Thursday, December 23, 2021

One's immortal body


this is the day. you are the day.
 
when we first feel the closeness of warm bodies
hands open on the breathing chest
chests open on the voice  one song invents time
all future is time present and we drink one mouth 
 
when we first imagine the distance 
space ties fibers and unties the empty interval 
among and between us  the stranded things in pain
loss of language loss of muscle and bone
all past comes to liquid eyes burning times

when we first depart  and become separable points 
the untouchable living matter collapses 
silence breaks the song

we could imagine the embracing Truth beyond
among and between us the believers the creators of Language
the best word within the best song one mouth this day
there is One's immortal body loving this language explaining flesh
the day of meaning One's flesh within the foam of love 

this is the day of the best song 
and the last before boarding waving leaving 
imagine loving bodies
plunge into one and the same river heart  

Tuesday, December 14, 2021

Passagem secreta


 
no coração ou no meio da floresta os caminhos são livres

na melodia  na harmonia  no ritmo  a alma gera o corpo

são livres os caminhos as bailarinas de Eros-em-Psyche

Monday, December 13, 2021

Uma paisagem abandonada pela hora




 travessias de mulheres
meditando um sol uma paisagem abandonada pela hora
permanece o processo revolucionário de ser oriunda de outra vida

travessias de mulheres
desde as savanas os desertos os mares mediterrâneos 
até aos rios destas cidades sombrias interrogando a ausência de crianças

travessias de mulheres
ainda no ventre o som dos mares
o desejo do longínquo ainda  

Sunday, November 7, 2021

the cycle of burning blood


 This is blood and lava: my flesh in Chaos
streams of This and cycles of This while Infinity 
explodes somehow beginning

This is blood and lava: my flesh in Chaos
between and amongst Flights underground
while we delay language silence
the word the phrase somehow await

This is blood and lava: my flesh in Chaos
beyond the aboriginal Song of Songs
through the tongue or wind or wave
the Idea of kissing and eating and perspiring

Tuesday, September 14, 2021

Deep down


 deep down sometimes
Love plunges into the depth of being born 
the other depth of being near nothingness

so deep so intimate with depth
that Love alone can draw the map of Inferno

then deep down sometimes
Love begins to merge into Song

Saturday, September 11, 2021

project of conversion


 days lapse until the whole opens the chest
my face tends to ignore clouds

the whole revelation shapes my ignorance
the future founds again All-possible-Time
 
my future lips seldom burning more than now
change of faith 
within love

Saturday, September 4, 2021

Coração do jardim


 na adolescência cresci muito no coração do jardim
sempre incapaz de dizer o corpo inteiro

e muito amei o segredo das fontes frutificando 
intimamente entre o silêncio e o canto

quando a inteligência toca na finitude da linguagem
infinita-se o espanto de nascer




Friday, September 3, 2021

a natureza noturna do fogo


um instante de repouso à beira-rio escorrendo Infinito
Desejo na vida somente Infinito
porque Infinito somente compreende Desejo
 
(as angústias são os sismos e as frações dos sismos no texto do meu corpo
as frações do corpo vacilante prometem ruínas)

O Infinito Desejante sopra nas minhas bocas incompletas
Todas cordas quase quebradas de cítaras e liras
respondem à nudez do Canto
desvelando os seios para jorrar mais sangue de sol  
nos limiares de silêncio amoroso 

sol caindo desde os lábios de nascer
sol ainda beijando no fim do dia 
entre luzes e trevas  a surpresa
antes de o mundo ser bocas somente sobre seios
 
À nudez do Canto brilha ainda mais sol de Infinito
sol desejante de corpo com frações maternas 

(as angústias são os sismos da infância deste mundo
transpiram nas minhas mãos as angústias de amar este mundo tão líquido
vacilam as minhas mãos entre as cordas de liras e cítaras 
entre os corpos de bocas absolutamente incompletas: Eis o terror de haver 
Infinito Desejante neste mundo tão capaz de Indefinido)

(as angústias são os sismos que ardem e as danças que duram  
fazendo sangrar infinitamente sol nos seios procurando a nudez das bocas 
as angústias trabalham todo o dia toda a noite nos vértices do vento 
este vento da Boca Criadora onde tanto coração colapsa
ardendo no excesso do plasma do Princípio)

há nudez do Canto 
aprendemos uma terapia antiga para saborear o segredo do rio
adormecendo nas ondas dos sismos como nas oscilações de respirar boca-a-boca
há Infinito desejante desvelando os seios todo o dia toda a noite
a sabedoria de um fogo noturno
sobe do Oceano até à fonte da língua
respira boca-a-boca

(as angústias do inexprimível são os sismos 
que ardem no êxtase 
que duram na respiração
enquanto  ) 

Friday, June 25, 2021

Duração secreta da fonte


 imagino a sabedoria do Princípio: apaixonar-se diante do mar pela Poesia 
e pela Duração secreta da fonte dentro de Poesia

Apaixonar-se enquanto a lágrima da plenitude cintila e dança e renasce
sobre a pele oceânica do mundo  
e exclamar aqui a vida passional de Aproximar-Te
a Duração secreta da Fonte-dos-Símbolos

o coração nas mãos e na boca é para Ti 
apaixonar-se na ignorância e na loucura e na liberdade 
esta manhã o Amor é um aroma de enigma onde o Infinito salva a história
despindo meu alfabeto minha língua meus sentidos de jovem mulher 
poeta jovem perdida mulher

a sabedoria do Princípio bebe a minha incerteza cruel de Palavra 
a dúvida a dor o absurdo que fluem no fundo de sangue frio ou solidão 

apaixonar-se e interrogar-se exclamando: Duração secreta da Fonte da manhã
o mar acontece na Poesia que abre a história da aliança na respiração 
as mãos tocam na boca à beira-mar

a própria força de respirar e de fundir todo o Desejo-vento em dom de poema
durando na ondulação da Primeira Vez: o Amor é a Catástrofe de Criar

a sabedoria despe a floresta ou jardim onde arde o fundo do Desejo
o fluxo das águas acontece no fundo do Desejo 
cantando o Teu Nome aqui entre as mãos e os lábios
na Duração secreta da fonte mais nua


o Amor é a Catástrofe de Criar 
a voz e o silêncio e a melodia da praia
vamos boca-a-boca clamando e beijando a Primeira Vez da Criação

Quando o Infinito era ainda a Força infantil de fazer mundo
e música de mundo e música de corpo e música de chão espumante para a nudez de Criar
a Primeira Vez a língua procura o Teu Nome colado à substância de cada instante

o Amor é a Duração da Catástrofe e da sua Ondulação  
Infinita catástrofe Infinita ondulação  
geradora e transgeradora de mar boca-a-boca 
o Infinito secretamente liga as veias da Primeira Vez às veias da Última Palavra  
o silêncio entre as mãos e os lábio transforma-nos em música
confunde-nos a matéria do Desejo e o nada de dar-se

a Poesia faz a duração de Amar nas catástrofes infinitas de Cantar 
uma harpa de espuma nos lábios que unem a Fonte e o Corpo possível
boca-a-boca

Sunday, June 20, 2021

Tronco marítimo


 Se o meu tronco é sempre um incêndio expansivo, 
quero aprender a meditar na paz inquieta desta árvore 
tão exposta a Tudo
tão enamorada de perigos
tão íntima de agitações e de vapores e de espumas de mar
Se confusamente o meu tronco mergulha no fogo vivo da nudez,
quero aprender a lentidão de mergulhar na terra e de lançar raízes nas fontes invisíveis   

Compreendo-me na fluidez subjacente das mulheres voadoras
Espero-me nas matérias femininas mais intensas e luminosas e extáticas
como se cada instante substancial fosse a paixão de nascer
no meio de corpos atraindo corpos impelindo corpos
na evidência de Sentir o universo táctil do Infinito
os infinitos vetores das infinitas espirais
das infinitas forças
em que todos os sentidos são momentos do único mistério da conjunção  

Thursday, June 17, 2021

Elegia para dançar: Durante e após o Colapso


 tantas falésias na memória de Desejar-o-Princípio

horror do vácuo vertical onde o Amor é a calamidade Maior
agitando os vulcões submarinos nos olhos que beijam a hora Obscura

tantas falésias avançam abruptamente sobre o medo carnal de mergulhar 
horror de ser só e de tocar no fundo de ser só
horror de quebrar as forças no fundo do mergulho

tantas falésias recordam o Colapso de Terra Firma no último instante

a bruma mais densa exalta-nos na alegria do fogo voador no centro do corpo
a bruma mais fecunda gera-nos e lança-nos e alimenta-nos com o Enigma da História

se dançamos a nudez integral salvamos as Línguas que beijam a hora Luminosa 
beijam com ternura furiosa todos os animais voadores
contra a vastidão indefinida de vento vácuo 

tantas falésias na voz 
minha voz diagonal escorregando na rocha 
a noite responde sempre às portas da Vertigem
repetindo a loucura de um Poema de carne ávida de tudo

tantas falésias desvelam a interrogação no peito
o Colapso de forças desde a infância
procurando a Palavra na areia materna de granito e sangue

viajar durante e após a libertação da noite à beira-mar
tantas falésias dão nome aos mares futuros que são ainda Desejo
no perigo de Alteração inteira

tantas falésias perguntam se temos as asas 
capazes de suportar o horror do vácuo até repousar no fogo 

Wednesday, June 16, 2021

Canção de Amor Oceânico


muitos poemas esperam a tua boca nas minhas ondas matinais
poemas para murmurar na tua boca livre
o meu corpo inteiro
entre espuma no clímax e pó de granito no fundo 
 
o amor oceânico chama a liberdade da nudez
canta uma simples vogal aberta de êxtase 
Primeiro Poema do mundo escreve amor 
mais alado e livre do que fogo 

o Oceano arde durante a noite 
ainda sempre carente de tudo
uma lâmpada cintila no Desejo

o caminho das correntes marítimas sopra no coração 
o sol cresce silencioso na penumbra da carícia 
descobrindo o fogo das ilhas 
a tua lua nova nas minhas mãos
os teus pássaros são o caminho do poema oceânico

o caminho gera-nos caminhantes
entre o Equador e o Espanto

Thursday, June 3, 2021

O Indefinido Limiar




 Sinto o Indefinido Limiar onde se aproxima o outro tempo ainda sem nome


Sinto nas copas das árvores 

outros pássaros desconhecidos nidificando, confiando neste mundo em metamorfose,  

chegando de onde nunca se escreveu o mapa


Sinto a alegria de entrar no perigo de nascer através e durante o Indefinido Limiar

Wednesday, June 2, 2021

História de abandono


 Abandono o tempo ardente da história. 
Imagino que soltamos os ventos à beira-mar.
De repente, o coração faz transparecer outra ondulação no horizonte.
Talvez seja amor essa solidão tão aberta, onde o Infinito é uma sempre nova intimidade e uma sempre nova desordem.
 
Porquê abandonar aqui o tempo ardente da história? 

Abandonar sem angústia, confiando no coração que deseja terrivelmente ser a evolução dos pássaros, entre água e fogo, vento e rocha, espuma e vapor. A linguagem dos pássaros inventa o Infinito necessário para enlouquecer aqui plenamente. 

A minha história de abandono 
contém a coragem de toda a história: eu repouso em abandonar-me aqui. 
A minha história de abandono é somente a coragem corporal da verdade 
transformando os ventos em pássaros e os pássaros em símbolos e os símbolos em melodias e a melodias em caminhos e os caminhos em nudez, 
integral nudez de tudo-em-nada, 
abandonando o tempo ardente da história, 
confiando a vida à Infinita inquietude da ondulação no coração.   

Abandonar-se entre vento e rocha é o dom de si ao Desejo de espuma e vapor.
Abandonar-se salva o Desejo sem nome, sem pegadas no chão, o Desejo-onde.
Aqui brota o melhor Silêncio 
que transforma em espuma e vapor o inacabamento do coração. 
Tudo escorre na vigilância de sonhar sem âncora.
Na coragem da verdade, a linguagem dos pássaros inventa conexões no Abismo do tempo. Aprendemos que tudo é tão novo, que toda a matéria é tão infantil, que desconhecer a forma da força criativa aumenta o Incondicional. 

Todas as solidões matinais convergem para esta Primavera que amadurece..., para esta comunhão de rocha e vapor..., para esta confiança em compreender corporalmente a linguagem dos pássaros

Amar o Enigma


O enigma maior vibra aqui no chão e na palma dos pés da Mulher espontânea

Amar o enigma maior é a possibilidade de persistir no caminho

O amor do enigma inclui o amor dos caminhos 
e o amor das suas inclinações de pedra e de perigo

No corpo do enigma renasce a Mulher mais espontânea 

Monday, May 24, 2021

o tempo na fonte


diante da Fonte, a origem da sede

o deserto inteiro é o meu tempo cru e a minha carne crua: infinitos caminhos possíveis no Invisível

diante da Fonte, o enigma cintila como palavras que buscam os pulmões e os ventos e as ondas no ar, na desordem do ar que faz uma grande plenitude questionante: Onde vais semear a tua sede?
 
nasce o Curso das águas tocando longamente a pele do mundo na minha pele, comendo e bebendo o meu primeiro silêncio e o meu primeiro grito

no meio da pedra, corre o caos de Amar-Te, 
vem do Nada um cantar contínuo e um arder subjacente

 

Sunday, March 21, 2021

Primavera: Águas livres de Eros-em-Psyche


O silêncio das florestas vem desde o fundo do sol absoluto até aqui
 à Primavera mais clara. Quem somos agora? no tempo da manhã?
Quem somos aqui? no Oriente na Fonte na Ideia-de-Infinito?

O silêncio floresce ainda nos olhos que procuram o canto e o fogo selvagem do canto
e a Ideia-de-renascer-infinitamente: a inteligência mais próxima de aurora e de infância

O silêncio é outro mar para o Princípio do Canto
O Sol absoluto nasce no Princípio durante o Desejo maior
O silêncio é outra ternura descendo o rio e entrando na plenitude do possível
entrando e persistindo em tudo onde sopra a carícia vital após melancolia 
O silêncio entra nas casas nas palavras nas feridas nas harpas
soprando e persistindo dentro das árvores 
 as órbitas da carícia vital chamando Sol absolutamente
 
Outro mar de silêncio: Voz de chamar: Voz de Eros-em-Psyche 
alegria de amar e beber a lua nova a fonte nova 
alegria destas águas livres quase ardendo de música

Acredito ainda na Primavera e na infância das flores
após melancolia na sombra 

Outro mar de silêncio: Voz de chamar: Voz de Eros-em-Psyche
águas livres de alegria quase ardendo no Desejo de Sol absoluto
Desejo de carícia Maior-do-que-corpo-e-alma 


(A Possibilidade é a primeira inteligência do jardim 
onde lentamente as trevas terminam
O tempo do Canto é o fluxo da Liberdade através de tudo
outra ternura descendo o rio interior de Eros-em-Psyche)

Thursday, March 18, 2021

Voar enquanto Corpo-de-Sopro


 » Jeder, der fällt, hat Flügel.«
(Ingeborg Bachmann, Das Spiel ist aus)

Quem cai tem asas para voar.
As asas crescem no Instante aberto
quando o corpo entra no Vazio.

Cair dá-me sempre o Poder-de-voar
uma nova força durante o Vazio

Cada queda singular contém uma angústia de metamorfose
e o seu poder único de soprar o Espaço-Tempo 
até ao Proto-Cântico materno

Wednesday, March 17, 2021

Origem-Sol: Respirar-a-Luz


 no momento de Cantar há um Sol absoluto que germina

Respirar-a-Luz enquanto Cantar a Origem-Sol durante o corpo
capaz de cair e voar

Tudo o que cai voa e faz sua órbita em torno de Origem-Sol ou em torno do coração em metamorfose para ser a boca mais próxima da ferida

durante a queda pode quebrar-se a palavra
ferir-se o peito ou a linha da melodia
Tudo o que cai voa e faz sua órbita de remédio em torno do coração 
ou em torno do momento de Cantar
perdura ainda um Sol absoluto que germina

Sunday, February 21, 2021

Palavras de ternura inquieta


 
O Oceano sonha com a Lua. 
Ninguém dorme enquanto o Oceano sonha.

Só existe Sonho na carne viva do Oceano. 
Só existe Sonho na espuma do Oceano e ainda a essência das palavras de ternura inquieta... Só existe Sonho na inquietude lunar do Oceano e ainda a essência da dor que não esquece nunca o lugar exato Onde o corpo queima tanto. Onde no meu corpo Tu permaneces: Tu és a ferida que salva e que espera e que soletra o Nome de uma plenitude ainda sem aurora... 

Só existe Oceano que sonha enquanto os rios e as montanhas vibram no fundo como aquela primeira angústia que procura o tempo do beijo.
Só existe Oceano no tempo e no sangue: Tu és a fábula que vem da Lua e devora o meu grito antes-de-ser. A fábula levemente ferida repete o grito devorado antes-de-ser plenamente grito na cúpula da noite cerrada que se abre somente e se desnuda somente durante a verdade de um grito. A fábula compreende toda a Poesia que sofre o Sonho de Oceano e exalta a sede cristalina que deseja somente aquela água terrível que faz espuma na carne viva. Diante da ignorância mais inteira, a fábula pronuncia o verbo Amar e, assim, se confunde o ar com o fogo, o obscuro com o cristal, o grito com o canto, a boca com o sol. Só existe Oceano e a fábula corre no deserto pelos canais que ligam todos os oásis ao meu sangue confuso. Só existe Sonho e um Oceano de pássaros que agita a Lua nos meus limites quase no tempo de Cosmos-Oceano, um todo. Só existe um rio que vem da Lua para ligar tudo no rosto que principia o movimento. 

As palavras de inquietude verdadeira mergulham o coração no fogo de outro coração. A Lua existe e sonha também nas veias do Oceano e na minha espuma ainda noturna, quase aurora. Só existe Sonho na minha espuma de plenitude e de confusão, um medo indefinido de arder no fundo, quando o eclipse despertar em carne viva e o abandono quebrar os ramos e as areias desesperadas falarem também da ausência...
O espírito do infinito talvez forme a espuma e transforme a espuma, porque existe somente Cosmos-Oceano e uma ondulação de pássaros que sonha sem dormir e sem despertar. 
Não sei o porquê de tantas lágrimas possíveis e tantos êxtases instáveis na ondulação onde ser permanece na ânsia sem vácuo. 
As palavras formam o silêncio e transformam o silêncio, confundindo as feridas com as nuvens. Não sei se encontramos o que procuramos. Não sei se as palavras procuram o que procuramos, todavia libertam animais e seus sons nebulosos que talvez aproximem a Respiração capaz de ligar as feridas e as flores entre a minha língua e a tua ondulação, entre a minha espuma de Oceano e a boca de Lua, ainda sonhando, na íntima nudez de mergulhar no Sonho, porque só existe Oceano no Sonho, só existe Sonho em cada palavra... 

Só existe Oceano no Sonho 
pássaros recém-nascidos na Lua fazem esta espuma, antes de aurora
exprimem aqui a inquietude, antes de aurora, onde ternura inquieta procura as palavras nas mãos sobre a plenitude da voz, encontra os raios de sol soletrando o Nome em carne viva durante a fábula e os equilíbrios contrários das ânsias, antes de aurora
o teu corpo existe somente em ondulação, em espuma, em Poema lunar que chama Tudo para uma lágrima suprema que mostra o tempo de beijar a ferida, o Infinito livre, o dom de Infinito
O Poema existe somente nas luas novas e nas ruínas de palavras... Há eclipse nas palavras de ternura inquieta, eclipse na terra e no ar e no fogo e na água e no rosto e no som   

o teu corpo na minha língua

a minha língua na tua boca
a tua boca na minha Respiração

Sunday, February 14, 2021

Vento Azul da Liberdade Maior


 

o Vento Azul vibra no núcleo da Terra

mais Fundo do que Magma de Desejar-Palavra-Táctil


o Vento Azul sopra no segredo Aberto 

mais Frágil do que Instante de Desejar-Liberdade-Táctil


o Vento Azul ou o teu plexo solar inflama o tempo 

a Sabedoria da liberdade é a Fonte da floresta onde crescem todos os animais

crescem todas as razões de sonhar soltando os ventos que vão

além-real além-possível além-indefinidamente

a melodia mais íntima do silêncio

a mais íntima saliva que vai numa elipse de Ânsia 

entre a língua e os lábios ligando o silêncio

o silêncio mais íntimo da melodia

expectante à flor da pele


o Vento Azul ou a Liberdade Maior

aproxima-se quase até tocar no teu Magma mais capaz

de principiar outro mundo desde o núcleo da melodia expectante

até à flor da pele onde somos quase Uma só elipse de Pássaros

repousando no voo Maior-do-que ser-e-não ser

quase Uma só elipse 

somos a paz impossível do plexo solar quase tocando na Inteligência 

através a Ânsia de voar em repouso de Vento Azul

a Ânsia ou vibração ou paixão de Principiar desde o Magma da Liberdade 

vibração maior do que nós permanece táctil no Fundo  


Vento Azul à flor da pele procura a melhor palavra dentro do melhor silêncio

a saliva entre a língua e os lábios 

permanece na elipse da Liberdade Maior do que nós

vamos agora tocar no Fundo



(PS: as razões de sonhar adoram o Impossível 

a Distância quente e secreta e magnética do Impossível) 


(PPS: a desrazão de sonhar adora a Música o seu húmus a sua chuva a sua semente

imediatamente tocamos nos lábios nativos do Fogo mais íntimo 

tocamos no Sentido no plexo solar do Sentido 

imediatamente atinge as mãos nuas o sabor do Sentido   

vamos de uma Língua para outra Língua encontrando 

a Liberdade Maior)

Saturday, February 13, 2021

Vento Azul nos Incêndios de Éden


em Éden imagina uma árvore no centro
chamando os caminhos e as veias subindo até à copa
com as forças restantes de Desejar ainda até à morte

em Éden imagina nunca morreremos
seremos ainda a fonte das forças sempre desejantes de Durar

imagina Alto-Mar no teu tronco 
Alto-Mar ainda como nunca chamando os caminhos e as veias
Amas-me? Ainda? como no Princípio?
enquanto Éden arde?
no acaso no absurdo na incógnita na distância 

qualquer céu pode ser terrível
qualquer terror pode ser belo
qualquer beleza pode ser fundadora
qualquer fundamento pode ser vital
qualquer vida pode ser amada
qualquer amor pode ser a Lei-sem-Lei

a Lei terminou no Fundo do Jardim
o Amor cresce nas árvores desejando o coração
Éden é o coração - ainda arde Éden após o terrível céu
o coração é ainda um jovem jardim vibrando com o Aberto
a história de Éden ardendo no meu sacrifício
acreditas em arder 
acreditas no coração ardente de Éden

faz Amor o que quiseres sem-outra-Lei: és a obra capaz de sangrar
durante outra vida o meu coração era um poço no deserto para Ti
faz Amor o que quiseres até ao Fundo-sem-Lei
a água sobe no meu coração para a tua boca no deserto

sentimos a Necessidade mais funda do que a Promessa
um sonho tão vivo bebe teu coração torrencial 
renasce Amor Agora renasce a Arte do Princípio  
terrivelmente belo
vitalmente fundador
a tua Lei-sem-Lei
somente a tua nudez ao meio-dia
o teu canto à meia-noite

Friday, February 5, 2021

Vento Azul nas Harpas Nuas


 o dia abre 
o vento a nudez a mão
melodia do vento através das árvores no teu peito
uma harpa escreve a loucura das canções

somos as harpas nuas que sopram o vento azul do silêncio: Amor Futuro 
Agora Amor pede o grito exato no Vento Azul nas Harpas Nuas que nascem aqui 
na copa das árvores no coração do Inverno no Norte do Mundo

Agora Amor pede Tudo
somente Tudo é bastante para começar
pede a fúria exata

a força exata dentro do vento dentro da mão dentro do peito
Agora Amor o Futuro Inteiro somente 
Tudo inteiro somente é maior do que nada
o real trans-possível trans-finito trans-oceânico
contra mim Tudo contra o clamor de mim Tudo
Desejo o silêncio que faz a Evidência
contra mim a Inteira voz de vento azul no silêncio

as árvores gemem 
o vento sopra os meus terrores 
no dia onde começa a doer a Ideia-de-Abismo 
os troncos bebem vento os troncos oscilam na floresta
segredos dentro dos troncos crescem até ao Poema-mais-Abissal 

Saturday, January 2, 2021

falling and flying


after a falling wave the ocean recovers entirely
abandoned foam in the air 
you know there is the real screaming of foam
abandoned in the air 
screaming forgotten in the mouth
every day our infancy persists in the flesh
childhood still here overcoming nadir-abyss
learning the rhythm of waves
something persists in the flesh ebbs and flows 

(while the Queen of red Hearts keeps on drinking endless
drinking alcohol maybe pure alcohol maybe without any 
thirst no longer any thirst)
 
after a falling wave I am flying as a child persisting in the flesh
infancy still in the persisting breath maybe song 
overcoming nadir-abyss

(while the Queen of red Hearts drinks my alcohol against maybe
Darkness where something emerges attacks still in the flesh
such flesh-eating Darkness maybe animals-of-Darkness 
from terror I can beat anything I resist stronger than my body)

in the middle of the Ocean there is the tree and the infinity
Spring persists in the fruits maybe foam of fruits and wind of foam of fruits
in the middle of my body stronger on the top of terror
entirely without sugar just the canopy indefinitely promising 
other fruits  other foam of fruits  for my touch and taste
yet infancy yet remaining questionings from infant terror
anxiety of Darkness Alone
I am still a much-travelled new-born Abandonment
a well-read escaped prisoner 
liberated from home and burnt in the flesh and brought up here 
while the Original ignorance maybe storm still rages within

those remaining questioning days are never gone
my very beating hearts are still in love in rhythm of love
never broken you dance here at the heart of this ocean
you dance against my vertigo maybe cliff edge
you just arrive maybe return here on the blank vertigo
maybe blank page maybe blank soul you may kiss deeply  
your saliva after a falling wave is the Original question
other waves also ebb and flow 
love still ebbs and flows since before infancy
love still questions why
the fall the fallen the falling freedom
how you touch and taste novel freedom 
where you create my Imagination in the rhythm
you can dance here despite all senses drinking such alcohol maybe pure alcohol
fantasy of vertigo  fantasy of darkness
Desire produces other power maybe brutality  on the blank page
and flying waves repeat the Original Heart 

(last year you could not imagine theses shades by the mountain
today the cliffs open up and build a new forest of meanings
abandoned children camp here in the new forest
in the canopies of Eden at the heart of this body 
the Original Heart
Ocean stream maybe love  free love)