfabeto
na Tua ondulação-em-mim primeiro Sinal
Língua pacífica do Princípio
sempre Desejar o Princípio no coração é morar no jardim e no abismo
Tu tocas-me agora na Era do Princípio
a Idade das grandes invenções
morar no jardim e no abismo
sempre Desejar o Princípio é Outra-potência-em-mim
outro coração aéreo Capaz-de-Transfinitude
onde somos a sabedoria do caminho
onde começamos onde descobrimos
onde este Texto-tronco-nu toca na Língua ou na lava ou no pó
onde a explosão primeira do coração faz Espaço-Tempo
jardim do êxtase abismo da angústia
curso de silêncio e de lava e de sopro
unidade musical entre as mãos e a Língua
sempre a Origem regressa boca-a-boca
significando explosão primeira no coração nascente
coração sem morada permanente aqui
indo sempre mais longe mais dentro
construindo jardim no chão no peito de Tudo
sempre Desejar
no fundo de abismo podes florescer-em-mim
coração sem morada permanente
Onde moras hoje? Onde respiras o tempo Possível?
Interrogo esta manhã esta noite esta tarde
hora de perder a âncora e de salvar o Mar
Onde poesias minha Inquietude Desejante?
Onde inventas Tudo de Alteração plena? talvez Cantar?
Onde respiras a minha Confusão
meu Texto-tronco-nu?
sempre a Origem regressa boca-a-boca
és o Sinal na atmosfera talvez Cantar
a história do Amor a geografia do Amor a Psicodinâmica do Amor
a tua memória ardendo como Biblioteca inteira escorrendo
na mesma harpa no mesmo sangue na mesma lava
a tua Língua nova vê as horas no Sol Absoluto
morada dupla do Amor desde a Origem: no jardim e no abismo
Onde esperar-Te hoje?
esta tarde esta manhã esta noite este ciclo
sem morada permanente
confusão de perder e de salvar respira-me
plena de asas verdes desde o fundo
asas verdes futuras após holocausto
(na solidão Sophia pressentiu a frase mais Capaz:
Se soubesses como és amada, Se soubesses como és amada, Se soubesses a tua verdade,
poderias voar mais-longe-mais-dentro ou enlouquecer transfinita de tanto)