Wednesday, February 29, 2012

Wildfire in the Dark Forest: the Geography of Love


a viagem da flor vai da pétala ao húmus. por vezes atravessa o fogo selvagem de uns olhos em busca de outros olhos.
há uma noite de longa viagem em que a memória do amor vai dormir para as altas copas da floresta tenebrosa. e é aí que recomeça o incêndio.
a força das chamas recorda a força das falésias onde o abandono vem desenhar o corpo vazio à beira-mar. as ondas recuam até àquela primeira vertigem em que bebíamos todos os frutos, tacteando o peito como o primeiro manuscrito. começando no peito a aprendizagem de outra língua. tacteando com a língua outros símbolos de pele. círculos e espirais com um fio de saliva próximo de enlouquecer. tacteando quase queimando. sem saber se há mais vida no fim da noite.

agora tudo sangra e dói. definitivamente.

Sunday, February 26, 2012

aroma de O.


ela foi ver o mar ao equador e aprendeu a geografia do sol e seus clamores e seus delírios. era o mês do trigo e da fúria ou apenas uma ideia de amadurecer e de pôr a boca na fonte.
ela luta corpo a corpo contra o espaço, contra o tempo, contra a energia da angústia. entrou no círculo dos seios desnudos. chegou tão nua. quebrou o cristal dos antigos impossíveis. escreveu um verbo: lutar em pleno voo, apesar das asas feridas. disse ou cantou: vou seguir os animais até ao equinócio da Primavera. tantas alegrias inacabadas. tantas paredes entre o Inverno e a Primavera. tantas plantações imaginárias. tantos ventos contrários.
no centro do corpo havia uma ferida com líquidos e combustões que ligavam o coração ao Azul, ao arco Azul e às falésias onde as aves marítimas se fundem com o Amanhecer. tudo o que ama pode fundir-se ao Amanhecer através das feridas.
ela encontrou a dura raiz do obscuro que vinha desde a infância. uma promessa nunca cumprida. o corpo procurava e perdia-se. havia o Azul único, o da absoluta intensidade na ideia de Futuro.
sonhou um equinócio. pediu tempo. tantas coisas. tantas coisas. tudo pesava demais para voar até à hora do fruto. aprendeu a nudez. voar nua, retirando energias do Azul, o único Azul, a contra-corrente de todos os rios. o Azul que vinha do tremor dos animais interiores. a Origem flutuante, o nome da madrugada que acaricia os seios. tão dolorosos. na sua sombra inconsolável. desejei morrer infinitamente. o fim de todo o Real. desejei o absurdo. todos os meus músculos eram contradições de Eros beijando Nada.
ou amor ou morte. todas as mulheres trágicas respiraram as rochas da Ausência, sem princípio e muito incêndio. lancei todas as sementes para Agora. a nudez dos seios. a vibração do princípio que vem e não vem. vem e não vem. acabou o pão, acabou a água. estou perdida. joguei tudo.

não faltará pão por caminhos longos e estreitos. o universo decidiu acreditar na Primavera. estamos salvos. se o Texto escreve a Noite inteira onde se desnuda infinitamente o Possível.
o medo vem desentender o amor. pode ser uma ferida maior do que as asas. cada madrugada tem o fim da Primavera. e a saliva transforma-se em cinza. se o silêncio inunda o desejo até esquecer que faz frio. tanto frio. a ideia de perder-se começa a sangrar pelos olhos. tanto medo de abandono. tanto aroma de nenhuma luz. mas tu acendes no sangue os sonhos. os frutos. tu acreditas na Primavera, estás salva.
agora sabes quase tudo da vida, sobretudo o olhar que desenha o equinócio. tanta luz, quanta treva. no mesmo corpo. que explode e não explode. entre muitos alfabetos de pele. no processo infinito da nudez. salvas o universo ao amanhecer. trazes a boa febre da Origem.

aroma de O.


ela foi ver o mar ao equador e aprendeu a geografia do sol e seus clamores e seus delírios. era o mês do trigo e da fúria ou apenas uma ideia de amadurecer e de pôr a boca na fonte.
ela luta corpo a corpo contra o espaço, contra o tempo, contra a energia da angústia. entrou no círculo dos seios desnudos. chegou tão nua. quebrou o cristal dos antigos impossíveis. escreveu um verbo: lutar em pleno voo, apesar das asas feridas. disse ou cantou: vou seguir os animais até ao equinócio da Primavera. tantas alegrias inacabadas. tantas paredes entre o Inverno e a Primavera. tantas plantações imaginárias. tantos ventos contrários.
no centro do corpo havia uma ferida com líquidos e combustões que ligavam o coração ao Azul, ao arco Azul e às falésias onde as aves marítimas se fundem com o Amanhecer. tudo o que ama pode fundir-se ao Amanhecer através das feridas.
ela encontrou a dura raiz do obscuro que vinha desde a infância. uma promessa nunca cumprida. o corpo procurava e perdia-se. havia o Azul único, o da absoluta intensidade na ideia de Futuro.
sonhou um equinócio. pediu tempo. tantas coisas. tantas coisas. tudo pesava demais para voar até à hora do fruto. aprendeu a nudez. voar nua, retirando energias do Azul, o único Azul, a contra-corrente de todos os rios. o Azul que vinha do tremor dos animais interiores. a Origem flutuante, o nome da madrugada que acaricia os seios. tão dolorosos. na sua sombra inconsolável. desejei morrer infinitamente. o fim de todo o Real. desejei o absurdo. todos os meus músculos eram contradições de Eros beijando Nada.
ou amor ou morte. todas as mulheres trágicas respiraram as rochas da Ausência, sem princípio e muito incêndio. lancei todas as sementes para Agora. a nudez dos seios. a vibração do princípio que vem e não vem. vem e não vem. acabou o pão, acabou a água. estou perdida. joguei tudo.

não faltará pão por caminhos longos e estreitos. o universo decidiu acreditar na Primavera. estamos salvos. se o Texto escreve a Noite inteira onde se desnuda infinitamente o Possível.
o medo vem desentender o amor. pode ser uma ferida maior do que as asas. cada madrugada tem o fim da Primavera. e a saliva transforma-se em cinza. se o silêncio inunda o desejo até esquecer que faz frio. tanto frio. a ideia de perder-se começa a sangrar pelos olhos. tanto medo de abandono. tanto aroma de nenhuma luz. mas tu acendes no sangue os sonhos. os frutos. tu acreditas na Primavera, estás salva.
agora sabes quase tudo da vida, sobretudo o olhar que desenha o equinócio. tanta luz, quanta treva. no mesmo corpo. que explode e não explode. entre muitos alfabetos de pele. no processo infinito da nudez. salvas o universo ao amanhecer. trazes a boa febre da Origem.

Há-de Haver


iam ver o rio para estudar a gramática passageira da Primavera...
ainda a linguagem desconhecia a mecânica dos seus verbos nocturnos...
ela disse. sou toda coração. era. agora penso na tragédia da viagem e tremo...

eram estudantes do silêncio, mas bebiam a essência do grito...
ela disse. estórias de amor com Nada ao fundo... a fome ancestral na melodia do beijo.
no livro ficou a vertigem do último cantar ou a aprendizagem da finitude... à margem das páginas, vivia o outro coração. um símbolo fechado no seu sonho. derrubado pelo mar.
rios que vão dar ao mar são sempre alguém que não volta... a velocidade do meu desejo sobe até à janela do fogo.
um metro cúbico de fogo em cada célula do meu medo de perder. aproximamos os lábios para a metamorfose que há-de Haver.

Saturday, February 25, 2012

floresta de somente talvez


troncos afirmativos quebrados de dúvida.
a floresta faz seu curso de silêncio
com as folhas a mergulhar em húmus
nas minhas mãos.

uma boca de vento traz talvez
a floresta para o meu rio interior.

talvez somente a ideia de respirar
a sombra e os raios oblíquos do amor
a espiral de amor com seus troncos quebrados
a dúvida a grande
que perdeu as estrelas com a manhã
e a tarde
e os pés desfeitos.

talvez dormir somente esta noite.

como se a última antes de algo.

a floresta clama por esta noite.

de pele frágil como se talvez somente.

queria muito encontrar-te nos frutos
a tua boca de vento a bater nas árvores
o fogo a descer da copa para o tronco
que clama por esta noite. como se.

Friday, February 24, 2012

otherwise than fruits


this forest burns otherwise than fruits.
it happens in crucial veins and roots. my vessel is still unmoored after infinite knots around my nakedness. brute and still like the marble of that instant when Eros kissed Psyche on the mouth. without asking nor answering. the hands on the breasts and the lips on the lips. marble and vapor. the perspiring of the fruits and their burning far from the forest in crucial veins and roots. originating in the text of my uncreated river. you are fragile until your nothing blossoms. spring will also be fragile. how ought I to touch the breasts? with a spark of cosmic fire...

Thursday, February 23, 2012

full evasion


desire is a pack of terrible wolves well anchored in my muscles. hungering for flesh.

and their forest is the disquiet body of mine beyond. the stream beyond. where the night becomes a wave of mine. empty sky and bursts of flames descending into ashes through crucial future veins.

my belief of mystery blows fresh clouds against the dilemma that opposes ecstasies to rivers. Let me have a thunderstorm like a distant infancy when the fruits lived together without snakes. they become women who enjoy wandering in the garden. smiling through warm breasts of milk and tears. they smile wawaiting for a different moment of the moon. at the height of fever, trembling, love. the world opens the future veins of the tragedy. and in its paralysis there is a rose pumping blood. a naked rose on a horse in pursuit.

you cannot eat the forest and the wolves and survive. three nights sleeping like a baby or a bull. I saw love denying room to the question I am.

a rose is a rose is a rose without place without bouquet. nothing but the denial and the inclination. night blossoms maybe. I love the shadows of the violent concept of Nothing. you are roses in the cold

Tuesday, February 21, 2012

no tears for a dead love


no tears for those ways. seldom true. if you cannot confide a landscape of flame. red flame as I climb ash and blood. and silence was the only recognition of my love, half burnt half dispersed. love do not weep for you do not know the truth of it. so seldom must you mourn and cry for the love you expect late. an enormous night arrested between my abondoned clouds.
I must not mourn nor cry for unbodied waves of longing. it is seldom true. this is only earth and clouds of displaced ecstasies. you pass, you disagree, you caress, from blue to red, from red to blue. darker than the Origin when time was a fruit tree. the idea of a baby breathing against the forest. darkness intervenes for two months, while the story speaks of slaves and their tortured flowers. the sigh offers no escape through the lungs of love. you cannot breath these knots of flesh that will be my song of water from the muscles of slaves. you believe in the sword you shall die by the sword. keep dancing and wrecking the green powers of rebirth.
Yesterday the sun struggled with my tongue and my music was lighted by acid lips and wounds... destruction moving through drums and seashells. the feeling of departure flows and comes to me. I almost touched the traveler of my dream full of horses staring a battlefield. they enter like wind, depart like smoke, surrounded by infinite layers of sleep, red of angst, blue of nothing.
the landscape unveils. you come to the forest looking for someone else. and a tree shall explode to avoid a false melody line. you shall remain nameless. I recall the sound of your art of crying and divide the summer and winter. there was a full excess of fragile birds returning home and learning me to breathe again. but this time is finished... all lack a body...

Wednesday, February 8, 2012

longing for desert


he or she was longing for desert, for the life-defying sun rays, through every bodily tissue as a deadly passion.
he or she would not return. ever. in quest for the desert. there is no absolute encounter. nor fulfilment of the longing. much longing, no fulfilment. the vaster longing, the deeper desert.

One day, in quest for the desert, and without return.

the dream spreads swiftly like a final wildfire. Afterwards, the dream rains heavily like a final deluge.
and the dream dreams the dreamer, through every bodily tissue. my dream is a very primitive animal, with massive jaws looking for primitive flesh.
I cannot scream from within the dream or the animal. the open mouth of the dreamer cannot scream nor yell as a primitive force should do...
you might not care but you do care and your skin burns in quest for the desert, without desert... you have plenty to loose. the more, the more.