Uma menina chora de angústia por não compreender a nascente de onde vem o
rio onde tudo se banha duas vezes: no dia do erro e no dia do perdão. No intervalo,
escorre o desejo e a angústia por não compreender o fluxo, a fluxão do fluxo, e
a fissura da fluxão do fluxo. Sensação de confinamento, um cerco de fogo que aperta
o círculo da floresta. Algo pode acontecer. Algo pode dar-se. Algo pode vir, infinitamente
fora da Ideia de caminho e dos vetores peregrinos e da compreensão do espaço-corpo
onde tudo comunica com tudo, a integralidade da força.
Ignoramos o coração de algo ou desejo maior do que ser. Algo acontece,
algo dá-se, algo vem, no meio do Salmo, onde se chora e se ri e se transborda de
areia.
O mensageiro regressa da tempestade de areia e fala um texto de zero línguas
vivas. Começamos a traduzir zero para infinito e tocamos no Fim dos pés do
mensageiro, onde se desfaz a mensagem, entre a carne e a pedra, infinitamente fora
da Ideia de Caminho e de Vetor e de Palavra que chama no deserto para uma terra
Onde.
Ignoramos o pó do mensageiro que se banha duas vezes no intervalo do desejo
e na fissura da angústia: no meio do texto do Salmo, Onde Deus sopra fogo
contra o fogo, no dia de errar e no dia de perdoar.
Ignoramos subir a montanha, fora da Ideia de Caminho. Subir a montanha Onde
sobe outra montanha dentro da fissura da angústia. A sombra vertical acontece ao
meio-dia, debaixo dos pés do mensageiro que persegue os animais que sopram fogo.
Meditamos a pele desfeita, no meio do Salmo. Todo o texto toca em zero,
entre a carne e pedra. Procura ainda a boca, nos confins, nas montanhas de zero
línguas vivas. Amo-te, mais inteiro do que Nada. Sinto-me Toda Onde uma menina chove
através do Alfabeto sobre a estória do Salmo e da Matéria: pedra, papiro, pergaminho,
carne… talvez uma serpente, um silêncio de serpente, um medo de silêncio de
serpente…
Uma menina poeta
procura ainda a boca, infinitamente fora da Ideia de Caminho. Escreve alto mar.
Amo-te aqui, à porta do Alfabeto lunar. Uma lua acontece, dá-se, vem, em alto mar.
Aprendo a sangrar melhor do que os guerreiros do combate dos infinitos. Sopramos
fogo contra fogo. Amo-te, na boca, na boca do texto que acontece, entre a pedra
e carne.
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