Thursday, March 27, 2014

segredo

Porquê? Primeira paisagem de Segredo.


Tudo arde sobre a pele.
e a pele sobre Tudo.



Vem
a fúria de Desejar o Princípio
a espuma inteira deste mundo faz Corpo
para Re-Nascer e semear na Era da Pele
Somente Sopro em-mim-e-não-mim


(Era uma vez a Palavra no meio da ferida a coser texto com profetas na infância. Depois, choveu durante sete dias e sete noites sobre a Grande Dúvida e os Sinais perderam os Lábios. Veio Alguém, Ninguém, tu. Os nexos acontecem, desde essa Hora, e o criador toca em Matrix com sua Língua de fundo de mar. Noite, manhã. Sétimo dia. Dorme deus. Novo húmus mais desejante do que Absurdo. Pesa-me Cosmos e Caos sobre os frutos futuros, alegrias possíveis, nuvens através corpos. Tantos nexos, quantas febres.)

Wednesday, March 26, 2014

Aves Migratórias


Nada temas – disse Eva ao Anjo que tremia 

diante da Tempestade.

Creio nas Aves migratórias. 

Entre Alpha e Ómega, Éden e Abismo.

As aves renascem das pedras 

sob os meus pés. 

Tacteantes no limiar.

Desejo Aves Aqui. Hora inclinada de Ânsia. 

Tacteante. Texto Nu.

Acontece-me  Texto. 

Desfibra-me Onde. 

Uma flecha faz-me  Corpo vapor de corpo 

em passagens ardentes.



Tudo arde sobre a pele.


e a pele sobre Tudo.

(...)


(Naquele tempo, uma parábola. Bebi. Acordei no limiar de não-ser, na infância: uma corda com tantos nós cegos incapazes de falar. Loucura de alfabeto.)

 (Ainda infância de enigma. Tenho medo das travessias nocturnas por Onde o limite das forças desenlaça o Arquipélago vulcânico. Leio páginas sobre a areia: castelos no ar. Pergunto se o Enigma flutua sempre, se um reino de princesas sonhadoras flutua sempre, construindo Espanto submerso, véu após véu. 
Beijar_ e ferir_ é o mesmo deus_ )

(A Exaustão faz Sol na-minha-pele. Um sonho acontece capaz de queimar os olhos do sonhador e as vozes da sonhadora. Sinto a ficção de Haver chão. Os pés creem. 
Trabalho para transpirar o texto e exclamar um hiato que desfia a acústica metálica do Grito: desejo-me castelos no ar, sem vertigens nas princesas.)

Tuesday, March 25, 2014

Eros, Arte da Invenção

Eros, Arte da Invenção.
Encontra sempre Excesso sem procura.
O corpo não esquece o mapa e a melodia que perfura o mapa. Estória de génese: veio a tarde, a noite, a manhã, as órbitas. a estrela de alva toca silêncio de harpa. O sabor da aurora sobre o labirinto. Ardem sempre palavras de ninguém-alguém-Tu longamente após tanto bater. As portas caem, as pétalas salvam Livros dentro. As escadas demoram as arestas de não-compreender como se círculos sempre repetissem o bailado de chamas, sem donde, sem para onde. Somente translação. Podemos ainda morrer de sede e de tudo junto à Nascente. Faz sentido o círculo polar mais fundo e mais longe e mais transparente do que meus olhos recém-nascidos. Aqui, somos as raras mulheres guerreiras, sagitárias, oceânicas, eólicas, ígneas, navegantes aladas como bandos migratórios do terrível Grito onde recomeça outro Sopro, outro Lábio, prometendo. O Grito agita o sangue. Acontece ferir. O corpo não esquece a inclinação do sol nas mãos ou asas que perduram e ardem, além-trevas-interiores.

Luz-contra-luz, dicção-contra-dicção, desaprendo a febre de perdurar. 

Ex-clamans



My writing always risks an encounter with death.
Lover knows terrible Angels. Pursue pain.
And Lover yells against-against-against-
bodies are chaos bleeding till No River

my nothing becoming mine through the Heat
my writing always perspires late saliva 

Exclamation, off skin. Mouth burns Text.
Last Song over touch. Nameless Nude.
May I sing You, Mouth? Off skin. 

Nothing is the Angel and river
Touch my breasts of letters
Extremes between void longing 
Utter my Name in layers of skin
warmer than extreme birth  

Monday, March 24, 2014

red letters on red skin


I had promised to abandon my floating certainties. I believe in dead leaves and bedrooms. Do you drink my well? Do you travel my fountains? All of sudden, trees escape from my bed. I feel the stiff torso of the Story, or Poem. Plunge into the promise in vain, my congealed memories within wine, breast against breast. You, verbs, burn it all again. All the tenderness in the spiders' webs, in vain. I cannot suffer anything but verbs, flowing verbs, without an evasion, nor a shadow. My losses pour in the evening before your return, in the mirror. Now, breathe my empty fingers, my last dry fingers under the weight of broken staircases, your tide, your foreign tide, and quays, and rivers - all suffering remains empty, besides my red letters on red skin.

You know you belong in here: the Age of empty skin. All books burn. All temples burn. Bear the burden of verbs and veins and nerves. Drink my liquid body, Bittersweet, Always Bittersweet, huge emptiness in the signs and windows. You know you still love the seven seas and seven bodies and seven sorrows, oh Breathless Angel. Smile, as though souls were drinkable

Once in my life I met a naked princess in the Beginning of Intelligence. Her gaze was pure electricity, writing against death, writing against the last word, within my saliva, warm and endless, from morning till night, instantly, as though souls were drinkable. I withdraw my lips, it goes on and on. I smoke the huge vapor, while the heart trembles, lonely steps toward the train the carriage the flesh, the first sign, off fear.        

Sunday, March 23, 2014

Infinitos por Onde


nas paredes, nos tectos, nos pórticos, nos limiares, nas arestas.
uma casa um corpo de carência fazendo farinha e pão de carência

um infinito respira na pele matinal
outro infinito manuscrito aquém-além-dor
não sei como Cantar a Voz inversa

uma casa onde. não há. uma boca onde. não há. repousa Eros nas mãos ofegantes de tanta parede de tanta areia fervente daquele infinito tão contrário. acordo no intervalo da metamorfose. tão Outra pele.

o náufrago regressa ao corpo pelas ondas, outras. de outra língua sobre Caos. tanto. Ainda Espero por Ti, primeira carícia sobrevivente que renasce no arquipélado vulcânico. renasce no Maior Solstício. Espero os lábios. para uma vogal incapaz de falar, somente fibras desconexas em Êxtase e Dúvida e Cântico de lua nova.

Cinzas vulcânicas, uma atmosfera extrema para refazer o Mundo. Sou o inverso da cinza. não sei quanto. Aproximo-me daquela primeira carícia, quando a distância era ainda Eu. o esforço todo, a inquietude toda, a distância era ainda eu. Distância de tacto, eu ainda. eu toda, inclinada para Princípio.

Os sinais de outra língua mais líquida do que água. Acontece a voz precursora. Acontece ferir. Voz clamante no deserto. O corpo não esquece.  

Uma menina aparece na fissão dos sinais, dizendo somente a Distância entre Alpha e Omega, numa estória em segredo.

Carícia e Cântico são o Possível Caos que frutifica na nudez. infinita respiração da nudez que oscila entre oculto e fogo. 
Lua Nova. 

Eros inventor bárbaro. 
Acontece hematoma e hemorragia. 
Lábios de Oriente nascem tocam abrem a Montanha.
somente um véu uma órbita uma linha. 
Teu sol bate dentro de Desejar, mãos vazias sobre a Origem. Somente vibração. Escolho o rio por Onde. Tudo me oferece chão livre. Infinito princípio, mais Nascente inflamável, mais Oriente perfumado, na minha voz tão perdida. voz clamante no deserto. Acredito no mistério de Caos para navegar.

A inspiração ambígua de Eros. ata dentro. desata. a estória ondulante do Sopro, olhos nos olhos. começamos em alto mar. nó cego de oscilar infinito, tremendo de amnésia nos lábios, desenhando o corpo anárquico no ar, prometendo. somente vibração. vértices. fúrias de Ternura. Nenhuma palavra. Ninguém. Somente a rosa o ciclone o abismo, nas entrelinhas do continuum rocha-corpo-vapor. Fala, órbita de ar. Fala Onde. Diz os versos da maré que furta o peito do peito da Hora. Diante dos verbos abdominais, Fala, minha órbita de entrelinhas e chuvas oblíquas. Uma corda de pronomes balança no meu equador. Fala com animais, ó Fábula do peito contra peito da Hora. Diante do teu Sol, prometo a Parábola: havia um semeador lançando sementes sobre as pedras, sobre os caminhos, sobre aquelas consoantes tão densas de espinhos, sobre aquelas vogais tão fecundas. íam em prantos, ainda noite. vinham em cânticos, já noite. Tudo, no meu equador.

Há dois versos fixos, olhos nos olhos, num quadrado de pele ardente, diante do Mar. Talvez somente som: esperar o Princípio AmarTe, no vértice Onde.   

Tudo o que respira se expande no Vazio, se retém no Vazio, se passa no Vazio: Passagem de Eros no silêncio próprio. lâmina de silêncio cortante, abrindo as células ínfimas de uma vogal de Cântico e Carícia. Daí o grito o lapso a parábola o delírio eólico. Havia um semeador um errante e as sementes incertas. Caíam no meu húmus, sem método, somente queda. Creio Onde. Cair faz chão e chuva. Uma seara de AmarTe crescendo no Mar. 

As árvores hesitam entre a espuma e a neve. Crescem-me urgentes rios contrários. o corpo não esquece, longos combates, peito a peito. Desejo ser vencida, na última Canção, pela lágrima da flauta. Vaga elegia de lua nova. O meu útero vibra somente, vibra de segredo, chão livre, flechas nas torres mais altas. Onde. flamas várias queimam os anjos e os livros e as fibras desconexas do Poema expectante, táctil, diante dos verbos diante da terrível seara devorando o semeador e as sementes e as chuvas. tanto cristal, peito a peito, um nó cego que ata e desata os cabelos e as veias Onde, nascerei tão amada.
Infinito. Acontece ferir. Acontece sangrar flamas, última Canção   

Friday, March 21, 2014

Dia de ser Poema




Entre as espadas do silêncio 
e as harpas do Espanto
minha boca Deseja 
o súbito pranto 
do Princípio

Uma canção respira 
ainda nos pássaros 
outras fontes outras chamas 
últimas

uma garganta 
quebrada 
desespera 
de extremos confusos 
nas minhas fábulas

Aqui
 ainda uma Canção planta sol nos mares subterrâneos. 
Cintilância. Onde.

Espero naufragar. livre silvestre nua. 
à hora da voz queimar a pele
de amar e gritar 
para escrever 
o Omega ferido.

Acontece Alfabeto no tormento. Espero ainda Canção. somente o corpo o sol poente.
Se vens do perigo para o meu braço noturno. desvela Nada. o meu braço tem âncora de cinza.
a impossível carícia que acaba na água e na onda. todas as naus do mundo sou eu. Deus erra-me.
o meu braço que tacteia elegias nos lábios morrentes. os lábios desaguam no chão contrário. Sinto.

jovens cavalos da memória. Uma Canção ainda sangra no Poente. Espero-Te Princípio sangrando