Thursday, September 27, 2012

autumn in the womb

it's autumn in thy womb, Lady of Silence and Waters. It rains across your womb, Laby of Blind Fever. I am against while it blows alone, abroad, where woods of flames perish. your skin howls and whines, here, in the watery hours of naked timber, my limbs, undone, like grains into humus. the path, the footsteps, the broken tongues, uncreated breath, it rains overall. corpse is not the field where. do not weep, Lady of Autumn-in-me. do not weep but speak of leaves and call for birds that persist longer than the poem

ninguém dentro da flor

ninguém dentro da flor fala de morrer. mas eu morro como a flecha de Deus rasgando o fundo do medo. sou inquieta e transpiro de interrogar-me sobre, contra, através, desde. todos os animais vêm lamber os meus lábios cortados de sílabas incriadas, inertes, de tão incógnitas de mim para mim. estranho é o fôlego da rosa no meu útero trémulo de não-gerar a contra-corrente de ser-rio e arder sem-leito. sonhei com lobos que me comiam e que eu comia numa mastigação recíproca, além-melancólica. conto-te a história de uma nascente que secou até ao sangue. arrepio-me de dizer. eu entrego-me aos animais com a cegueira explosiva das labaredas e das lâminas. não há animais bastantes para morder inteiramente a minha carne. num instante compacto de vibração e de choque. todo o húmus da pele se transsubstancia  em energia e halo. sou o perigo do corpo fluir completo em espuma e vapor. invento o sentido carnívoro da atmosfera e expiro dentro da saliva de Deus, Tu, ó Cântico de Ar, Instante onde sangra e exorbita toda o apocalipse, coração inexplicável que bate mais depressa do que viver. sinto banhar o tempo na minha dissonância. nasci Contigo, no texto que não sabe rastejar longe da lua. a Tua mão é. a hora bate no tambor dos símbolos. amo-te até à fruta madura. e mordo o tronco de alegria 

Wednesday, September 26, 2012

fome bruta

a boca come a boca. tu comes-te. a fome come-nos, mulheres cruas. comemo-nos da placenta ao cabelo, da pétala ao espinho, escorremos na ideia de fruto. ardemos do hálito até aos ossos. e o rio bebe a nossa confusão de Desejo e Carência.