Saturday, March 28, 2020

L'aube du pont-mémoire


sur l'aube du pont-mémoire
ici la question du Chant
qui doit-pouvoir-accompagner-Tout

le Chant pardonne sa question: 
qu'est-ce qui monte du fleuve vers nous?
qu'est qui s'arrache du Dehors-en-nous?
qu'est-ce qui se chante et s'occupe de nous?... comme si
frémissant de nouveau d'Ignorance
attendant sur l'aube jamais vue
 la Chose-du-Jour
comme si Chose Aucune du Jour Dehors
ne saurait plus l'ampleur du corps
nous-Désirant-nous-obligeant-à-réunir

Le Chant se soucie de nous depuis la Promesse
un rythme se détache de nous
Dehors-Devant-Haut notre corps profond
Comme si Rien du Tout en nous
sauf la paroi verte du printemps
ne saurait plus rappeler le Rouge intensément

qu'est-ce qu'il y a Dehors au bord du Jour?
qu'est-ce qui bouge vers quelque Chose Dehors
un mouvement un moi qui désire autrement
défier l'air intérieur
éloigner le vide
vibrer le pont-mémoire sur le sens du vide

peut-être Musique germerait Ici
jusqu'à ce que l'horizon Ici sème Comment

tu peux encore tenir
attends. poursuis ta Présence
supportes le corps-sur-poème-sur-musique

le pont-mémoire fuirait la ville pour mieux respirer le rythme de l'aube amoureuse
soigneusement amoureuse du Dehors

tu peux encore tenir 
attends. saisis le corps-poème-musique
l'origine qui demeure
l'inextricable qui te met au monde

le pont-mémoire délivre l'aube pour mieux sentir Dehors

le pont de l'aube est l'impulsion sensible qui ouvre la mémoire du côté du jour... 
Dehors...
tu as la flamme et le temps du combat
qui appelle le rythme du soleil
ici soleil écrit son poème
pour mieux respirer
hors de moi-même vivre

quant à la brume du coeur qui entoure la force créatrice, que sera-t-elle devenue à midi?
(y aura-t-il midi?) 
(une plage à midi en moi-hors-moi?)

la mémoire du pont n'a jamais eu mal que 
par Folie, par ardeur de Folie au moment où
l'aube crie ouvertement sur le pont
l'aube crie 
imprime son cri 
enracine son cri comme si en danger
Dehors pour mieux m'appeler
Hors moi-même Vivre...  

Thursday, March 26, 2020

Poesia para Respirar Melhor


A Poesia respira plenamente
(cada Poema uma Obra de plenitude em Respiração)

Imagino pássaros nos ramos mais altos do mundo
Imagino como sentem o sopro da Poesia no sabor do ar
 mais alto
os pássaros chamam o Mar-em-nós para ser sabor 
Sabedoria e Vigília de Sabedoria 
e Vigília mais vasta do que o Caminho
o Mar-em-nós sabe acalmar a ebulição do Nada

A Poesia respira plenamente 
uma simples Vogal-de-Vento tecendo um Silêncio-de-Vento
para Cantar melhor

Imagino pássaros que sentem os confins do Deserto
Imagino um pássaro novo com o Desejo de acalmar a febre
o Desejo Novo 
cruzando a Sabedoria da pomba e do falcão

Entre os ramos da árvore do mundo respira Poesia
respira Fábula e vogais sagradas da Primeira Fala

respira Poesia respira Ideia-de-nascer 
com espuma de Mar-em-nós
 plenitude de espuma que acalma a febre

É nascer de espuma a terapia de Mar-em-nós
(contra os tambores metálicos de Nada-ao-Fundo)

Entre os ramos da Fábula de Nascer
chamam pássaros para o Azul-Onde a Poesia respira
repousa e respira plenamente  

Os pulmões crescem dentro de Poesia
Azul-Onde respondemos aos pássaros que chamam
insistem chamar o Mar-em-nós

O Canto do Mar nasce na Respiração do Azul
(ou Ideia de Azul se a hora for de trevas)

O Mar canta a Ideia de Azul tecendo linhas de espuma
para viver melhor-em-nós o Ritmo de Respirar 
Ritmo de Poesia e Onda-de-Sonho

(tantas palavras ditas à Noite confundem a melodia
com um banho Obscuro antes de adormecer. 
Mais vale outra Linguagem e outras vogais 
para cantar sem texto)

É uma Paz sonhadora que sobe aos ramos mais altos
na árvore do mundo Onde-Azul a Poesia respira
abrindo o Vento-do-Mar-em-nós
o sabor da Ideia de Paz
o sabor que deseja Poema-na-Boca 
o sabor que deseja Há-tanto-tempo 
é Poesia a Autora da Respiração mais livre

(às portas do Deserto, padecer nos confins.
Mais vale outra Linguagem e outras vogais 
para cantar sem texto:
Pura Poesia para Respirar o Desejo livre
o sabor do Desejo livre
o Mar-em-nós)

Sunday, March 22, 2020

Power-of-Dreaming


when i am not the one i mean to be
when i am sad or confused or lost or just-me-not-me
i go to the mountains 
or i dream of going to the mountains

and i go bare chest bare feet bare eyes
and i touch the ground of the mountains above higher ground
above those hoods and those springs we know of
and i touch another geography of thirst and fruits we know not of


and the power-of-dreaming-of-going-to-the-mountains
saves me of me-not-me
merges me into me-as-You 
and the new Nudity of Becoming that Relation begins 
it flows from my dreaming-of-going
bare chest bare feet bare eyes
and i can see my sadness and confusion and loss as me-not-me
as other places in need of our touching

Tuesday, March 17, 2020

Ponte Noturna


A Noite é imensa e tem muita sede e flui dentro de pássaros e flui como um rio A Noite filha do Kaos filha do Vazio A Noite toca na flor do tempo brinca com as pétalas do tempo A Noite é o perigo e o mel do perigo e o beijo do mel do perigo A Noite é a Sereia Infinita com o Vasto Canto que seduz e seduz tanto todos os músculos que perdem a ligação à voz
A Noite é onde é quando é como imaginamos todas as bocas do corpo a beber furiosamente todo o corpo A Noite tem ao fundo da sede as sensações contrárias A Noite promete o Dom do sonho permanente mas uma sombra de veneno e uma sombra de medo de veneno ataca o poder-de-sentir
A Paz da Noite é uma esperança inquieta A Paz da Noite é a inquietação que cobre o cabelo e inunda rosto e desaba sobre a profundidade de meu corpo sonhador A Noite trava acelera confunde os motores profundos do meu corpo sonhador A Noite filha do Kaos filha do Sono ondulante A Noite está sempre pronta sempre armada sempre com o seu golpe iminente capaz de ferir a Coragem dos guerreiros que saem a gritar e entram a gritar pelas curvas da Noite Os guerreiros gritam contra os ventos da Noite gritam para esquecer o medo a densidade do medo esse óleo tão antigo que ata e desata o corpo inteiro esse óleo penetrante do medo onde se banha o mundo ou o sismo do mundo quando começa a hora da espada e do sangue A Noite derrama a solidão pelos quartos da cidade e interroga quem se aproxima do vidro com seu canto de Sereia Infinita entrando na minha boca rendida mais rendida do que uma ilha subitamente submersa A Noite filha do Kaos atravessa-me líquida Não compreendo nada desta Matéria que subitamente submerge as ilhas e dilacera as mãos dolorosamente sós
A Noite filha de Kaos filha de Infinito Kaos promete Paz com o Canto da Sereia Infinita 
A Noite constrói uma Ponte de Vento até ao peito originalmente feroz dos homens o peito das memórias-lâminas incansáveis memórias-lâminas com movimento perpétuo O peito desses homens toca no silêncio da Incerteza filha da Noite filha de Kaos filha da Plenitude Infinita de Kaos: como se chamam todos os pássaros? 
Esses homens do peito originalmente feroz agora rastejam exaustos sobre destroços de pedra que antes era chão-de-mundo, porque o chão era uma crueldade para o Vulcão-do-Mundo. Não acredito na solidez do chão-de-mundo que oculta a liquidez do rio e a sede interminável da Noite filha de Kaos, inquieto espaço de viagem
Não acredito na pedra do chão-de-mundo que cala a Fonte-em-mim e me ordena para que fuja de mim mesma... Na fuga cai a Ponte. A inacabada Ponte e o inacabado Texto de Amar-Te. Tanta Claridade abrupta.
A Noite constrói sempre outro rio para a Ponte e destrói sempre outra Ponte para o rio
A sede terrível do coração explode pedras, procurando e fugindo algo-alguém, nada-ninguém, confusa pela melancolia de um acidente, prostrada pelo peso de um pânico
Que vertigem é esta? 
uma alegria alucinante uma onda transparente que se apaixona pelos sonhos dos pássaros noturnos
Que vertigem é esta?
não compreendo nada do corpo gerador que anoitece abrindo a porta
Podemos dizer: a Noite é quase tudo
Compreender a Noite é Caminhar-em-mim-própria 
enquanto o luar lancinante invade a ânsia
sou toda sou inteira a avidez de um voo
Sou a que chora sem saber porquê
onde desaguar onde acender o Rio-Mar
onde devagar a ternura desenvolve pétalas em chamas