certas manhãs minha mãe desejava nuvens e chuva
a possibilidade de frutos no jardim
eu subia acima das nuvens
procurando a Origem de Desejar frutos
Origem de fome e sede surpreendendo a Maternidade
Desejo de açúcar de frutos entre mães e filhos
podemos admirar frutos colher frutos saborear frutos
no ar nas ondulações do ar onde se escrevem olhos nos olhos
cem capítulos de línguas perdidas no labirinto
durante um milénio de peregrinação
uma noite mais longa do que um fragmento de carta
« recordo ainda os últimos dias que não sabiam quem eram »
a carta de despedida da Linguagem na minha mãe
sofrendo o infinito sensível:
« vou para o silêncio através do Sul »
enquanto o silêncio cresce, respiro a Filosofia mais oxigenada
acima da ideia de Tempestade Infinitamente Próxima
a ideia da construção Apaixonada na minha mãe
sofrendo o infinito sensível:
« não sei se os meus filhos saberão fazer farinha
com grãos de palavras
olhos nos olhos »
hoje é o Primeiro Dia no meio de uma palavra
quase somente silêncio
fragmento de voz
fragmento de despedida
Recordo saborear frutos no código geométrico das nuvens
um ponto uma linha um plano uma figura unindo
entre as palavras o Projeto da mãe construtora
trabalhando infinitamente o lugar do fogo
a casa materna sempre recém-nascida
silêncio de água e fogo silêncio de terra e ar
a verdade olhos nos olhos
nas raízes e nos troncos e nos ramos de todos os corpos
sobretudo na altitude
nos corpos de vapor quente
corpos desenhados no Equador das paixões
pela Geometria das Nuvens (a intriga mais instável)
corpos animados no Solstício das paixões
pela História dos Ventos (a intriga mais instável)
(PS: Produzir do nada um universo inteiro ou uma antena de formiga
necessita a mesma Potência Infinita
a mesma Paciência Infinita
porque sofrer e criar é sempre uma modulação do Infinito.
Sentir o Infinito por adição ou o Infinito por divisão pertence-me
na qualidade de carne viva em parábolas abertas às explosões solares)
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