A vida começa junto à foz do Rio: tudo corre, tudo permanece
O Oceano é o Infinito turbulento
o Infinito que agita as fibras do sublime contra a Beleza cintilante
a respiração corre tão frágil durante o prazer da Beleza
diante do abismo
A vida começa na ondulação espumante do abismo olhos-nos-olhos
imaginando as epopeias das passagens-sem-limite
e dos naufrágios possíveis
Há um jardim-limite no Princípio e no Fim
entre o abismo do Oceano e o abismo deste Mundo
talvez Desejo em crescimento
Há uma diagonal transfinita que liga os limites às matérias incandescentes
Tudo corre e tudo permanece, passando o sangue dos braços ao vento das asas
As crianças enchem o jardim-limite com infâncias transfinitas
Alegria corre e permanece nas crianças amando Sophia
amando a Mãe: a ponte de carne viva sobre abismos
sem princípio nem fim
O fogo do alfabeto nasce nas árvores e nos seus frutos noturnos
as fúrias vermelhas mais íntimas: primeiras palavras ardendo
nas mãos e nas coisas, desejando mais álcool de tempo
Primavera junto à foz do Rio
O amor-de-Sophia constrói sempre a passagem
A inteligência do amor falha sempre a passagem: tudo corre, tudo permanece
Entre a infância e a adolescência, os músculos interrogam
a possibilidade de ser pássaro
Quantos corpos há neste corpo?
e quanta energia há neste Desejo?
Primeiro fogo da escrita, primeiro fumo, desenhando questões de carne viva
Primeiro dia da Génese: tudo corre, tudo permanece
uma paixão de adolescente corre do nada e permanece em tudo
a Ideia ferida de Ser-e-não-ser
Na foz do Rio, correm brumas no limite do abismo
permanecem passagens através do Pleno e do Vazio
desde o primeiro texto: o Amor-de-Sophia é o espaço inteiro
enquanto a loucura da Cidade agita o fundo
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