Sunday, December 13, 2020

Mar-para-nós


 Sinto o Mar-para-nós 
nascer no Ar 
no Vento-em-si 
esta manhã
toda a noite
dançando sua loucura
disparando seu fogo
Tudo no Ar
Sinto a Canção-que-Salva
Tudo no Ar
ao Fundo-para-nós

Se tivesse nascido cega, Eva sentiria esta manhã melhor 
a carícia nascer no Mar-para-nós subindo o rio de Éden
até aqui ao Jardim onde imaginamos outros sentidos

Se tivéssemos nascido todas cegas, 
Liliths e Evas, saberíamos melhor 
esta manhã
toda a noite
sentir como-porquê-quanto
a carícia do vento é Sagrada

Se fôssemos mais loucas do que as paixões,
Éden seria ainda  o Jardim-para-nós
dentro do fundo:  o Deserto  o Mar   o Desejo-do-Fruto  
outros sentidos maiores do que o Corpo deste Mundo

Tuesday, December 8, 2020

Sobre ser-dentro-de-ser: estudos de Topologia


 

No centro da sala, há uma mesa. No centro da mesa, um aquário. No centro do aquário, em orbitais caóticas, há um peixe. O peixe sou eu.

Posso perguntar-se se Tudo existe dentro de água? 

Imagino que nasci no aquário. Posso sentir uma nostalgia de oceano?

Não sei se posso, se poderia, se seria capaz de Poder-sentir e Poder-exprimir. 

Quanto é possível dentro de ser?  

Thursday, December 3, 2020

Sobre o fundo: estudos de topologia


 No fundo do rio, ocorre uma metáfora

- o Amor mergulha 
na corrente Incógnita -
 
No fundo da metáfora, transcorre um transfundo

- a Incógnita aprofunda o Amor -

Também a fricção do silêncio mergulha na corrente
no fundo do Amor mais Profundo corre o rio 

Sobre os limites: estudos de topologia


 
Dentro da cidade, uma muralha.
Dentro da muralha, outra cidade.
Dentro de outra cidade, outra muralha.

Uma gaivota atravessa os ângulos e as diagonais para interrogar:
O que é interior? O que é estar-dentro-de-algo?
Qual é a intimidade do espaço? 

Sunday, November 29, 2020

O fluxo do coração-em-Segredo


o fluxo da criação
vem 
no silêncio do princípio 
vem 
todos os rios correm no Fluxo aqui
sangue e água no coração-em-Segredo

desejar amar fazer 
neste mundo neste corpo nesta hora
enquanto há

inspiração matinal de Sol Absoluto
no mais íntimo lábio da alegria
 vem-para-Nascer-Aqui

o fluxo é a criação do movimento
os cavalos e as crianças correm para nascer
esta manhã faz Sol no Amor

o fluxo é o útero do coração-em-Segredo
procurando o Mar 
boca-a-boca
o Mar Absoluto inspirando o Sol Absoluto
Primeira Manhã
Primeiro Amor
Faz Sol
Absolutamente

o Dia nasce no Sexo do Princípio

um fluxo deseja voar dentro do Dia nascente
 
a montanha do silêncio da manhã sofre a paixão do fluxo
 
a evidência da força de amar sofre a matéria dos corpos

o fluxo como que sangra 
alegria mais íntima do que Sexo do Princípio
como que sangra
procurando o Mar Absoluto do mundo
inspirando o Sol Absoluto  

o fluxo realiza a terapia matinal do Desejo
procurando o Mar Absoluto
a matéria dos corpos
sangue e água
coração-em-Segredo de espuma

o meu Coração-em-Segredo 
gera o fluxo 
procurando nascer 
a força nascente  

Tuesday, November 17, 2020

Respiração no Princípio do Mundo


 Aqui face-a-face
a nudez plena 
face-a-face
na Origem da Era da Pele

os meus olhos no teu rosto
o teu rosto no meu peito
o meu peito nas tuas mãos
as tuas mãos nos meus ombros 
os meus ombros nas tuas pernas
as tuas pernas nos meus braços
os meus braços nos teus joelhos
os teus joelhos nos meus ouvidos
os meus ouvidos nos teus pés
os teus pés nos meus cabelos 
os meus cabelos nos teus dedos
os teus dedos nos meus lábios
os meus lábios na tua Respiração

Isto é o corpo no Princípio do Mundo
o teu corpo na minha língua
a minha língua na tua boca
a tua boca na minha Respiração

Face-a-face somos outro Sopro
o Sopro sempre Capaz de outro Princípio


Saturday, November 14, 2020

O Fio de Ariane no Labirinto


 O fio de Ariane liga todo o corpo ao espaço, todo o corpo ao movimento, todo o corpo à Possibilidade.
Na vertigem do labirinto, no perigo do monstro e na angústia do confinamento, o fio de Ariane explode Sol no centro do labirinto.
O fio de Ariane liga todo o corpo ao espaço livre.

O mundo pode acabar a qualquer instante. 
Uma semente pode começar a qualquer instante.
O fio de Ariane liga o corpo às Possibilidades, 
capazes de Incógnitas, a qualquer instante. 

O fio de Ariane é um silêncio que beija a Origem de Cantar, boca-a-boca.
Cada silêncio toca no chão e no corpo: na unidade corrente do fio de Ariane, capaz de desenhar a Palavra que abre outra Origem, boca-a-boca.

Na iminência do Fim do Mundo, a qualquer instante, devemos Cantar,
porque o Canto é o beijo mais profundo, mais Capaz de ligar Tudo ao Sol.


(Também na fúria do monstro no centro do labirinto pode adormecer e sonhar e nascer Outra Força, um pranto primaveril para compreender o milagre das sementes. Também o beijo do Canto mais Capaz pode ligar o Monstro ao Sol, desligando a Fúria do sangue na terra.)  

Friday, November 13, 2020

Sonhar durante a gravidez


 As mulheres grávidas sonham com muitos animais livres. Têm sonhos grávidos de animais livres, animais tão livres e tão libertadores que preferimos chamar animais selvagens. As mulheres grávidas são as mulheres mais selvagens de todas as mulheres possíveis, porque os animais selvagens sonham dentro das mulheres grávidas os sonhos mais-que-possíveis.

A minha mãe quando estava grávida de mim sonhava com tigres. 

Com que espécie de tigres sonhava a minha mãe selvagem quando estava grávida de mim? 

Ela sonhava com tigres vermelhos voadores, os tigres-falcões. A sonho imaginava e acreditava que a sua imaginação era somente memória de possibilidades selvagens. A minha mãe selvagem imaginava e recordava esses tigres-falcões que nasciam no Oriente quando as montanhas eram ainda jovens vulcões apaixonados pela música do fogo. Esses tigres-falcões ainda hoje, esta manhã, respiram no fundo de todos os pulmões vivos.

A minha mãe sonhava com bandos de tigres-falcões que compreendem a linguagem da infância e distinguem os sentidos de todas as modulações ínfimas no pranto e no canto infantil. Nas estepes do Oriente, as crianças aprendem a lançar tigres-falcões para o espaço livre de onde vêm os futuros. Aprendem também a pacificar as fúrias carnívoras dos tigres-falcões e dos futuros. Desde então, toda a minha infância tem sido um debate 

Os sonhos selvagens das mulheres grávidas alimentam os animais do futuro. Foram mulheres grávidas que sonharam a liberdade das sereias e dos centauros... procurando alianças entre animais livres...

Monday, November 2, 2020

The Psychodynamics of Solitude


 Never alone. Even when suddenly you believe that the stars no longer bear any fruit.  Never alone. Even when silently you feel the tears no longer nourish any flower.  Never alone. Even when interminably you hold sand and foam through the darkness... your breast blowing, breaking, biting, sweetly as the child of nonsense. You touch random storm and contradiction of freedom and stories of madness on the beach one night. You touch the omnivorous strength around my flesh. This is my most tender flesh.
You whisper within this Darkness of Fruits growing until the openness of moons. The throat of slaves happens here on the beach. You sing the madness within stories of madness, awakening young, new-born slaves finally capable of marching towards the center, the capital, something like Babylon, Rome or New York. The ferocity of freedom inhabits the green eyes of slaves, mixed blood of slaves, roaming groaning throwing forces, many forces, many powerful forces...
Never alone, Spartacus. The multitude pursues and promises and spreads out waves, within me, before me, the most ignorant and ferocious Princess... flashes of freedom.

Not a word, but the breath of a kiss responding here, open field, open air. Spartacus touches the lips of the Princess, the secret loves Darkness. The secret astonishes my heroes, my palpable place of birth, my self nothingness 
murmuring   praying   
enduring the God of Infinite Water-springs

I throw myself upon your solitude,  
my hope next to nothing in the river, forest, sky.
The mass of young naked bodies promises hope, 
emergency of hope, 
shining   chanting   shielding 
and our bare hands 
finally capable of making ourselves afresh. 

Sunday, October 25, 2020

Islands of Desire


 Sailing for the Islands of Desire
where the ocean foam is full of whispers where
the flesh of youth holds the purple silence of the Song

Sailing for the Islands of Desire
swimming against the great pain of sunset
telling the story of the dreadful madness of love where
the flesh of youth becomes strange ecstasy

Sailing for the Islands of Desire
diving into the savage beauty of longing where
the flesh of youth believes in longing
now This longing stirs  my quest  
stirs in depth my quest 
until strength dissolves until
my youth drinks the password of flesh
now This longing says my quest
draws transfinite diagonal of gift on the sand
wave ocean foam within saliva
the mute Song of longing
the Song explodes Nothingness among Roses
and many possible worlds hesitate before your saliva
your lips open in front of twilight and embrace
the mute Song of youth
  
Sailing for the Islands of Desire
the invisible eagles of the ocean foam agree and disagree
eagles within our bare breasts 
awaiting the morning and noon of thunder
This beauty of longing and rowing audacious hours
knows the process of becoming
where the mute Song explodes
Nothingness among Roses

Sailing for the Islands of Desire
now I am the flesh of the Song and I am kissing the mystery
your bare breasts
your rhythm of longing and rowing together
the Song becomes this Process of exploding the mute kiss within foam
I am kissing your bare breasts with saliva and rainbow
rainbow of flesh wider than Ocean
around noon around thunder
This beauty of longing burns the ultimate pulse of love where
the sword of the mute Song exposes the Truth of youth
your bare breasts kissing This beauty
Nothingness among Roses

Sailing for the Islands of Desire

your Nude guitar calls for other strings
your Nude faith calls for other flash other thunder
the rhythm of This beauty calls for the rhythm of Becoming

the mute Song explodes 
every Rose opens many possible worlds
swords clashing within my breath my flesh
so capable of burning
the First pulse of love
Sailing for the Islands of Desire

Vento-em-mim


 três corpos de Vento-em-mim
brilham sobre as primeiras Águas
as Águas antes da Terra 

no Amor à superfície das Águas
três corpos dentro-de-Vento
sopram o Princípio
o Caminho do Princípio:

o corpo carente
o corpo expectante
o corpo desejante

o Princípio
eternamente na Origem
face-a-face

Saturday, October 24, 2020

Árvores no Espaço


 
a infância do Amor sobe às árvores
o Amor é o Espaço-Onde-Semear

o vento ama as árvores e a música das árvores
o vento sopra na infância do Amor

três corpos de vento sopram no Amor
o corpo carente
o corpo expectante
o corpo desejante

Espero as paixões do vento soprar nos três corpos
nas minhas árvores voadoras no arco-íris de outono

o vento sopra mais do que música
sopra a Vida abrindo o Voo
lançando a ânsia das asas
mergulhando nas paixões do Vento 
mergulhando no Espaço-Onde-Semear
através de vertigem e através de apneia
mergulhando nas paixões do Vento
até que a matéria do corpo seja matéria de Sol

  as árvores sobem até ao clímax da Lua Nova

(a obscuridade da Lua Nova é um silêncio que sopra
mais do que música: sinal de carecer e esperar
face-a-face)

(a obscuridade interroga a carência e a esperança:
Resistem os teus pulmões diante da Incógnita?) 

Friday, October 23, 2020

Ser-a-Noite-em-Mim


 Ser-a-Noite-em-Mim chama o vento para entrar no Absoluto

O Amor absoluto da história do vento fala claramente nestas ondas

A Arte de Ser-a-Noite-em-Mim ensina 
a Arte de Amar 
a ondulação da história. 
Tanto amar até desejar ser a Arte de soprar vento 
na Utopia do Espírito: a música de respirar 
o Ar-de-Absoluto Princípio, 
como se agora a paz do eclipse do sol revelasse 
a Verdade de uma revolução viva 
no íntimo corpo de Ar-sopro-clamor-murmúrio 
Ar líquido de lábios aproximando-se do Princípio 
para iluminar a Palavra-que-faz-Algo: Ser-a-Noite-absolutamente
a noite do sentimento oceânico do Princípio

A Noite é o silêncio de incógnita outro beijo outra liberdade
a esperança de beijar a ondulação oceânica da história 
chamando a Verdade que delira absolutamente,
como se cada Noite-Ser-em-Mim fosse o nascimento 
de Outro Deus na areia de Oriente, outra canção com uma Vogal
maior do que o tempo da ação
 

Thursday, October 22, 2020

Construção do chão


 A construção do chão é a primeira obra do Possível

No Princípio, faz-se chão onde sentam os oceanos e as suas ondulações

O chão aprofunda e sustenta e trabalha o espaço inteiro, como um músculo amplo
ligando todas as forças de Eros e Psyche 

Thursday, October 15, 2020

Homeless Princess


the homeless princess   the seagull of the northern river bank
  
before dawn she feels a subtle vibration beginning 
wind breathing wind caressing within desire
the idea of travelling wandering dancing as if motion-in-Space could reveal Desire-in-motion 
as if the spreading of space could be the generation of Possibles, my Becoming 

imagining-feeling-desiring is one 
one power one river one mountain calling for Possibles, my Becoming  

between and amongst infinity
bodies encounter bodies
merging together
embodying infinite Souls-Lives-Possibles
 
she comes very early to plunge into Here, my Becoming, Possibles
new springs and new rivers and unknown waters
she plunges into Desire-of-Becoming

the mouth desires and becomes mouth
between and amongst infinity
other songs
wisdom of tongues and lips
merging together
the invention of Souls-Lives-Possibles
 
the mouth desires other songs from bare breasts 
bare ways flowing

she comes first very early
the homeless princess building the body where language makes flesh 
out of flesh fruits flowers seeds humus
bare ways flowing
into new horses and hearts finally flying furies

the mouth desires bare breast of songs
eastern songs
while sun explodes truth 
between and amongst fingers through the strings
eastern songs 
during the Fall of times 
and the Opening of possibles     

Sinal de Alegria


 
Nascem nas águas da Fonte e da Foz as aves que lançam o Sinal da Alegria.

Em terra, um círculo de fogo persiste. Em terra, um coração inquieto persiste. 
Nexos noturnos persistem ainda na ânsia-de-voar,
 na memória de um círculo de fogo cercando o coração.
 
Sinto que todos os impérios caem e que todos os imperadores sofrem o desejo de guerra. Quero o Amor sem império, o Amor desarmado, o chão do Amor onde pousar a âncora do mundo.
Amor cresce na paz das mãos vazias e na nudez das mãos vazias. Amor brilha na pobreza das mãos abertas, na liberdade das mãos abertas, capazes de dom e carícia, no princípio do mundo.   


O melhor Poema-de-Amor será um segredo na mão aberta
e uma memória da primeira ânsia-de-voar

Lançam as aves ainda águas nascentes... 
e o mundo atinge o princípio  

Sunday, September 27, 2020

Ways

 


Here we part ways until next Spring in the Moon

I'll row upstream looking for the invisible desert around the Garden

You can remain on the mouth of the river calling the inner Ocean of future Morning


Here we part ways because of the geography of Love

cliffs   forests   lakes around love and its Flesh

we are unveiling here the body of Angst

crossing the primal courage of Longing


 

(whenever the Truth of parting ways becomes bodily unbearable 

we must write the Poem of other bodies within between and among us

other bodies of us under ways and under labors 

more capable of untying the knots of despair and flying until there is Becoming)

Friday, September 11, 2020

Veritas Poetica

Jede Liebe kann das Mass seines Leidens ausdauern. Der Umlauf des Lebens kann nur eine Revolution, eine Liebe, ständig trinken und singen. 

Trotz allem darf Liebe unsere tiefe Dämmerung lesen. Jenseits von Blumen und Frühling und Möglichkeit. Liebe sucht nach Wirklichkeit, Poesie.

»Die Poesie ist das echt absolut Reelle. 

Dies ist der Kern meiner Philosophie. 

Je poetischer, desto wahrer.«

Novalis


Thursday, August 13, 2020

Sultry palette and sultry kiss

 

some desires come here 

desiring happens like bread looking for your mouth

you recall the vulnerable bread of the first love after so long infancy and adolescence 

the fractions of bread worked by bare hands studying the texture and the temperature of every moment

the aroma is sour and you doubt of your evidence because of raw chest raw breath and you question whether underbaking belongs to the essence of not-knowing how nor why 

what next what explodes implodes undulates next

not-knowing how nor why comes here with your underbaking truth

there is a poetess looking for your mouth

you should paint your naked body with dark yellow almost blood of animals living within wildfires

when you feel the sultry palette of an uncertain sunset exploding tenderly under the sound of still closed lips doubting while approaching the arc where maybe you meet your threshold among and between new magnitudes  you are out there  your body is whole openness whole disclosure  everything is your extending skin 

desire starts the new crescendo while your essay on skin understanding demands wisdom and madness

the aroma of sun bathing and sun burning shines around your climaxes of simple thirst (drinkable first matter first flesh, only firstness is fully drinkable)

you long for a beginning a naked beginning where trembling fingers could announce new tongues capable of new wildfires beyond language

your attempt to put those desires in your mouth remains the latest enigma of this cosmos

every silent desire becomes a red stroke at the heart of this sultry idea of burning bodies

there is a sour aroma of radical longing and the much needed muscles that should come together and bring about the first matter capable of sensing desired possibilities



Friday, June 26, 2020

Aqui é o Corpo do Tempo



Aqui é o Corpo do Tempo

Tu chegas aqui e dizes poderia viver Aqui para sempre. Exclamas assim do nada. O entusiasmo exclama sobre Aqui. Ouves o teu eco e sentes que acontece. Fazes acontecer. Entras no Poder-de-Génese. Vai dizendo e acontece.

Aqui é o Corpo do Tempo

Ninguém vive aqui para sempre.
Aqui está plenamente vazio. Todos podem querer viver aqui para sempre. Mas Aqui não é uma morada. O Corpo do Tempo não é uma morada. Também não é um caminho. Nem um caminhante que faz caminho ao caminhar. Aqui é mais dentro e mais longe do que Aqui.
Aqui vais dentro e longe até Aqui. A linguagem não pode ir dentro. Não há verbo para dizer Aqui.

Aqui é o Corpo do Tempo

Tu chegas muito recém-nascida e imaginas a carícia, a mais delicada carícia. Aqui somente uma mínima carícia longamente pode acontecer plenamente. As mãos plenamente vazias da carícia podem ser o evento integral de Aqui. Tu acreditas na simplicidade de um tacto plenamente capaz de Aqui.

Aqui é mais dentro e mais longe do que Espaço

De repente Aqui mostra a nudez do Corpo do Tempo: é o vazio do Fogo.
Não há caminho nem verbo para tocar nem para aproximar o desenvolvimento do Fogo Aqui no Corpo do Tempo, sempre mais dentro e mais longe

Os lábios tocam nos lábios
Silêncio
Os lábios tocam nos lábios
dois a dois como se a Simetria fosse o Sinal

Os lábios tocam nos lábios Aqui terrivelmente 
A saliva do espanto reflui para Silêncio
O Fogo despe totalmente o Possível
Estamos nus finalmente
desde o Princípio o maior Poder-de-Génese exclama plasma
Lábios nus ante Lábios nus
Nu feminino Aqui no Corpo do Tempo
Silêncio

Aqui é o Arco do Fogo

Plasma aberto onde tu descobres o Sinal do absurdo
uma tatuagem sobre o peito e um alfabeto Felino
capaz de significar mais dentro e mais longe Aqui

o Felino-em-Ti é a metáfora da Descoberta do Corpo 
capaz de arder 

Thursday, June 25, 2020

Opening Ways



 

There is way. There are ways opening ignorance.
People come here to open their chests against languages.

My tongue cannot touch your language. You define the coming, the truth of coming.
I go back to where I remember going back to...

Birds have no imagination to begin with. Every wing keeps opening ways all around my finite chest.

In the beginning we remain within the shape of hope fulfilling...
Then, you know perfectly how to engage in the flux of silence while questions approach...

Are you willing to begin Space 
otherwise than maze? 

As Montanhas do Fundo



os oceanos são o corpo próprio da minha fronteira inquieta

toda a direção do Sol se dissolve na ondulação

cada onda interroga o movimento sobre o seu Nascente e o seu Poente, 
cada onda é um vetor-momento que faz acender o amor da luz
cada onda responde antes do esforço de compreender
porque existir-no-corpo-da-onda gera o espaço
corpo-bailado-onda

Ir é permanecer  

Quanto Desejas de Infinito e de Incógnita? 

As Montanhas do Fundo vibram no íntimo dos oceanos sempre capazes de novos vulcões onde nascem novas ilhas
O mundo é uma semente sempre em confusão germinativa, excedendo o corpo denso anterior

Compreender é amar com inteligência 
o corpo próprio de cada onda compreende o meu esforço de compreender o ritmo
a Inquietude Original de Indefinidamente sentir 

Monday, May 18, 2020

Medo da lágrima sob a Ponte



. Sobre o medo da lágrima

 

 

uma gaivota é uma metáfora de outra Alteração

e cada símbolo gera outro símbolo... a vida embarca em símbolos…

a vida escreve  desenha  esculpe  símbolos à flor da pele

 

os símbolos noturnamente trabalham sobre o medo

na espiral de sonhos novos

a arte dos símbolos e a arte dos sonhos incendeiam o caminho

surge  o afeto  o motor do afeto e seu ruído sem Fala

vozes de animais dentro de animais

a devastação confusa da lágrima

Alteração de Ritmo e de Espaço

Corpo-a-Corpo  cada Símbolo vive Aqui  Desejante  Nudez no seio

cada Símbolo arde Aqui  afeto Desejante  Caminho Onde Porquê?

o Amor descobre Onde Porquê a falésia gera Símbolo-nu-Corpo

perseguindo a Desejante perseguição

dando a vida nua ao Mar

de gaivota em gaivota... mergulhando Símbolo-nu-Corpo

outro fogo florestal cerca a casa  sopra outro vento nas copas

 

não tenho medo da lágrima... chorar abre a respiração…

a lágrima lava os olhos e os textos... fica tudo mais iluminado...

o medo de florir. o medo de demolir. o medo de abrir. o medo de partir. 

o medo de ferir.

todos os medos soltam as âncoras na fome de encontrar-Me

escorrem Aqui na Desordem dos laços à flor da pele


Thursday, May 14, 2020

Hora de Viagem



Como mulheres escravas manietadas, 
as minhas viagens entre Meia-noite-Meio-dia 
são Alteração irreversível na nudez.
Cada hora de viagem bate, cresce, morde, 
queima, ensina, abre, 
sopra… Fica tudo
escrito no corpo, para sempre. Dizem que passam horas, 
mas não passam nunca,
as horas são forças geológicas, põem-se
 e sobrepõem-se, geram paisagem
sobretudo montanhas e abismos: a pele do espaço.

As horas nunca passarão. Se passassem, o mundo
não seria esta hemorragia
que não para de submergir-se a si própria. 
Se as horas constroem
ou desmoronam, obviamente ninguém sabe, 
mas sabe-se que não passam.

Não passam nem nunca passarão. 
Que horas são? Que tempo faz?
A pele nua interroga, a pele nua responde.

Está escrito dentro.
No Sol mais fundo da Derme

(o palimpsesto cresce Biblioteca
estratos infinitos de sentidos
entre a Epiderme e o Absoluto)

Tuesday, May 12, 2020

Sobre o medo da lágrima




Sobre o medo da lágrima

uma gaivota é uma metáfora de outra Alteração
e cada símbolo gera outro símbolo... a vida embarca em símbolos…
a vida escreve  desenha  esculpe  símbolos à flor da pele

os símbolos noturnamente trabalham sobre o medo

na espiral dos sonhos
a arte dos símbolos e a arte dos sonhos
 devastam o caminho

surge  o afeto  o motor do afeto e seu ruído
 sem Fala
vozes de animais dentro de animais
a devastação confusa da lágrima
Alteração de Ritmo e de Espaço

Corpo-a-Corpo  desejando Onde Porquê o Desejante caminho
perseguindo a desejada perseguição
dando a vida nua ao Mar
de gaivota em gaivota...
o Amor descobre as falésias Onde Porquê o Desejante
o caminho sobe Corpo-a-Corpo até Onde 
escorre o espaço  a Desordem das forças sem Fala
os laços à flor da pele projetam uma Fonte na Hora Inflamável
a aflição da lágrima respira ofegante ao Meio-Dia
o persistente Dom-da-Vida agita-se nos seios

outro fogo florestal cerca a casa  sopra outro vento nas copas

não tenho medo da lágrima... chorar abre a respiração…
a lágrima lava os olhos e os textos... Tudo mais iluminado...
o medo de florir. o medo de demolir. o medo de abrir. 
o medo de partir. o medo de ferir.
todos os medos soltam as âncoras 
na fome de encontrar-Me
escorrem Aqui na Desordem dos laços 
à flor da pele