Sunday, November 29, 2020

O fluxo do coração-em-Segredo


o fluxo da criação
vem 
no silêncio do princípio 
vem 
todos os rios correm no Fluxo aqui
sangue e água no coração-em-Segredo

desejar amar fazer 
neste mundo neste corpo nesta hora
enquanto há

inspiração matinal de Sol Absoluto
no mais íntimo lábio da alegria
 vem-para-Nascer-Aqui

o fluxo é a criação do movimento
os cavalos e as crianças correm para nascer
esta manhã faz Sol no Amor

o fluxo é o útero do coração-em-Segredo
procurando o Mar 
boca-a-boca
o Mar Absoluto inspirando o Sol Absoluto
Primeira Manhã
Primeiro Amor
Faz Sol
Absolutamente

o Dia nasce no Sexo do Princípio

um fluxo deseja voar dentro do Dia nascente
 
a montanha do silêncio da manhã sofre a paixão do fluxo
 
a evidência da força de amar sofre a matéria dos corpos

o fluxo como que sangra 
alegria mais íntima do que Sexo do Princípio
como que sangra
procurando o Mar Absoluto do mundo
inspirando o Sol Absoluto  

o fluxo realiza a terapia matinal do Desejo
procurando o Mar Absoluto
a matéria dos corpos
sangue e água
coração-em-Segredo de espuma

o meu Coração-em-Segredo 
gera o fluxo 
procurando nascer 
a força nascente  

Tuesday, November 17, 2020

Respiração no Princípio do Mundo


 Aqui face-a-face
a nudez plena 
face-a-face
na Origem da Era da Pele

os meus olhos no teu rosto
o teu rosto no meu peito
o meu peito nas tuas mãos
as tuas mãos nos meus ombros 
os meus ombros nas tuas pernas
as tuas pernas nos meus braços
os meus braços nos teus joelhos
os teus joelhos nos meus ouvidos
os meus ouvidos nos teus pés
os teus pés nos meus cabelos 
os meus cabelos nos teus dedos
os teus dedos nos meus lábios
os meus lábios na tua Respiração

Isto é o corpo no Princípio do Mundo
o teu corpo na minha língua
a minha língua na tua boca
a tua boca na minha Respiração

Face-a-face somos outro Sopro
o Sopro sempre Capaz de outro Princípio


Saturday, November 14, 2020

O Fio de Ariane no Labirinto


 O fio de Ariane liga todo o corpo ao espaço, todo o corpo ao movimento, todo o corpo à Possibilidade.
Na vertigem do labirinto, no perigo do monstro e na angústia do confinamento, o fio de Ariane explode Sol no centro do labirinto.
O fio de Ariane liga todo o corpo ao espaço livre.

O mundo pode acabar a qualquer instante. 
Uma semente pode começar a qualquer instante.
O fio de Ariane liga o corpo às Possibilidades, 
capazes de Incógnitas, a qualquer instante. 

O fio de Ariane é um silêncio que beija a Origem de Cantar, boca-a-boca.
Cada silêncio toca no chão e no corpo: na unidade corrente do fio de Ariane, capaz de desenhar a Palavra que abre outra Origem, boca-a-boca.

Na iminência do Fim do Mundo, a qualquer instante, devemos Cantar,
porque o Canto é o beijo mais profundo, mais Capaz de ligar Tudo ao Sol.


(Também na fúria do monstro no centro do labirinto pode adormecer e sonhar e nascer Outra Força, um pranto primaveril para compreender o milagre das sementes. Também o beijo do Canto mais Capaz pode ligar o Monstro ao Sol, desligando a Fúria do sangue na terra.)  

Friday, November 13, 2020

Sonhar durante a gravidez


 As mulheres grávidas sonham com muitos animais livres. Têm sonhos grávidos de animais livres, animais tão livres e tão libertadores que preferimos chamar animais selvagens. As mulheres grávidas são as mulheres mais selvagens de todas as mulheres possíveis, porque os animais selvagens sonham dentro das mulheres grávidas os sonhos mais-que-possíveis.

A minha mãe quando estava grávida de mim sonhava com tigres. 

Com que espécie de tigres sonhava a minha mãe selvagem quando estava grávida de mim? 

Ela sonhava com tigres vermelhos voadores, os tigres-falcões. A sonho imaginava e acreditava que a sua imaginação era somente memória de possibilidades selvagens. A minha mãe selvagem imaginava e recordava esses tigres-falcões que nasciam no Oriente quando as montanhas eram ainda jovens vulcões apaixonados pela música do fogo. Esses tigres-falcões ainda hoje, esta manhã, respiram no fundo de todos os pulmões vivos.

A minha mãe sonhava com bandos de tigres-falcões que compreendem a linguagem da infância e distinguem os sentidos de todas as modulações ínfimas no pranto e no canto infantil. Nas estepes do Oriente, as crianças aprendem a lançar tigres-falcões para o espaço livre de onde vêm os futuros. Aprendem também a pacificar as fúrias carnívoras dos tigres-falcões e dos futuros. Desde então, toda a minha infância tem sido um debate 

Os sonhos selvagens das mulheres grávidas alimentam os animais do futuro. Foram mulheres grávidas que sonharam a liberdade das sereias e dos centauros... procurando alianças entre animais livres...

Monday, November 2, 2020

The Psychodynamics of Solitude


 Never alone. Even when suddenly you believe that the stars no longer bear any fruit.  Never alone. Even when silently you feel the tears no longer nourish any flower.  Never alone. Even when interminably you hold sand and foam through the darkness... your breast blowing, breaking, biting, sweetly as the child of nonsense. You touch random storm and contradiction of freedom and stories of madness on the beach one night. You touch the omnivorous strength around my flesh. This is my most tender flesh.
You whisper within this Darkness of Fruits growing until the openness of moons. The throat of slaves happens here on the beach. You sing the madness within stories of madness, awakening young, new-born slaves finally capable of marching towards the center, the capital, something like Babylon, Rome or New York. The ferocity of freedom inhabits the green eyes of slaves, mixed blood of slaves, roaming groaning throwing forces, many forces, many powerful forces...
Never alone, Spartacus. The multitude pursues and promises and spreads out waves, within me, before me, the most ignorant and ferocious Princess... flashes of freedom.

Not a word, but the breath of a kiss responding here, open field, open air. Spartacus touches the lips of the Princess, the secret loves Darkness. The secret astonishes my heroes, my palpable place of birth, my self nothingness 
murmuring   praying   
enduring the God of Infinite Water-springs

I throw myself upon your solitude,  
my hope next to nothing in the river, forest, sky.
The mass of young naked bodies promises hope, 
emergency of hope, 
shining   chanting   shielding 
and our bare hands 
finally capable of making ourselves afresh.