Monday, June 27, 2011

sofrer porque


a falta de uma certa metáfora alada feminina dói-me
sabe-me a passar fome
porque a névoa é lenta
e os medos flutuam

acontece-me muito deste sofrimento absurdo apesar do abandono onde estou
abandono
essa palavra à beira-mar que ondula tão cedo na astúcia das carícias antigas
depois a noite com o dom de sonhar
e seus hieróglifos
e seus palhaços
e suas luas a ler-me porque sou desde amanhã no início
porque vivo e escrevo sombra para desaguar no seio do moinho de vento
imersão no teu nascimento alado e feminino dói-me
uma alegria contra a pele
tudo quanto
porquê

amanhece outra linguagem
alguém ainda chora num quarto escuro

Sunday, June 26, 2011

eyes and tongues


.your disquieting dawns. I ask nothing of dawns.

I have imagined your dawns from all angles.

And all angles veil the wisest silence.
return to the ground. first doves unbound.
nakedness.

prepare the wind.
bittersweet tongues and intersections of ours.
weeping at the fountains were moons agree. passionately.

texts of unrooted oblivion rise at confused times.
I refuse to forget you.

Saturday, June 25, 2011

waist


imagine wartime letters from blood to blood translating skin into skin
at distance
most painful waves

and you within my flesh for your love
you green nocturne arch green water overflowing
you are still a burning waist in the dark
burning and climbing while birds inhabit dream
my effort alone
wounded absence climbing my waters
for mountains exist
there is no love under fear

the mountains are breathing nearer and nearer inside my forest of infinite springs

Friday, June 24, 2011

tempo


água constante sobre as páginas dentro da carência que sobe todos os degraus até à lição final

aprenderei os dias insolúveis de monólogos desde a primeira à última pedra sobre os pés

o horizonte pesa na boca a partir de zero e a partir de todas as vogais em que nada ferve senão a ânsia de...

Thursday, June 23, 2011

estória

portanto, diz o céptico que o amor é uma estória ou uma cadeia caótica de malentendidos insolúveis

acrescenta ainda que descrê da estória quem conhece a matéria-prima das suas tramas irreais

falta ainda o céptico compreender-se a si próprio quando afirma e infirma a possibilidade da possibilidade

Creio e quero que seja logicamente necessário haver Possíveis

transparence: hypothèse heliocentrique

le soleil est opaque par excès

les transparences possibles gravitent autour


le possible enveloppe le réel
le réel enveloppe le nécessaire
mais reste la non-coïcindence
le possible non-réel
le réel non-nécessaire

y

one none you the burning verb under my tissues

you one none the final verb behind the opaque

borderline

someone left alone in the midst of voices

many voices crossing those lines within
as many lives within a blasted body
lost hands on a cloud or rock within

a return to the edge imply walking until after unknown

Wednesday, June 22, 2011

seconds & barriers

infant skin filled with pure questions hurting other questions
and silence struggling

the story betrays a circle of myths and traumas

and she beats her seconds against some bones and muscles of hers
her chest and limbs tremble
again at the extreme beginning

I don't want that excessive night to happen

Tuesday, June 21, 2011

agitação da corrente entre os lábios.

a força queima o silêncio a ferida o desejo.

não toco o fogo quando ao longe ou sempre que.

o vazio até e quando.

Monday, June 20, 2011

vertigo

illinx or dance through that rope
seizure or spasm in the marrow of air

agon or the extent of injury through those sands
love without dawn interlaced without recovery

alea or the first landscape where get loss and found
through an introduction to solitude

horses come
angels of flames at war
wage war against my very veins
devoured veins by yours to come
come as horses come without dawn among skies to come
to come as a nude but not a nude

the pure fire of my longing for
the moon knows not for

l'Un n'est Pas

l'Un n'est pas.
pas encore. un. l'un.
encore pas. un. l'un. pas. encore.
un pas encore. pas un. deux. tus. toi.

pas vers l'Un n'est pas. c'est deux.
sera. deux. depuis que pas encore.

Saturday, June 18, 2011

vinda


vem depois de tanto nada que nem flores. sobre a linha do precipício colherei a vertigem para sempre, se as mãos tiverem o grito exacto da aproximação que liga as fibras íntimas. Depois, vêm as pétalas que originam desde antes.

também as conchas vêm depois de muitas luas a trabalhar o mar.

tudo o que vem depois chega do lado de quase. cair quase. voar quase. quando for quando. o porquê de depois faz desde. donde. falta corpo no tempo.

vem depois de perder os sentidos. começa depois. diz que vem. toda a palavra diz que vem. algo tarda porém. chamo lábios à demora que parece fissurar a porta mais sensível. vem depois ser outra coisa que já não ou que ainda nunca.

nem sequer as flores imaginam o quê.

na língua chamo flores ao que tanto se desfaz. rotações e elipses o amor desenha os astros que desorientam desde. donde.

depois vem nascente e realiza a montanha. recomeço desde. falta corpo para tanto. não há tempo sem corpo. chamo amor ao corpo enquanto recomeçar.
enquanto subir até ao fundo de outro cimo a subir até. na linha do precipício colher a flor que nada. apenas duas pétalas nas órbitas até ao fundo dos olhos.
subir até ao fundo e crescer na sede que faz subir.

Friday, June 17, 2011

brilha sobre

cada sol tem um corpo para queimar.

há um sol que tem o meu. também para queimar até que.

depois, vem a separação nocturna.
vem o lago ou a boca do mar onde a noite bebe o que não ardeu completamente. ainda. bebe a areia que vem do nocturno fragmento do corpo que voltou do nocturno incêndio.
ainda mais do que nunca.

até que as fibras dos tecidos do corpo esgotem as forças do fogo por dentro da separação nocturna. entre haver e não-haver. princípio-e-fim. tudo-de-nada.

também o silêncio inflamável. fará sol e gelo. uma linguagem de atmosfera.

transformam-se as horas em braços que querem mais do que.

Wednesday, June 15, 2011

alien logic

there is a movement from meaningful sentence to meaningful sentence. and a chain of chocolate from hypothesis to hypothesis. for instance the idea of "If" and "If not" can articulate several infinities and combine my asymmetric incompleteness with some non-tangible "Cannot's"...

Do you follow the threats of the train of the possible desire? Necessarily, contingently, actually? Drink it fully. necessarily first. like the basic force of contradiction. its discomfort in the flesh. what a powerful self-silence.

pés na mão


havia dois caminhos
escolhi outro totalmente

os pés falam de onde Nada

écume des jours

la peau passe cendre fumée vapeur
les liquides de la langue

écume des jours

densité
le clair-obscur

une plaie ouvre et ferme
l'autre