Abandono o tempo ardente da história.
Imagino que soltamos os ventos à beira-mar.
De repente, o coração faz transparecer outra ondulação no horizonte.
Talvez seja amor essa solidão tão aberta, onde o Infinito é uma sempre nova intimidade e uma sempre nova desordem.
Porquê abandonar aqui o tempo ardente da história?
Abandonar sem angústia, confiando no coração que deseja terrivelmente ser a evolução dos pássaros, entre água e fogo, vento e rocha, espuma e vapor. A linguagem dos pássaros inventa o Infinito necessário para enlouquecer aqui plenamente.
A minha história de abandono
contém a coragem de toda a história: eu repouso em abandonar-me aqui.
A minha história de abandono é somente a coragem corporal da verdade
transformando os ventos em pássaros e os pássaros em símbolos e os símbolos em melodias e a melodias em caminhos e os caminhos em nudez,
integral nudez de tudo-em-nada,
abandonando o tempo ardente da história,
confiando a vida à Infinita inquietude da ondulação no coração.
Abandonar-se entre vento e rocha é o dom de si ao Desejo de espuma e vapor.
Abandonar-se salva o Desejo sem nome, sem pegadas no chão, o Desejo-onde.
Aqui brota o melhor Silêncio
que transforma em espuma e vapor o inacabamento do coração.
Tudo escorre na vigilância de sonhar sem âncora.
Na coragem da verdade, a linguagem dos pássaros inventa conexões no Abismo do tempo. Aprendemos que tudo é tão novo, que toda a matéria é tão infantil, que desconhecer a forma da força criativa aumenta o Incondicional.
Todas as solidões matinais convergem para esta Primavera que amadurece..., para esta comunhão de rocha e vapor..., para esta confiança em compreender corporalmente a linguagem dos pássaros
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