Wednesday, August 3, 2011

necessidade de montanha


a montanha aquece os pés de porquê.

vem vermelho íntimo pousar na língua.

os espíritos que esse sangue de montanha envia ao cérebro são densos e agitados como os teus braços futuros que são ventos muito subtis em torno de todos os meus músculos. também os mistérios têm ramos e pulmões. penso como os teus olhos ligam tudo a tudo. desde a veia cava até à espuma de saliva que contorna os lábios do vazio, da vigília, da ideia de amor de ainda

inteiro é o fogo: a única fonte de luz que conhece o caminho da cinza ao cristal. transmutação nocturna que consome desde o começo até ao fumo.

a lua engendra montanhas que se alimentam do fluxo e refluxo das minhas ânsias.
desenho crateras com pó de palavras que caiu mais pesado que todos os corpos quebrados desde a primeira contracção até à dilatação da pupila.

querer no futuro um certo bater do pulso
um sinal rubro da passagem de chamas
longe do vapor das lágrimas

encontrar-se


procuras há muito o que não encontras.

esqueces a perda.
e acabas por encontrar sem procurar.
o que procuras vem encontrar-te em repouso de busca.