Wednesday, October 5, 2022

Ou através-mar ou através-deserto


 Atravessar o mar ou atravessar o deserto 
pode ser o Perdão-Infinito-entre-nós 
a Coragem-do-Dom que liberta de todas as dúvidas e medos

Portanto, o Princípio-da-História

Tuesday, October 4, 2022

Desejo das Ilhas: Desejo-de-ir


 Na génese do mundo
como na génese do amor
o Desejo eleva ilhas no espaço 
ilhas ou arritmias no coração caindo para cima
a Distância mais-Alta-e-mais-Funda
onde os sinais confundem todos os sentidos
vastidão das primeiras respirações líquidas
...

O Espaço germinando no Princípio-do-Mundo
como no Princípio-do-Amor
reúne o Infinito e a Diferença
no mesmo corpo
meio-aflição  meio-êxtase
Desejo-de-ir
Desejo-de-mergulhar
na mesma Exclamação
Verdade nas correntes de sinais
confundindo Tudo
no silêncio
boca-a-boca

No Desejo das Ilhas
nascem os Arquipélagos
e os arcos de ânsias
e o tremor do pulmão no vento mais livre
e o corpo da Mulher nadadora na vertigem mais penetrante 

Desejando-ir-e-ser a passagem do Mar Absoluto na língua
pedindo sempre no limite da força vital
a tua língua na minha língua

O Desejo-de-ir demonstra atmosferas
explicando quanto Deus oscila no seu Projeto Original
ligando a cor do sangue e a cor do céu
boca-a-boca
...






Wednesday, September 7, 2022

Corpo-Oceano


Imagino-Te sempre no Infinito Interior
uma Noite-de-Liberdade advindo inteira cada noite
oscilamos no Vazio-portador-do-coração

Imagino-Te sempre na Passagem Radical
uma Noite-de-Criação chamando a Primeira Energia
oscilamos no Vazio-gerador-da-emergência
    
cada noite é uma abertura do Vazio-de-Poiesis 
chamando a inquietação Além-Deus
o transbordo de ferir e a transvia de curar
oscilamos nas mãos do vento desde a primeira respiração 

 
nosso Corpo-Oceano inventa o Vazio-da-Origem

Tuesday, August 16, 2022

Tudo, Nada, Algo


 O poder de aniquilar e o poder de recriar:
o pulso novo da areia viva,   
a Era do Oceano.

Sunday, August 14, 2022

Sinais de passagem


 Os pés no chão, na areia húmida marítima, são uma possível prova do Mistério da Passagem.
A matéria do corpo encontra a matéria do mundo e acontecem Sinais da Aventura que dura um instante durante a passagem e depois do fim. Entre o fim da aventura e o fim do Sinal é onde a Sabedoria procura compreender-se. Porquê permanecer sensível o Sinal? Que significamos?

Na areia da praia, permanecem os sete dias da Génese na duração dos sinais, entre duas ondas. A primeira manhã do princípio regressa sempre na onda seguinte. Porém, no infinito da ondulação, o corpo da praia e do mundo é uma infinita metamorfose, ligada às forças de Tudo, desde o núcleo da Terra e da Lua, até à radiação do Sol mais futuro... Somente o vínculo de tudo com tudo explica este primeiro Poema de Amor, primeiros grãos de areia nos lábios, procurando ar para começar a respiração e seus incêndios.
     
A matéria dos Sinais de passagem é a pele sensível do Infinito tão vulnerável, tão carente, tão vibrante no regresso à Fonte e à Espiral expansiva da Fonte. O Infinito renova toda a Poesia entre duas ondas. Talvez exista uma memória subtil, na essência da areia e do mar, que protege e interpreta todos os sinais húmidos que se apagam sempre jovens na onda, sempre jovens nos lábios.
 
Vulcões oceânicos fazem falésias de rocha, falésias que fazem grãos de areia, grãos que fazem Poema-no-peito, Poema sempre na infância do próprio Mistério, na infância da própria Mãe, a Génese livre dos Sinais nos lábios, procurando o espaço corpo-a-corpo, procurando o ar boca-a-boca, procurando a respiração e seus incêndios, entre o Perigo de duas ondas, a Revolução de duas ondas, o Infinito sob o Impulso...  

Entre duas ondas, a infância da Matriz prossegue a criação de energia onde a nudez dos pés passa e significa mais do que passar, pertencer à ondulação e à metamorfose de Poesia e a metamorfose de todas as forças na história do verbo Amo-Te, o verbo da História de Poesiar Infinito.
 
A história do Amor dura neste instante, nos Sinais de passagem e nos Sinais de criação: os mesmos Sinais-de-Desejo, perdurando na profundidade deste instante.
 
As pegadas nuas duram os sete dias da Génese, sete segundos, uma respiração pacífica, entre duas ondas. Depois, a unidade entre a Matriz livre e a Infância infinita encontra o canto original.

Os Sinais aprendem a sintaxe dos movimentos expectantes, desejantes, originantes. Imperfeita sintaxe do verbo Amo-Te, imperfeito abraço na história, os sinais sofrem as tensões das forças que atraem à distância. Tanta força circula nas veias dos Sinais, tanta força de destruição e de recriação, necessitando sentido, navegando através das espadas indefinidas, gritando liberdade ou loucura, tudo ou nada, no quadrado da distância e no inverso do quadrado da distância.

Sinais-de-Desejo desordenam a linha do Horizonte.
Um grito oscila: grito de paz e grito de guerra, sob impulso de Conceber-e-Construir.
  
No horizonte dos arquitetos e dos construtores, ocultam-se sempre medos de abandono, dentro do medo infantil do escuro, não obstante a Claridade da Sabedoria ao meio-dia. 
Os Sinais estremecem: é o outro medo inesperado de partir sem chegar à Poesia materna, medo do Fim crescente, acelerando no vácuo, acelerando nos planos inclinados de ser-e-não-ser, devir, entre duas ondas maiores do que meus olhos, acelerando no quadrado elíptico da distância e no trapézio inverso do coração e no losango em espiral das outras forças... 
Os Sinais partem e desejam partir na confusão da alegria originante. Assim,  as pegadas da história do Amor mostram, falam, desenham, escrevem, significam a passagem singular pela substância mais futura do Sol.
A alegria alcança o Sol futuro (ainda, contudo, no medo do escuro): Contacto evidente entre o Infinito e o Mundo.
Sinais-de-Desejo desordenam as linhas no Poema-do-peito.

Todas as infâncias partem para vencer o medo de partir e de perder. Depois do perigo da partida, começa o perigo do regresso. O lar é a Desordem-da-Terra, sob impulso de recriação constante. O lar é nas ilhas vulcânicas - horizontes anteriores à memória da partida. A alegria projeta a velocidade da passagem entre duas ondas, dois códigos, uma sintaxe de Verdade, um tacto transformante...

Os sinais da passagem oferecem o corpo ao mundo para a ficção de Poesia, infinitação sensível da Génese. 
Cada sinal no espaço desenha a a passagem do Infinito aqui, no sangue da paixão da Claridade e da Obscuridade. Fazemos sinais contínuos, entre duas ondas. Prometemos sinais novos, para além-Deus. 

O corpo toca na ondulação de Poesia, através gerações de silêncios encantados sobre a pele amada que aquece na fricção da pele amante. Inventamos códigos para além de terra, água, fogo, ar... inventamos os deuses criadores e a matemática da Criação e a música radical da paixão, onde a angústia-de-Indefinido dança nuamente com a Vertigem-de-nascer
 
 Entre duas ondas, os sinais da passagem significam o trapézio de Poesia... Tu nasces sempre, Tu morres nunca. Tu assinalas mais-do-que-imaginas. Tu podes mais-do-que-concebes. Tu realizas mais-do-que-prometes ou projetas.

Profundidade de durar na história do Amor: 
Para além de terra, água, fogo, ar, vibramos claramente na Meia-noite mais densa. 
Fazemos sinal com fome e sede e todas as carências transformadoras: corpo inteiro significa aproximação-de-Princípio, alguém-encontra-alguém mais dentro do que dentro. Possibilidade neste mundo: Alguém-toca-Infinito, aqui, em movimento.

Friday, August 12, 2022

Becoming water


 

God and Life Becoming One

Eros Becoming Kosmos


so vast and silent 

in my tongue

Love is becoming water 


(and Thirst so alive and whole

is the Mystery of Becoming fluidly Capable of Love

and thirsty Body so mine and thine

is one immense Tension

fullness of wings Becoming wind)

Thursday, July 28, 2022

Poema subjacente a Tudo


 Há sempre talvez um poema aqui
poema subjacente
sob a pele
sob Tudo

Poema subjacente ao corpo do meu silêncio
poema sob a pele minha
faminta cada dia
a fome vertical do meu meio-dia
poema sob Tudo
ardente cada noite
o ardor horizontal da minha meia-noite

Há sempre talvez aqui um poema oculto
Onde se esconde? quem sabe onde?

Onde está o meu mais íntimo e mais próprio Poema?
na língua mais próxima.
Tua língua escrevendo na minha boca.


Thursday, July 7, 2022

Bibliotheca - Therapia


Therapia in the Bibliotheca

Rebirth in the Library - reading my Hypothesis my flesh my wound

Possibility of nudest becoming nudest believing 

Rebirth within pages and among signs


where is love the Sublime Freedom of beginning

Wednesday, June 29, 2022

Lifeline poem-voice-touch


 ocean echoes  your pulse  in the morning
your pulse calling  approaching  disclosing First Sun
the Absolute Firstness  my silence sensing your pulse  
my faith  opening  my sailing heart  desiring Abyss
the Adventure face-to-face with the Springwaters
where ocean echoes  my First Sun
kissing my womb capable of Tsunami
one and only mouth  
around the red world my tongue
my earth bleeding as if Original

your pulse spreads my arc of healing 
multitude of winds  one and only mouth
around my silence clarifying my First Sun
Tsunami capable of world

your song here echoes  your thread
my anchor  memory  flowing voice
my lifeline surprises the naked voice
touching as if Original Poem of First Sun
returning to the bottom of Springwaters
where ocean echoes firstly in Love
despite the whole and the infinite season of fear
not understanding why the sparse anxiety of waves
season of fear against eternity 
midnight on the moon

Sunday, June 26, 2022

Birth and Growth Place


 within the truth of Ocean I must dive to clarify the junctures of life
within winds I must dwell 
my place my orbit

the signs I must write here on the bare chest as if Desire
biting equals kissing furiously

signs I write 
mouth and tongue run madly no idea why 
everything is metaphor of my heart  maybe 
signs I agitate towards the Open
winds of arrows fighting for an instant of ecstasy and fire

my angst yells  Fire  and foam of love coming through the Atlantic
my angst clarifies  Silence  and  foam of love sunbathing against Moon
oblivion threatens more than Apocalypse Tsunami

Loneliness explains the weather 
and the whole  beyond
clarity of life  

Friday, May 20, 2022

If Infinity there is, then Possible is Open


you are still the Longing One
on the seashore

you are still the Incoming Wave
from within and above

 

Tuesday, April 19, 2022

Morning Poem


 the morning poem plunges into your page
the four dimensions of your nudity

the morning poem offers Absolute Sun
the seven flames of your freedom

the morning poem raises the Song of Songs
the One capable of opening your mouth
and the One burning tenderly your chest

the morning poem begins
your Spring again
calling

Sunday, April 17, 2022

On the power of desiring


 every morning is now the First Spring
the power of desiring
here
you arrive at the first nudity of mouth or page 
the page calling for the love letter
the love alphabet   the love language
 here 
hope brings Signs sharing now the Whole morning
fullest evidence of life
First Spring
here
power of desiring
capable of continuous waves
beginning becoming blooming
Beloved Bodily Possibilities
I kiss your bare feet and hands and last Angst

every morning is now the First
Absolute Sun on approach 
here I kiss your bare moons and last Stone
this Orbit within my Indefinition feels more-than-force
freedom growing in the Wilderness
here edge vertigo
leap of faith 
almost strings and woodwinds and jazz
my flesh exposed to the Open
capable of blowing music 

Desire touches the power of breathing
percussion expanding the Whole
Desire discovers and invents the rhythm

Desire reaches my Disclosure
my breasts my Orbits 
when discovery or invention
Powers begin  become  bloom 
Beloved Bodily morning

anchored hope you may sing while maturing
my breasts my Orbits
novel nudity originates indefinite truth
Powers of Desiring

Wednesday, April 6, 2022

Poema de vida inteira


uma árvore cresce no silêncio do Amor 
no clímax do silêncio do Amor 
há tempo húmus mundo

Uma árvore cresce no silêncio do fruto livre
ou na carne viva do fruto livre

Acredita 
Toca aqui com os lábios
o Sinal maduro

uma árvore cresce no silêncio central do Amor 
também meus incêndios florestais escrevem mais maduros

o diário íntimo está escrito no ritmo de respirar e adormecer olhos-nos-olhos
o rosto recém-nascido repousa sua fome nos seios maternos do Poema

Primeira satisfação da vida inteira sempre repete 
a primeira página do diário íntimo

Primeiro tacto está escrito
no cerne do Texto-tronco-nu 
minha árvore do Amor corporal
meus incêndios florestais

o Poema regressa vazio ao ritmo da Respiração
  
e a Palavra infinitamente buscando a Direção 
o Primeiro tacto materno 
onde Tudo-respira-melhor
o Poema-em-Canto 
o ar livre entre pássaros e pássaros
decifrando as linhas da Primeira página íntima

o diário mais íntimo é a água subjacente no Amor-em-construção 
uma casa de ar livre nos ramos mais altos da floresta

tanta vertigem de aproximação e alteração e libertação

Saturday, April 2, 2022

morar no jardim e no abismo


 a geografia do Amor conhece todas as latitudes 
desde os abandonos aos desalentos 
até ao curso de silêncio Capaz-de-Deus

a geografia do Amor conhece todos os caminhos
desde enigmas de montanha e de confiança contínua nos Sentidos
até regresso boca-a-boca pela noite dos rios 
de onde começamos sempre no Princípio do Desejo
todos os êxtases possíveis

os caminhos de montanha têm atmosferas extremas
o coração ofegante estuda a geografia do Amor
compreende os Sentidos onde moramos onde escrevemos
jardins e abismos no mesmo solo no mesmo sangue
 
eu desejo sempre o Princípio: permanecer neste Texto-tronco-nu
permanecer no Teu círculo do Princípio
na Tua explosão-em-mim primeiro Alfabeto
na Tua ondulação-em-mim primeiro Sinal
Língua pacífica do Princípio 

sempre Desejar o Princípio no coração é morar no jardim e no abismo
Tu tocas-me agora na Era do Princípio 
a Idade das grandes invenções

morar no jardim e no abismo
sempre Desejar o Princípio é Outra-potência-em-mim 
outro coração aéreo Capaz-de-Transfinitude
onde somos a sabedoria do caminho
onde começamos onde descobrimos
onde este Texto-tronco-nu toca na Língua ou na lava ou no pó
onde a explosão primeira do coração faz Espaço-Tempo
jardim do êxtase  abismo da angústia  
curso de silêncio e de lava e de sopro
unidade musical entre as mãos e a Língua

sempre a Origem regressa boca-a-boca
significando explosão primeira no coração nascente
coração sem morada permanente aqui
indo sempre mais longe mais dentro
construindo jardim no chão no peito de Tudo

sempre Desejar 
no fundo de abismo podes florescer-em-mim
coração sem morada permanente

Onde moras hoje? Onde respiras o tempo Possível? 
Interrogo esta manhã esta noite esta tarde 
hora de perder a âncora e de salvar o Mar

Onde poesias minha Inquietude Desejante? 
Onde inventas Tudo de Alteração plena? talvez Cantar?
Onde respiras a minha Confusão
meu Texto-tronco-nu?

sempre a Origem regressa boca-a-boca
és o Sinal na atmosfera talvez Cantar

a história do Amor  a geografia do Amor  a Psicodinâmica do Amor
a tua memória ardendo como Biblioteca inteira escorrendo 
na mesma harpa  no mesmo sangue  na mesma lava 

a tua Língua nova vê as horas no Sol Absoluto
morada dupla do Amor desde a Origem: no jardim e no abismo 

Onde esperar-Te hoje? 
esta tarde esta manhã esta noite este ciclo 
sem morada permanente
confusão de perder e de salvar respira-me 
plena de asas verdes desde o fundo
asas verdes futuras após holocausto

(na solidão Sophia pressentiu a frase mais Capaz:
Se soubesses como és amada, Se soubesses como és amada, Se soubesses a tua verdade, 
poderias voar mais-longe-mais-dentro ou enlouquecer transfinita de tanto)

no jardim ou no abismo


as águas correm no jardim ou no abismo ou no Desejo
  
do corpo vivo do meu Amigo sinto agora somente o tacto do invisível
a essência do Amor Inteiro e do Sol Absoluto e do Poema Vital

Tuesday, February 22, 2022

Preencher-o-céu-de-sonhar-pássaro


 Cada criança lança no espaço o Poder-de-trans-Criação

Nascem florestas dentro de crianças na direção do Azul

Cada criança constrói casas nos ramos mais abertos
como se cada criança sentisse a Vocação dos pássaros 
construtores de florestas e de ninhos no espaço de trans-Criação
como se cada criança fosse a memória humana de Brincar-a-pássaro
e de Desejar-brincar-desenhando-outros-Possíveis 
Preencher-o-céu-de-sonhar-pássaro

Quero permanecer na infância
a memória de Poder-Ser-pássaro das florestas

Monday, February 21, 2022

Open Arches



I love the Open Arches of our chests 

sensing spreading plunging into the infinite body


These are the ogive curves of our prime mover our love 

rotating translating expanding beyond the Sensible

 

I always wonder why this Infinity feels like One Open Touch 

why this exterior Infinity remains the first intimacy 

first certainty first joy
 

Friday, February 18, 2022

Duração da lágrima


 Duração da lágrima matinal da criança na árvore nua do centro do jardim
uma casa abandonada perdura na brisa do Poema
o Poema perdura no vazio-trans-vazio Onde-somente-Dom

Uma lágrima perdura desde a infância 
escrevemos sonhamos beijamos a boca da Poesia-mais-nua-do-que-nós  

Sentimos o esforço a exaustão o sabor de respirar na raridade do oxigénio
Jogamos aos dados com o Alfabeto todo: Mistério começa a Arquitetura
Inventamos os dados com o Desejo todo: Mistério começa a Dinâmica
Comunicamos através da Guerra e da Arte Erótica 

Duração da lágrima matinal: clamor do Alfabeto-no-Desejo todo
estamos na extrema e excessiva Altitude da História
as árvores dançam esperando pássaros no horror do vácuo 

Wednesday, February 16, 2022

le rituel du chocolat chaud


 et moi qui sentais la vérité de la terre et du feu je m'imaginais 
un oiseau une attente une direction
je m'attendais au seuil d'une mémoire 
tremblement de la terre et du feu
je m'attendais comme si j'étais toi-même 
l'absence toujours la brûlure toujours
quasi-atmosphère

comme si j'étais toi-même revenant à l'envers 
et malgré tant de soleils
combien de soleils?
combien de soleils et de brumes puis-je boire en m'attendant au centre ville où les mémoires nidifient tressant les cheveux du bruit des machines autour des jardins ?
où les fleuves sentent l'odeur brutale des jeunes filles en fleur 
en fruit en fleur en fruit en l'air en chair en os en l'air en fleur?
et moi je m'éloignais de la coupe que tu lèves si haut 
jusqu'au ciel au-delà de tout oiseau possible
et néanmoins tu comprends comment on approche le seuil 
je m'désirais tellement être la coupe de ton liquide
la coupe se versant sur la poitrine et l'infini des lèvres la cruauté des lèvres
la coupe débordante où le rituel du chocolat chaud commencerait

je me posais une question: jusqu'où ira-t-elle l'intensité de l'avenir 
et du devenir 
dans notre bouche 
l'une la seule l'unique bouche?
je me répondais et je me cultivais une sage réponse un chemin une vocation 
à la limite des forces au bout des forces à l'envers des forces

comme si j'étais toi-même la sagesse de la réponse 
qui suffirait qui comblerait qui remplirait

je m'écrivais une lettre très transparente comme si j'étais toi-même
capable de la nudité qui aveugle qui explose qui saigne
combien de soleils puis-je ensemencer pour nourrir la chair du chocolat noir?
 
ceci est mon corps mon vrai corps où je m'attendais moi-même  
dans ta langue ta gorge ton intime sensation d'avoir faim et de réussir la vie 
qui dévore tendrement le noyau du corps au-delà des cinq sens 
toujours impuissants devant l'odeur brutale des jeunes filles 
buvant le chocolat chaud à la source à l'ombre tropical sur le seuil de comprendre 

et je me cherchais moi-même comme si j'étais Toi 
absolument pleine lune sous les volcans de la ville 
qui frémissent comme les coeurs comme les portes comme les livres

je me croyais capable d'avenir malgré l'heure avancée 
les fleuves s'écoulent dans la nudité infinie des baigneuses des femmes-fontaines
qui surviennent qui jaillissent qui promettent 
ici femmes-fontaines cruellement vraies et ailées en haute mer 
fondent la demeure et le passage
fondent les alcools des fruits et des fleurs et des questions 
aussi le chocolat sacré vivant en chair et en os commencerait la fusion 
un soir d'aventure