Somos infinitos
corpos e uma alma somente, desde o Princípio.
No princípio,
era o espanto. Um animal inquieto,
uma vida sem verbo.
Na primeira
manhã do mundo e da vida sem verbo,
somos o animal
inquieto que encontra Algo, em vez de Nada.
No princípio, acontece
um nexo íntimo
com o Sol dentro da pele
E assim começa
a estória dos possíveis deuses tácteis,
dentro do
Espanto de nascer.
Imagino os
deuses a dizer Poesia sobre o Mundo.
E o Mundo
acontece como Poema que cresce
dentro de cada
corpo e de cada astro rumo ao Indefinido
No princípio, somos
absolutamente Espanto,
Somos uma
língua incapaz de nomes,
E o espanto
procura nomes com verbos
para dizer a
nossa ondulação táctil pela exclamação originária.
As palavras têm
corpo de vento e quando sopram livres
abrem tão fundo
todos os ventos e tão fundo todos os corpos
que não sabemos
quanto renascemos em cada palavra
E a vida de uma
mulher refaz os nexos do Princípio,
com suas
órbitas de astros e órbitas de corpos.
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