Limiar do Livro das Respirações:
…cada fôlego tem um cavalo
no limite do obscuro cantabile.
Inspiro-expiro inspiro-expiro inspiro-expiro
sou sempre este instante de
ritmo incessante
incessante ritmo incessante sou sempre o Instante
onde
treme a veia e o nervo do meu cântico.
Em cada fôlego perco o fôlego agito-me ofegante
em cada fôlego toco no Clímax e combato contra a realidade
contra mim a vida toda
e acontece-me aqui o Absoluto Eros…
sou uma respiração que me
desenrola as fibras do mundo.
Venho escrever para
ninguém alguém tu
o
Cântico boca-a-boca.
Bebe-me a sede tão
perdidamente sem nome.
Dói o Alpha de nascer.
Respiro sem rosas no
útero
somente o segredo da manhã somente
uma mulher inacabada bebendo
a vida gritante
do cavalo alado.
E começa minha mão a
tocar-Te na argila
do silêncio enorme
e no fundo da vida o Cântico acontece-me
chorando de júbilo.
Respiro o dom livre da
duração.
Alpha continua além-Deus.
Sou uma madrugada manuscrita
e o texto continua sentindo a fonte.
Em cada fôlego sou mais ardente e futura e outra:
ritmo do
dorso.
Entro no corpo das vibrantes
águas para só mergulhar na fúria e na ternura.
Não sei agora onde Mares de
fim ou onde Mares de útero hão-de ser-me.
Digo o
primeiro alfabeto de Existir
a plenitude
de nascer além-Deus.
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