Monday, June 27, 2011

sofrer porque


a falta de uma certa metáfora alada feminina dói-me
sabe-me a passar fome
porque a névoa é lenta
e os medos flutuam

acontece-me muito deste sofrimento absurdo apesar do abandono onde estou
abandono
essa palavra à beira-mar que ondula tão cedo na astúcia das carícias antigas
depois a noite com o dom de sonhar
e seus hieróglifos
e seus palhaços
e suas luas a ler-me porque sou desde amanhã no início
porque vivo e escrevo sombra para desaguar no seio do moinho de vento
imersão no teu nascimento alado e feminino dói-me
uma alegria contra a pele
tudo quanto
porquê

amanhece outra linguagem
alguém ainda chora num quarto escuro

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