Monday, December 30, 2024

Candelabrum: infinite branches


 one candelabrum: my infinitum burning
infinitum continuum of mine

my candelabrum: infinite branches burning
branches of wood and flesh and candles
burning while time departs 
sailing abroad
bare chest

all candelabra : our infinita burning
infinita continua of ours

our candelabra: infinite branches burning
intertwining flames while wood and flesh
flourish bare chests 
our forest of forests
while time approaches
warming the groundwater of love
recovering awareness of many arts
like drinking fire

infinitum candelabrum infinita candelabra
my candelabrum our candelabra
game of flames branching time
in indefinitum
as though the Possibles were all exploding

candelabrum candelabra
drink these oils of saliva
 speechless saliva 
flowing from the secrecy boiling 
orange tree sap calling your name of juice
sugar and acid and extreme vertigo

candelabrum candelabra
the beginnings renew every instant while
language springs and falls and chases warm blood

candelabrum candelabra
my skin of wood and flesh and extreme vertigo
one's skin branching while burning against other's skin 
dust skin covers the eyes of the blind prophetess
and still the song pursues the first Sophia

candelabrum candelabra
the infinite branches are more entangled than our silence
the burning song stirs the most naked
inflammable   
depths 

Coração do jardim: frutos futuros


 a arte da invenção: há 
um jardim 
dentro
nos pulmões 
do Primeiro dia ou primeira Noite

arte da invenção: antes do Princípio
começa a linguagem
os dedos nos cabelos
desenhando
órbitas
luas novas crescendo 
frutos futuros 
no vermelho do coração
sangue futuro
Primeiro Amor

Monday, December 23, 2024

A ideia de Infinito em nós



A ideia de infinito é o Desejo de Infinito

(o Infinito é um Desejo-esperança 
Desejo-poder-de-voo 
Expectação-imaginante-de-Mundo)

 
(Nosso Desejo de Infinito é construtor de caminhos e refúgios
mais vitalmente criativo durante trevas
e monólogos dubitativos)

 
(Desejo de Infinito anima a nossa bússola selvagem 
e as nossas correntes sanguíneas 
procurando outro coração mais capaz de navegar e aportar
mais capaz de dar-se inteiro à história deste mundo)

 
(Ideia-Desejo de Infinito em nós
o poder-de-rememorar e o poder-de-imaginar
coisas de silêncio e fogo nas mãos abertas
nos pés descalços
ardendo e subindo nas nossas montanhas)

(Permanecemos em Desejo de Infinito
enquanto sofremos novamente ao meio-dia
a ignorância do tempo
Permanecemos na respiração mais lenta 
onde renascemos)
 
(Sentimos no Desejo de Infinito a duração do Sol 
enquanto regressa sempre ao corpo infinitamente
o melhor vento navegante ou alegria propulsiva
a alegria da dança dentro do perigo mais vasto
do que ser
dar a vida toda num instante)

(Somos a Poesia-de-Desejo com sentidos vermelhos 
sentidos urgentes que nunca têm repouso na Palavra
Somos ainda sempre fulgurante perigo 
sempre maior perigo de vida e morte
crescente perigo de sangue irracional 
fervendo os sentidos vermelhos do poema 
a voz irracional do sangue do poema confessa
em flagrante bruto a verdade
o crime de enlouquecer boca-a-boca)
 

Tuesday, December 17, 2024

Das Unheimliche: Perigo vital? Vitalidade perigosa?


 sou o corpo onde  de onde   por onde  faz vento de infinito
corpos infinitos ferindo e devorando o Perigo Vital

aqui faz vento de sol e vento de chuva
aqui sou impropriamente onde infinitos vivem em fluxo
meu corpo todavia infinitamente mais do que eu
mais coerente do que eu jamais

(ainda tenho medo de serpentes e da vitalidade perigosa que escorre no silêncio
advindo à luz e retornando à sombra
ondas ocultas nas cavernas de tudo)   

(sentir o movimento sinuoso e o rumor sibilante das minhas serpentes é 
estremecer, a essência corporal de sentir-me vivente)

Sublime é Haver


 A evidência de Haver surge raramente com sua violência terrível de Incompreensão Absoluta e de Fascínio Total: Haver é o Todo, Haver é o sublime inteiro com seu relâmpago infinito de dentro para fora e de fora para dentro

Quando uma sensação de Algo faz a fulguração que explode os hábitos insensíveis neutralizadores de qualquer estranheza, aflição, êxtase... 

Thursday, November 28, 2024

Appetitus pulchritudinis = appetitus bonitatis?


 

Die Hoffnung ist mein Gründungmythos


 Hoffnung arbeitet innerhalb meiner Widersprüche
und erzählt die Zukunft wie die Geburt der Schönheit

Hoffung heißt mein Gründungmythos, 
Fabula der Möglichkeit von Lebensliebe
(wenn ich glauben kann)

****************

Noch wieder, dies könnte ein Credo sein:

Hoffnung arbeitet innerhalb meiner Widersprüche
und erzählt die Zukunft wie die Geburt der Schönheit.

Hoffnung heißt mein Gründungsmythos,
Fabula der Möglichkeit von Lebensliebe
(wenn ich glauben kann).

Monday, November 25, 2024

Aimer la bibliothèque : l'art expressif de lire


 tellement fragile la chair de chaque page entre poumon et argile
presque liquide presque maternelle une voix j'imagine qui demeure
au fondement de l'alphabet

j'aime, j'espère, je crois
et l'ignorance la plus profonde ouvre mon nom qui touche le sable
au coeur de l'argile au coeur de la chair au coeur de la page
le battement du monde invente la langue orientale
et les cordes orientales de la première musique où 
j'ai jamais 
perdu les sens

Tuesday, November 12, 2024

Oceano sobre granito


 no chão da minha praia há também longos dias de granito cintilante
os cristais anoitecem brilhando contra a queda da luz
o mergulho do sol nadando para outra profundidade
e eu sentindo a vertigem da apneia como um afogamento intoxicado
de silêncio exatamente silêncio
e memória clara de carência
transparente e obscura tão louca carência
língua e saliva de expectação amorosa 
mas língua e saliva sem voz capaz de passagem
sobre o abismo dos felinos 
silêncio louco 
boca-a-boca

o vapor do sal dentro da espuma de beijar toca na incompreensão
enquanto ao pôr do sol o desejo de sentir pensando e compreendendo
toca no cerne quente do granito 
progredindo no sentido da fração e da areia 
que sinto pensando-Te claramente na desordem
sem palavras à superfície de uma dor-enigma
um questão mais vasta do que o Desejo de pensar e beijar
a gramática dos verbos germinando entre nós

sinto a língua incapaz de significar plenamente quanto respirar é ainda
sempre uma aproximação de fogo
uma combustão nas válvulas do Absoluto
meu coração meu problema meu texto
Hora de Descoberta ainda interroga Hora de Liberdade
um fluxo de sangue preenche o círculo do sol
sangue quente de corpo Indefinido
as fúrias insondáveis de Eros correm no sangue
correm de alguém
por alguém 
Descoberta e Liberdade de Oceano nos mapas
tatuagens de sangue de animais no peito e no rosto

curso de sangue equívoco nos cristais do granito
futuramente vapor de granito
transpiração da Descoberta
boca-a-boca

numa era futura o granito será areia e vapor e carícia de espuma
outro modo de nascer por nada senão atmosfera de mundo novo
outro modo de ser corpo e infinitos tecidos de pele 
minha pele que respira e arde e exclama 

Wednesday, November 6, 2024

More Headwind :: Mehr Gegenwind


 The emperor suffers from terrible pains of self-love (philautia): 
an instant of ecstasy that can last for a century
delirium tremens...

while a very intense intoxication spreads 
and persists in the breasts of the emperor
devouring the people who want to be mere flesh 


Monday, November 4, 2024

Melancholia, i.e., Eclipse



Melancolia é Eclipse Solar
um momento de trevas com apetite de monstro
devorando o horizonte vital total

(Dilema melancólico: 
repousar os sentidos na obscuridade 
ou trabalhar na geração de novo fogo?)

(Pode ser um instante, um eclipse nas pálpebras dos olhos cansados,
pode ser uma eternidade, um eclipse no nervo ótico da vida) 

Sunday, November 3, 2024

Águas: Waters, returning from fire


o fogo regressa sempre às águas aprendendo o caminho da argila indefinida nas mãos de Poiesis

no livro do fogo, podemos aprender as virtudes das águas livres

aprender a paragem dos lagos

aprender a fluência dos rios

aprender a ondulação dos mares

aprender o voo das chuvas

aprender o segredo das fontes

Tuesday, October 15, 2024

Still flowing: First Love Song


 O que é Amor? 


(a questão regressa exclamante na Alegria da manhã 

durante a Evidência de Sol no corpo-luz)


Amor é a fonte que nasce no oceano e sobe as montanhas 


(Amor é a fonte que sobe sempre do oceano 

através de areia ou rocha ou noite humana no limite das forças vivas)

Monday, October 14, 2024

emergency exit toward the garden


there here
are now the wildest of us 
wild wilder wildest animal infinities

windows maybe calling for my climbing my crossing my jumping limbs
windows in the labyrinth on edge growing seeds of fruits 
madness of fruits the bloodiest sugar of fruits becoming madness

open windows to the tornadoes maybe calling for my uneasy bare limbs
I love the truth burning like madness like the ultimate struggle my bare limbs screaming
half-discovered half-invented truth of the garden
red flames of fruits consuming the wild garden
wildest garden becoming my wildest plasma

empty stage awaiting life and humanity


 Sofia nasce no Vazio onde a Construção da palavra encarnada é sempre outro Infinito sem nome nem verbo nem imagem, somente a energia do coração e da saliva que se consome quando se beija longamente o fogo boca-a-boca

Sofia tem a pobreza sublime da liberdade 
Ela transporta consigo somente o que se pode colar ao corpo quando se sobrevive à tempestade quase-mortal e à linha da frente na guerra
Ela permanece em viagem, corpo-a-corpo com o mundo, 
natação nua do amor cósmico e da gratidão cósmica

Ama tanto o sol e o oceano como o próprio coração que saiu do seu corpo e anda pela Luz e Treva Exterior com alegria de menino livre, sempre ainda criança, sempre ainda beleza e milagre recém-nascido, um filho divino que lhe aconteceu sem saber querer, muito para além de querer-e-não-querer 

Monday, October 7, 2024

Dizer-me e Contradizer-me na Canção de Amor

 


eu sou o círculo-quadrado que se diz e se contradiz no esforço de existir desde a Primeira Noite, desde a infância do primeiro espanto à superfície da minha face, no espelho e na voz ainda sem palavra, em obscuridade ou penumbra, quando a Criação ainda não imaginava a possibilidade de estrelas... 
o meu círculo-quadrado move-se com a energia explosiva de um incerto tormento amoroso, um vento de tempestade amorosa no sangue, uma ignorância da paz original: o regresso ao Primeiro Motor Imóvel onde o Infinito repousa ofegante... 

Um êxtase-horror pode definir este vento interior que quer dizer e contradizer a carne mortal de amar neste mundo sempre no fim? 
Cada poema é um círculo-quadrado que dá tudo gratuitamente, boca-a-boca, gramática de toda a língua possível: palavra pré-natal e palavra póstuma

eu sou o círculo-quadrado que, pela sua loucura própria, não pode ser pensado nem gerado nem nutrido. 

Sou nas veias do círculo-quadrado: processo de Desejar a primeira Canção de Amor, necessária e impossível, como o Princípio Absoluto que promete chegar gratuitamente

Sou a navegação lenta nas veias do círculo-quadrado: processo de uma vertigem dentro de Desejar: processo de lamentar a Canção de Amor nos vértices do círculo-quadrado, tanto ruído e tanto silêncio e tanta música na guerra dos textos quentes, ilegíveis, de carne e sangue e de vento de tempestade 

a Canção que sabe principiar e que sabe perdurar e que sabe não-concluir (através uma solidão noturna) respirando dentro de água, depois rocha, depois fogo e a esperança atormentada de fome dentro dos enigmas... 

tudo sensível, tudo capaz de sangrar a qualquer instante, sob qualquer afeto, gratuitamente


PS: a noite é a travessia da sombra, não a destruição do Sol... para desatar os nós do peito, trocamos as mãos e as suas frases de silêncio começam, descomeçam, recomeçam a carícia mais íntima que projeta o corpo para outra síntese onde os enigmas sensíveis brilham como se abruptamente: um relâmpago de açúcar queimasse a língua, demoradamente, entre a meia-noite e a aurora 

PPS: a noite é a passagem deslumbrada pela sombra do mundo e os viajantes da noite produzem e experimentam outros sistemas singulares de iluminação, auto-invenção de luz e sombra com os corpos vivos ... por isso, a juventude gosta de atravessar a noite em movimento sem direção, como dançar contra a sabedoria do sono... 

Friday, October 4, 2024

Loving foreigners and strangers


 much traveling in the body or in mind made me at home everywhere, loving foreigners and strangers more than I love myself



(in my adolescence, I was one of those who traveled all the time and immediately became homeless and a stranger everywhere, first and foremost in their birthplace)

On Desire-Fulfillment Theories


 From the garden balcony, contemplate the bare torso of all possible desires... this is the city appearing as your secrets, exposed and shared to excite the inner necessity of certain motions, or meanings, still not daring enough... still (and again) not fully understood by your ignorant muscles... 

Thursday, October 3, 2024

Nocturnal waters and ultimate goods: atmosphere of human flesh


 I had a plan full of intelligence and geometry and tropical passions to build a city around Desire, laser rays of Desire, misty light of Desire. The wind is capable of breathing better, much better than most hearts. We blindly obey the wind, as if we were just this moment, wholly this single moment of architecture of human flesh in the air, while lips touching, flames touching, pursuing the Ultimacy of imagining truth, right here right now, half mad half wise, half blank half written...  

This poem awaits for nudity to inhabit the Springs of nocturnal waters and ultimate goods. 
Physically 
anatomically 
absurdly
grammatically 
it's midnight within my rainbows and yours, or my breasts and yours, sharing the same flesh, hand in hand, twelve o'clock, midnight full of rainbows, as if we were like gods, or children of gods, beyond divinity, nameless powers of Sacred Silences.
The wind is founding new temples, carving new memories, boiling new anxieties of wandering and meeting the cross where multiple is new One. 
We are this nocturnal atmosphere, perspiring fresh fruits, rainbow and vapor and human flesh    

Tuesday, October 1, 2024

Menina Girassol - the melody of the sunflower girl

 


durante a noite  persigo a lua para conquistar a liberdade 
a obscura liberdade que corre 
sobre mim como chuva 
e dentro de mim como ritmo  

durante a noite quase sempre há instantes em que não sei se sinto algo ou nada ou indefinido 
ou se me altero completamente em processo de não sentir 
não poder sentir nem saber nada da Arte dos Caminhos

não sei não sinto como principia e termina a minha flor 
cada dia perseguindo lua e sol
enquanto caem algumas das minhas pétalas mais ardentes
no chão de outro mundo

se pudesse imaginar a Claridade 
a melodia da claridade soprando sobre mim como chuva
e dentro de mim como ritmo abstrato de Íris no raio de Eros  


PS: havia muitas planícies com rios calmos na sua vida, mas a menina decidiu outra audácia: amar as montanhas vibrantes recém-nascidas que chamam... Enquanto descobria a inclinação do mundo, inventava caminhos e semeava tudo o que respirava na sua verdade corporal, subindo os cones vulcânicos até à linha das crateras abertas onde o vermelho do magma compreende o vermelho do sangue mais jovem e o vermelho do sol mais transformante... Aí nasceu a menina girassol: 

Wednesday, September 11, 2024

Pálpebras descem


 durante a dança
na linha das falésias
desço as pálpebras
interrogando os sentidos: 
como é ser sensível?

as pálpebras descidas oferecem uma sombra interna
ainda vejo algo como minha amplitude obscura
ou meu abismo aberto em todas as direções

(descer e subir pálpebras não é entrar e sair do visível, mas um jogo íntimo de visões e de intensidades luminosas que fazem e desfazem a atmosfera deste mundo. a cegueira é outra vida e sabedoria sensível, outra experiência de habitação e de viagem, para além de visível e de invisível, de jogos de luzes e sombras)   

Mascara under nudity


Is nudity still a mask? 

Is my naked body still a drama of self-ignorance?

the last frontier of masks
emerging from within
exploding epiphany against epiphany
coming to light as the wisest construction on earth
shining as the self-evidence of being given life
open air pure skin
?

 

Thursday, August 22, 2024

The first love song


still awaiting the Language and Piano
capable of the first love song
 
it will agree with the nightly philosophy of wandering 
the first love song invents my mouth my tongue my imagination

the first love song blows History and Life  open air 
transgressing the enormous walls of the old city

it will renew Genesis and my fragile Idea-of-Creating


Wednesday, August 21, 2024

Selbstüberwindung meiner süssen Lebenserwartungen

 


O meu amor da viagem significa: Amo-te, mundo!


Creio e Espero encontrar em cada instante de viagem 

o Caminho-Lugar onde o Sentido respira 

mais lentamente  mais profundamente

o indefinido Desejo: sempre Alguém 

olhos-nos-olhos sempre no Princípio

onde o Sentido principiante respira


Aqui poderia ser a Origem do Mundo e da Terra abertos

olhos-nos-olhos amantes de tudo em viagem 


(Creio e Espero ser capaz de amar-te, mundo e terra abertos,

apesar de tanto pó sempre no vento, de tanta temperatura hostil, 

de tanto acidente contra as tuas forças de rocha ou fogo ou nada,

apesar de saber absolutamente a verdade quotidiana de sofrer feridas nas nossas fricções...)


(sei que morrerei em ti

sei que morrer é essencialmente ainda viagem neste mundo

a metamorfose mais íntima que mais nos aproxima de certa beleza

a Indefinida unidade...)


Há um repouso de metamorfose no movimento da viagem

talvez um esforço repousante acontece

olhos-nos-olhos durante o movimento


Aqui neste instante de Caminho-Lugar sem nome

Aqui poderia imaginar a Nascente que salva o silêncio inflamável

a sede delirante a linguagem perdida a obra desfeita a expectativa ácida


(Qualquer instante de Caminho-Lugar na viagem

pode ser Onde e por-Onde acontece o Princípio e a Palavra

o Infinito-entre-nós, amantes deste mundo, 

Infinito soprando na argila fissurada e na carne viva

olhos-nos-olhos tão frágeis

tão queimados de sol e lua e tantas obscuridades) 

Monday, August 19, 2024

le désespoir comme tentation


 la Poésie est un dialogue avec la tentation du désespoir

je me demande où l'horizon implose exactement dans ma langue

presque une oeuvre de désespoir, mon chant éprouve 
chaque midi les ténèbres intérieures 
du jugement dernier  

Wednesday, August 14, 2024

Viver na floresta e subir às árvores


 As florestas vivem dentro dos rios

a minha Alegria nasce dentro da floresta

a cidade viva cresce dentro da Alegria

Quando era criança subia às árvores: abraçava o tronco, chamava os ramos, olhava o céu como uma escada de corda... imaginava-me voadora, corpo-sopro-vento... 
subia às árvores com o impulso 
do meu desejo de saber a textura das matérias vivas, saboreando entre as mãos e a boca...
Quando era adolescente subia às árvores com o impulso 
do meu desejo de construir um espaço de Poesia, uma concha secreta de paz, um prazer silencioso entre o Ideal do sentimento sagrado de poder-ser-feliz e o esforço do corpo inteiro compreendendo o real que resiste, a incapacidade de subir mais alto do que certos ramos difíceis, impossíveis para o meu corpo... aprendi a verdade e o espanto de cair e recair e estudar melhor o dilema de não ter asas nem garras nem outros poderes, senão o desejo de subir, apesar do corpo tão sensível à fricção e ao choque... aprendi a sentir (mais por dentro) o contacto e a subida: o texto do meu corpo respirando (mais por dentro) sobre o texto das árvores

Construía cabanas nas árvores para ver o mundo de um outro ângulo (mais por dentro - como o ignorante Desejo-de-bem-e-de-belo)... Fazia uma escada no tronco do texto das árvores para chegar às minhas cabanas, subia e escondia-me através da Diagonal Infinita do segredo... porque secreta é sempre a Diagonal que sobe (mais por dentro), a Diagonal de desejar mais do que ser-e-não-ser...

Não havia segredos em mim, não sabia segredos de ninguém... Mas as cabanas nas árvores são cofres infantis e adolescentes para guardar segredos que podem ser a ponte de vento por onde os pássaros atingem a Alegria futura...
As cabanas das árvores precisam de segredos para florescer na infância e adolescência. Eu inventava segredos sem linguagem. Inventava tudo: a matéria do segredo e o código do segredo e o lugar da sua ocultação... inventava Tudo com todos os sentidos abertos: esta invenção é a infância que renasce dentro da adolescência, tão perplexa, tão transbordante de músculos novos...

Guardava secretamente os segredos inventados 
redigidos com luz branca em papel branco, tudo iluminado 
com os raios penetrantes do meu sol oculto: uma sombra de Diário Adolescente perguntando Quem sou,
pura sensação de enigma à flor da pele...

Quando era jovem, quasi-adulta, subia às árvores com o impulso do meu desejo de amar... 
Está aberto o tronco por onde subir, abertos os ramos onde abrigar, 
aberta a floresta inteira dentro dos meus rios: 
Tudo significa a expectação:
Podes subir e permanecer    

Tuesday, August 13, 2024

Appetitus felicitatis: an appetite rages everywhere...


 Os rios colam-se ao chão do mundo e seguem o seu peso-e-força-livre, descobrindo as inclinações de tudo, perfurando galerias subterrâneas, desenhando vales nas montanhas, saltando nas falésias e repousando nas planícies... Os rios são as minhas memórias de coisas ou ideias sentidas, tão cheias de peso-e-força-livre, memórias que correm, imaginando sempre mais do recordando, desejando sempre mais do que percebendo ser-e-não-ser... pressentindo e quasi-tocando outros mundos por onde correr com seu peso-e-força-livre...

Estes rios significam o apetite da memória animada pela imaginação - infinitos cavalos alados...

Apetite de felicidade escorrendo toda a vida desde a nascente...
apetite de felicidade transparente como água e espuma na nascente... 
apetite transparente de felicidade leve como oxigénio puro vibrando 
nas florestas de alta montanha...
apetite de felicidade aérea na Música 
no ar de música que há nos beijos que salvam a Respiração 

Sunday, August 11, 2024

le fleuve devient chair, ma chose vivante au monde


 peut-être y a-t-il une loi qui gouverne le mouvement 
de mon fleuve et de mes crues du printemps
une loi d'Océan une loi d'appel d'Océan 
pour déboucher sur une sorte de repos
j'ai besoin d'être anarchie
encore turbulence qui monte à la source

mon vrai fleuve devient chair 
amour de source amour de montagne
amour qui résiste à l'appel d'Océan

cette loi d'Océan est la seule loi qu'il me faut savoir transgresser 
en plongeant et en nageant 
car le vrai fleuve devient ma chair 
ma vie à contre-courant
amour de source amour de montagne 

PS: je voudrais dire autrement ma turbulence: ma loi anarchique qui résiste à légiférer et à gouverner mais qui exprime ma fluidité vivante: mes forces désirantes imaginantes s'agitent incapables de créer pleinement la sensation charnelle de beauté qui devrait pouvoir satisfaire le besoin de source, devrait pouvoir jaillir et déborder facilement la carence, mais la carence la plus cruelle brûle à fleur de peau, vide passage vide ouverture vide histoire
attente de devenir une sorte de toucher qui demeure aventure inquiète 
devenir ce que je ne suis jamais: la plénitude l'événement le contact  
PPS: chaque chose vivante au monde désire le réel absolu: la réalisation absolue de sa chair mortelle. Ce pourquoi la mélancolie s'écoule partout, ignorance de l'anarchie de la source où la mort fera renaître plus de sens : la saveur des fruits qui demeurent une chair transfinie plongeant et nageant tous les corps futurs
une ligne de chair chaque corps un noeud de chair une transfinie
aventure inquiète 
on devrait pouvoir devenir et demeurer 

Saturday, August 10, 2024

Paix de désir : le voyage sans peur




 longtemps j'ai désiré me coucher de bonheur 
plongée dans la peur j'ai désiré le néant de désir
ne plus souffrir l'instant des forces désirantes
m'endormir sans la brûlure où le soupir s'approfondit 
l'air lourd de la recherche libre
il faut une autre respiration
contre l'empire du hasard 
jouant aux dés chez moi

plus croissait grandissait frémissait le désir, plus régnait la peur
le désir nourrissait la puissance de la peur - je m'en doutais

plus de désir  plus de peur
proportion terrible proportion intime 
incendie extrême le coeur gèle à fleur de peau
incendie extrême le coeur s'envole sur les crêtes

l'énorme peur du dehors et du seuil 
l'indéfinie peur à la porte l'anonyme peur à la fenêtre
 
la possibilité d'un naufrage quelconque 
l'idée d'une vague plus forte m'emportait jusqu'au rocher
toute la sagesse visait le silence de vouloir périr
et l'angoisse m'emprisonait dans ses bras
sur la pierre du quais

un jour j'ai commencé à écrire mon livre des passion pour me transporter 
au-delà des livres et des passions
je suis partie dans une langue plus étrangère et plus chaude que ma bouche
pour m'apprendre le sens de voyager sans peur  



 

Thursday, August 8, 2024

Laeta Scientia: Fröliche Wissenschaft: Um Triângulo Vital

 

Quando chegou "A Gaia Ciência" ao corpo inquieto das nossas mães?

- A minha mãe começou a ler Nietzsche em francês num cais do Sena. Exercício de relaxamento mental de domingo à tarde, quando o tempo parece infinito. Ainda não era mãe: foi muito antes de gerar vida e dar à luz. Era então uma pós-adolescente viajante. Mas essa leitura pertence à lenda da nossa formação espiritual.

No diário dela, escreveu: "Deverei re-abençoar-me cada manhã, sob a furiosa alegria de re-nascer, através da energia-matéria psicofísica da luz em mim: 'Em nome da Mãe-Poiesis, da filha Metáfora e do Espírito Simbólico'. Trespassa-me, transborda-me, transporta-me o sentimento singular de gratidão maior-do-que-eu por aprender a amar o presente e a sua criatividade a cada instante excepcional."

Lê-se, depois, uma citação-paráfrase com uma caligrafia de júbilo: « Je dois me découvrir moi-même et créer un idéal propre. ... Je veux devenir celle que je serai - la femme nouvelle, unique, incomparable, celle qui se donne ses propres lois, celle qui se crée elle-même ! » (Le Gai Savoir, § 335)

- A minha mãe diz que entrou e repousou na primeira estação Nietzsche, "A Origem da Tragédia". Creio que ela praticaria outra bênção trinitária. Diria talvez: 'Em nome de Pathos/Paixão, Fobos/Terror e Ananké/Fado, quero escrever o Poema Trágico da minha Vida como um escudo de aço e granito onde meu coração se abriga e se salva, entre taquicardia e hiper-taquicardia, mil cavalos soltos no vento'.

O que pode significar esta auto-bênção ou auto-evocação da vida à vida no interior da consciência sensível, a consciência das feridas dolorosas?

É preciso fazer sentido com intriga, drama agónico e personae mortais... Estamos terrivelmente perdidas e só a Arte Trágica pode desenhar um mapa sobre o caos deste chão absurdo que é a terra dos vivos sem redenção: um mapa ideal sobre o real, como uma grande jangada sobre as águas. Quando as águas estão calmas, a tua jangada parece um chão habitável. Quando as águas se alteram, as cordas dos troncos da jangada gritam, uivam, resistem com todas as fibras - até que explodem...

- Sinto nas nossas mães uma fascinação pela Estética da criação. Eu aproximo-me de Nietzsche por outros caminhos. Sinto outra brutalidade simples no meu Nietzsche que se pode sintetizar numa espiritualidade elementar: "Em nome do ar, do fogo e do sangue, amo esta Vida-em-mim, aquém-e-além-mim, aquém-e-além-minha-tristeza, aquém-e-além-minha-alegria."

- Pareces-me mais metafisicamente nietzscheana do que as nossas mães. Por que segues Nietzsche até aos elementos? Mas, antes de tudo, não compreendo por que lês Nietzsche: tu, uma mulher viva, livre, desejante. Porquê ler Nietzsche? Não te inibe a leitura, nem te repugna a incorporação (Caveat: Toda a leitura é uma incorporação!), o seu naturalismo, darwinismo, germanismo, misoginia, proto-fascismo?

- Não sei explicar como a minha apetição de leitura atravessa essas correntes contrárias ao meu Desejo e à minha Capacidade de viver... Sou talvez mais capaz de abstração e de metabolismo do que imagino... Penso nas forças criativas de Lou Andréas-Salomé e de Simone de Beauvoir... As vidas são obras-primas inimitáveis para contemplar e aprender conexões entre história e biografia. Porquê Nietzsche, mais do que Kant, Freud ou Marx? Porque, na minha incorporação anti-nietzscheana de Nietzsche, sinto uma certa paz nova de alma pagã, mas pagã pós-religiosa, no limiar da fundação: quando uma nova sabedoria propõe outra língua e outro rito entre nós. 

- Quando Freud explica o êxtase-destino do Desejo, sentimos imediatamente o horror da carência, da angústia, da ilusão... e a inevitável perda futura. A clínica do Desejo é uma pedagogia para o ascetismo?Se o Desejo tende para infinito, o medo repressivo acelera e ultrapassa o Desejo. Se cresce o Desejo, cresce ainda mais o medo. Talvez a minha leitura-Nietzsche signifique um sinal de paz sobre o infinito do Desejo, uma paz-sem-medo. Desejar-me criadora: desejando-me quem serei, ainda incógnita futura laborando, fermentando, viajando, mas já agora e sempre sem medo de desejar.

- A maternidade feliz das nossas mães é uma declaração existencial anti-nietzscheana. No fundo de tudo, desejar-se criadora transcende o escritório ou o atelier do ego genial na sua virtude estudiosa das origens exemplares e fulgurante de Novo. Desejar-se criadora é o processo plural da geração corpo-a-corpo: intensidade musical de Eros e a dança nua com vibrações íntimas... Acontecem poemas de carne viva, poemas intercorporais de terra e fogo expandindo vida neste mundo... 

- Nietzsche não conhece nem reconhece o erotismo da maternidade. Não sei se alguma vez imaginou dar vida e ser dom sexual de vida. 

- Paradoxo de vitalismo com Eros estéril... Como seria Nietzsche no seu labor erótico? Seria capaz de perder os sentidos na vibração de corpo inteiro? Ou estaria numa fixação pré-genital? Ou numa genitalidade sob controlo anti-gerador, sob qualquer disciplina (por exemplo, coïtus interruptus)? Não há em Nietzsche a loucura feliz de Eros materno.

- Um Ciência Alegre da vida oferece uma Arte Erótica do dom.

- No fundo das bênçãos da nossas mães, há outro triângulo antigo que mostra a força unitiva dos elementos: Mãe-Eros, Filha-Flor, Espírito da pele nua. Eros, a verdade mais vibrante, penetra todas as sementes "em nome de Mãe-Poiesis, Filha-Metáfora e Espírito Simbólico...; em nome de Pathos, Fobos e Ananké...; em nome de ar, fogo e sangue..." 

 

Wednesday, June 19, 2024

Plantar o coração na montanha de uma ilha vulcânica?



melancolia acontece certas madrugadas em que desejas viajar...
pensas talvez: Onde plantar meu coração esta primavera?
Poderia plantar meu coração na montanha 
de uma ilha vulcânica 
e esperar a chuva?

a carne selvagem do coração não tem raiz 
não é plantável em nenhum chão deste mundo
o Inquieto animal que não sabe explicar-se
o Turbulento animal que não sabe conter-se
o Errante animal que não sabe confinar-se
Onde vais?
Onde irás e de onde vens ofegante
procurar a Paz 
que não há nem houve nunca em nenhum
músculo de nenhum animal sobre o chão 
deste mundo tão obscuramente vasto
tão indefinidamente estreito?

(sei que és o tigre nadador que cruza rios e lagos
e outras veias navegáveis pelos metais líquidos escorrendo
dos altos fornos de Inscrever o Código capaz
de capturar a tua respiração um instante
uma hora uma era) 
 

Friday, May 17, 2024

Mar Alto: Navegação, Naufrágio, Natação


 Amor inventa bússola com raiz magnética 
boca-a-boca
na Lua Nova
Navegação Naufrágio Natação
uma noite plenamente
fascinando a terra e sua órbita de carência
meu peito de pássaros

Invenção do Mar Alto
fascinando as ruínas os braços expectantes
uma noite plenamente
nesta terra península ilha jangada
meu tronco em natação por dentro do Fundo
inscrevendo os infinitos rios do Abandono Passado

Desejo um cavalo transparente teus olhos
teus sonhos nos olhos murmurantes
espuma boca-a-boca: somos mais sonhados do que vivos

Palavras com alfabeto de silêncio
beijando espuma nas ilhas do Pacífico
espuma boca-a-boca espuma
 
Navegação Naufrágio Natação
respirando por dentro de Nada  talvez Álcool de Deus 
espuma cercando o fogo cercando a pedra o coração
esta Hora de sangue e água fervendo analfabeta 
com nevoeiros vapores de Cantar no êxtase

Amor inventa uma brisa 
advindo tropical do Sul imensando o Mundo
imaginamos a vida inteira cantando
numa concha aceitando a ignorância de Poesia
concha com voz de harpas na infância
 
linguagem infinita dos Nascentes por dentro
pássaros boca-a-boca em Mar Alto: somos sonhados nas águas

Navegação Naufrágio Natação: é meio-dia-meia-noite
na espuma dos verbos delirantes do Amor
Paisagem de Aflição em Mar Alto
Amor inventa agora as Loucuras Futuras as mais Urgentes

Wednesday, May 15, 2024

Love Against This Formula: S = k log Ω

 


when my universe infinitely tends to omega
its fibers expanding and dissolving and cooling off
my broken flesh floating 
dust of ice

Love remains the only force
saving the temperature of life

(You shalt love above and beyond the Formula of entropy
You shalt love against the disorder of nothingness)

Wednesday, May 1, 2024

Imagino os caminhos: as flechas do tempo futuro


as flechas do tempo futuro são o inteiro drama da história
as ideias-supra-desejantes: Imagina os caminhos 
e ama essa imagem como o rosto-mais-amado

Imagina e ama dia e noite com igual paixão 
sem cuidar de temores nos confins da sede
e essa vertigem de perder o Oriente dos sentidos

Ama essa Imaginação clamante-por-ti 
no espaço-tempo futuro

Amarás o caminho como amas a própria vida
mais do que a própria vida

as flechas do caminho dentro do meu Desequilíbrio: 
movimento de translação-por-Ti

Quem sou-eu-para-Ti? 
Quem serei eu-para-Ti? 


(há sempre aceleração absurda na Atenção de Amar
na ignorância de pré-sofrer o Fim - a qualquer instante
na expectativa muscular de pré-sentir esgotar-se a força)

Monday, April 8, 2024

O Amor Noturno das Ruínas


 a música enche o tempo: o Princípio flutua no ar

oscilam vozes nas escadas. subimos as pedras. cada degrau emite outro murmúrio. subimos. demoram-se as mãos apaixonadas entrando nas guitarras aéreas que voam descendo do incêndio no telhado. subimos mais. sentimos melhor as guitarras livres na vibração das paredes e do chão. 

dentro do amor noturno, a viagem indefinível: o sonho da passagem entre cosmos.
cada Princípio é Princípio futuro: matéria fascinante no ar, como se chegássemos à-beira-mar tropical por uma gruta de montanha Ártica.

dançam órbitas excêntricas de coração aberto muito ardentes
a música enche a casa de festa quase em ruínas há séculos
a música é a linguagem do amor noturno 
sombras transparentes    

Friday, March 1, 2024

Pleno-Vazio: melancolia no solstício do círculo polar ártico


 

o Vazio é uma abundância transbordante... 
o Vazio é o lugar de Poesia

(o meu lugar e o meu pão quotidiano são o Vazio em-plena-Poesia
onde o Fundo toca no perigo de vida-e-morte)

o lugar de Poesia

o Vazio tem a ternura furiosa de Poesia



(NB: pinturas de Nuno Miguel Proença na exposição "Em pleno vazio", Lisboa, fevereiro-março, 2024) 

Vazio-Pleno: pássaros nas minhas raízes


 Se toda a Phantasia fosse 
o Programa-de-Eros poemando Kosmos?... 

Todas as raízes vivas 
seriam pássaros livres
cada vez mais

diagonal do Transfinito... 


(NB: pintura de Nuno Miguel Proença na exposição "Em pleno vazio", Lisboa, fevereiro-março, 2024) 

Wednesday, February 28, 2024

à l'intérieur des arbres il y aura des catastrophes


à l'intérieur des arbres il y aura des catastrophes

peut-être des sources, voire des incendies

un parfum de cendres et de peur indéfinie 

puis, des fontaines sur le désir ou besoin de sentir

le monde entier


(secrètes fontaines rouges sur le monde entier

ou fontaines pourpres ou fontaines de sang foncé mais très frais

secrètes fontaines de terre eau air feu)


tu peux boire ma peau jusqu'à mon coeur: poitrine ouverte

il y aura des catastrophes, peut-être des sources

puis, des fontaines sur le désir ou besoin de sentir

l'amour entier


(de secrètes fontaines rouges où se dénudent les inconnues

catastrophe-x sur mon coeur rouge 

catastrophe-y sur tes lèvres rouges

catastrophe-z sur le noeud rouge: mon coeur saigne dans tes lèvres)   

Monday, February 26, 2024

Sunday, February 25, 2024

Absolute Monomania: The One and Only Idea: To-be-Loved


a panic attack 
seizes the flesh of this world: horror 
of the void 

the void of not being loved seizes the Idea of being-not-being: am I?
am I fully loved in full sun?
am I fully loved in the tropical archipelagos of life?


(Am I loved? Are you loved? Has anyone ever born out of love To-be-Loved?

What is being loved? Why is being the furious necessity of being-Loved?)