Monday, April 8, 2024

O Amor Noturno das Ruínas


 a música enche o tempo: o Princípio flutua no ar

oscilam vozes nas escadas. subimos as pedras. cada degrau emite outro murmúrio. subimos. demoram-se as mãos apaixonadas entrando nas guitarras aéreas que voam descendo do incêndio no telhado. subimos mais. sentimos melhor as guitarras livres na vibração das paredes e do chão. 

dentro do amor noturno, a viagem indefinível: o sonho da passagem entre cosmos.
cada Princípio é Princípio futuro: matéria fascinante no ar, como se chegássemos à-beira-mar tropical por uma gruta de montanha Ártica.

dançam órbitas excêntricas de coração aberto muito ardentes
a música enche a casa de festa quase em ruínas há séculos
a música é a linguagem do amor noturno 
sombras transparentes    

Friday, March 1, 2024

Pleno-Vazio: melancolia no solstício do círculo polar ártico


 

o Vazio é uma abundância transbordante... 
o Vazio é o lugar de Poesia

(o meu lugar e o meu pão quotidiano são o Vazio em-plena-Poesia
onde o Fundo toca no perigo de vida-e-morte)

o lugar de Poesia

o Vazio tem a ternura furiosa de Poesia



(NB: pinturas de Nuno Miguel Proença na exposição "Em pleno vazio", Lisboa, fevereiro-março, 2024) 

Vazio-Pleno: pássaros nas minhas raízes


 Se toda a Phantasia fosse 
o Programa-de-Eros poemando Kosmos?... 

Todas as raízes vivas 
seriam pássaros livres
cada vez mais

diagonal do Transfinito... 


(NB: pintura de Nuno Miguel Proença na exposição "Em pleno vazio", Lisboa, fevereiro-março, 2024) 

Wednesday, February 28, 2024

à l'intérieur des arbres il y aura des catastrophes


à l'intérieur des arbres il y aura des catastrophes

peut-être des sources, voire des incendies

un parfum de cendres et de peur indéfinie 

puis, des fontaines sur le désir ou besoin de sentir

le monde entier


(secrètes fontaines rouges sur le monde entier

ou fontaines pourpres ou fontaines de sang foncé mais très frais

secrètes fontaines de terre eau air feu)


tu peux boire ma peau jusqu'à mon coeur: poitrine ouverte

il y aura des catastrophes, peut-être des sources

puis, des fontaines sur le désir ou besoin de sentir

l'amour entier


(de secrètes fontaines rouges où se dénudent les inconnues

catastrophe-x sur mon coeur rouge 

catastrophe-y sur tes lèvres rouges

catastrophe-z sur le noeud rouge: mon coeur saigne dans tes lèvres)   

Monday, February 26, 2024

Sunday, February 25, 2024

Absolute Monomania: The One and Only Idea: To-be-Loved


a panic attack 
seizes the flesh of this world: horror 
of the void 

the void of not being loved seizes the Idea of being-not-being: am I?
am I fully loved in full sun?
am I fully loved in the tropical archipelagos of life?


(Am I loved? Are you loved? Has anyone ever born out of love To-be-Loved?

What is being loved? Why is being the furious necessity of being-Loved?)

Saturday, February 24, 2024

Aulas de Harpa


Primeira Aula-de-Harpa: as cordas da paz: o som abre as minhas mãos

a música treme nas mãos desarmadas procurando a Origem

o mundo pode começar


(sinto finalmente uma praia no fundo da tempestade

espero creio no fundo após longa noite de medos)

(os medos prolongam somente a noite compreendo)


Primeira Aula-de-Harpa: aprender os primeiros gestos de amar

cada instante do futuro é uma harpa que sopra nas mãos

o mundo pode começar


as mãos tremem 

quando os dedos tocam nos ramos

mais aéreos: altitude transfinita da floresta


Primeira Aula-de-Harpa: aprender os primeiros gestos de amar

cada instante do futuro é a mesma harpa que beija nas raízes 


as mãos tremem 

quando os dedos tocam nos seios 

mais nus: superfície transfinita da mulher

Friday, February 23, 2024

Infinity within Zero: Maybe first silence-wind-fire-




 you may begin from zero

as if born naked on the road


you may begin from infinity

as if born in fire

my lava my flesh



(fire has no mother nor father, like lava,

like water, and thirst, and my needy flesh,

generative fire in the flesh)


(i am infinitely orphan and my fire is liquid

i am the boiling thirst of unknown waters)

If pathos, then poetry: if poetry, then life


If pathos, then poetry

If horror, then beauty

(because, if poetry does not respond to pathos from the first wound

if poetry does not work-play-create through and within pathos, 

then you delve into the cruelest war: conflagration in the proper flesh

every fury of yours against every vein of yours)


 

Tuesday, February 20, 2024

"Abismos, passagens, limites": A Geografia do Amor-de-Sophia


 A vida começa junto à foz do Rio: tudo corre, tudo permanece

O Oceano é o Infinito turbulento 
o Infinito que agita as fibras do sublime contra a Beleza cintilante
a respiração corre tão frágil durante o prazer da Beleza 
diante do abismo 

A vida começa na ondulação espumante do abismo olhos-nos-olhos
imaginando as epopeias das passagens-sem-limite
e dos naufrágios possíveis

Há um jardim-limite no Princípio e no Fim
entre o abismo do Oceano e o abismo deste Mundo
talvez Desejo em crescimento

Há uma diagonal transfinita que liga os limites às matérias incandescentes
Tudo corre e tudo permanece, passando o sangue dos braços ao vento das asas 

As crianças enchem o jardim-limite com infâncias transfinitas
Alegria corre e permanece nas crianças amando Sophia
amando a Mãe: a ponte de carne viva sobre abismos
sem princípio nem fim

O fogo do alfabeto nasce nas árvores e nos seus frutos noturnos 
as fúrias vermelhas mais íntimas: primeiras palavras ardendo
nas mãos e nas coisas, desejando mais álcool de tempo
Primavera junto à foz do Rio

O amor-de-Sophia constrói sempre a passagem
A inteligência do amor falha sempre a passagem: tudo corre, tudo permanece
Entre a infância e a adolescência, os músculos interrogam 
a possibilidade de ser pássaro

Quantos corpos há neste corpo?
e quanta energia há neste Desejo?
Primeiro fogo da escrita, primeiro fumo, desenhando questões de carne viva
Primeiro dia da Génese: tudo corre, tudo permanece
uma paixão de adolescente corre do nada e permanece em tudo
a Ideia ferida de Ser-e-não-ser

Na foz do Rio, correm brumas no limite do abismo
permanecem passagens através do Pleno e do Vazio
desde o primeiro texto: o Amor-de-Sophia é o espaço inteiro
enquanto a loucura da Cidade agita o fundo

Thursday, February 15, 2024

Sobre o Desespero dos Poemas de Amor

quase no polo sul do fogo e do gelo

uma canção desesperada procura seu Oriente

a infinita dor dos lábios canta o Silêncio do Extremo

a infinita dor do desespero dos poemas de amor é sempre

a linguagem mais bruta: Silêncio do Extremo



sobre o desespero dos poemas de amor todos os lobos uivam de loucura 

e Alegria 

e Confusão

sobre o desespero dos poemas de amor: sensação corporal de princípio e de fim

sensação de enigma no corpo-e-terra 

alteração em todas as fibras

desespero-na-canção

poema de carne e estrela e pó


sobre o desespero dos poemas de amor: as cordas tensas

as cordas das harpas e das cítaras e dos barcos e das armas

as cordas gritam e ecoam... 

meu corpo-e-terra na língua toca nos extremos: a falésia mais alta e o colapso mais fundo e o medo mais mortal

a infinita dor: infinitos animais selvagens mordendo dentro de todas as fibras feridas

minhas fibras de carne e estrela e pó aquecendo no ácido do desespero dos poemas de amor

aqui bebo a canção desesperada desde o silêncio antes do Primeiro Poema: Silêncio boca-a-boca 

aqui antes da literatura, começa o sangue ofegante do êxtase derramado boca-a-boca  

Tuesday, February 13, 2024

Vertigem de Abandono


Recordo-me confusamente, intensamente... da vertigem de abandono... 

Recordo-me obscuramente com uns flashes de relâmpago multicolor... da vertigem de abandono... sentindo e imaginando na respiração vazia... como uma criança, eu-criança, poderia adormecer no colo da mãe e acordar um dia absolutamente só, selvaticamente só, sobre a rocha nua da solidão, no tempo do fim, ou o tempo após-o-fim, após o fim de todo o seu mundo vital, após o fim de toda a sua maternidade...   

Recordo-me nebulosamente da vertigem de abandono... a sensação-imaginação do terror de um dia poder-ser-só... a sensação-imaginação dolorosa da possibilidade ou quasi-necessidade trágica de um dia eu-existir-órfãmente... 

Angústia experimental de querer sentir o peso da dor futura, o peso do pior mundo possível futuro... Angústia auto-induzida para medir a potência do Desejo-de-vida e a contra-potência da desordem... 

Recordo-me obscuramente de querer sentir e imaginar as catástrofes do pior-mundo-possível, o ácido do Sacrifício, o caos dos processos de metamorfose indefinida... assim, aprendi o lugar dos meus músculos mais ínfimos e das suas veias mais ínfimas vibrando na respiração lenta, no limite do pulmão vazio... aprendi quanto todos os sentidos são tensões amorosas que temem perder-se...      

Mountain Ways: Atmosphere of Free Love


Mountain Ways within my Life
The Way in search of Moving Bodies 
flowing from the First Waters
within the First Inner Spring
 

Free Love Way: everything ever New
(Novelty renewing All-Reality) 

Freedom of Loving Way: everything ever Possible
(Love reanimating All-Novelty)

Liberating Love Way: everything ever Desirable
(Life reenacting All-Love)

This is Eternal Youth within the First Waters
the Secret why Life is always more Future
more than being-and-non-being

Sunday, February 11, 2024

Liebesgedichte onhe Liebesleib?



» Ach, wie sehn ich mich nach dir,
Kleiner Engel! Nur im Traum,
Nur im Traum erscheine mir! «

(Unsinn, Goethe! Wachen bitte auf!
Gehen Sie zurück an Ihren Schreibtisch.
Schreiben Sie dieses harmlose Gedicht um, 
aber füllen Sie es jetzt mit verkörperter leidenschaftlicher Sprache, 
d. h. mit Verweisen auf Körperteile und Körperempfindungen 
von Angst und Liebe.
Ein Liebesgedicht muss Dolche werfen! 
Absurdes Romantisieren!)

Träume, Wünsche, Ziele

 


folgende Abgründe 

jetzt zusammen am Anfang der Intelligenz: 

Ich weiß, das ich nichts besitze

zu viel Weisheit 

innerhalb Orakle 


folgende Abgründe 

hier zusammen am Anfang der Sprache:

Ich liebe, dass ich nichts besitze

zu viel Liebe

innerhalb Vogel


ich liebe dein Verb Leben

Saturday, February 10, 2024

Love: the Oneness and the Manyness


 Is it always the same sun?
one and only sun within every ray
generating light and its passions?
the infinity of colors?

Is it always the same love?
one and only love within every life
generating desire and its passions?
the infinity of embraces?

Is it always the same poet?
one and only poet within every art
generating signs and its passions?
the infinity of poems?


(Radical Infinity reconciles my motions 
over-erring over-aiming over-flowing)

(Radical Infinity involves me
my senses my times my bodies
between and amongst
One and Many)

Caminhos: passos no Desejo-de-ir e nada-mais-do-que...


no princípio
o Caminho acontece como Clamor

pedra sagrada do Desejo-de-ir
e Voz-no-deserto dentro dos passos

durante Caminhar
o Caminho faz-se carne que crê e espera e ama

quando há vertigem e terror de cair
o Caminho constrói a Casa-na-falésia
e o Fogo-da-casa-na-falésia 
e o Mistério-do-fogo-da-casa-na-falésia
e a Voz-da-mãe-no-deserto




(nada mais do que carne viva dentro do Desejo-de-ir)

o Caminho vibra em todas as paixões 

(dentro da carne viva
e nada mais do que carne viva
dentro do Desejo
o Desejo-de-ir)

as paixões de movimento são a Verdade de Eros
a força inventiva de Caminhos e Caminhantes

 
caminhar é dançar mais vastamente
mais amplamente  mais inteiramente
mais corpo-a-corpo na terra-a-terra

os caminhos são a Paixão-da-Invenção
Verdade-de-Eros 

Caminhos: Paixões e metamorfoses de corpo-e-terra


 os caminhos libertam Caminhantes

(ganhamos e perdemos vertigens
sempre antigas e novas
no real Absoluto de corpo-e-terra)


o Caminho brilha nos olhos livres

(ganhamos e perdemos terrores 
sempre sábios e loucos
na errância Absoluta de prazer-e-dor)


o Caminho liberta corpo-e-terra passo a passo 
 
(atingimos a respiração da Altitude
enquanto Silêncio atinge Cantar)


os Caminhantes devêm Animais Voadores
à imagem das Canções de Eros

(duramos-per-duramos  passo a passo 
o Caminho entra nos ciclos do corpo
enquanto se crê e se espera e se ama 
mais-do-que o Razoável)

a força do Caminho
cresce na História
(os músculos de crer  esperar  amar)

Reminiscing-Imagining-Longing


 I remember clearly the Reals of this world
Dawns and Rocks

I imagine obscurely the Possibles of this world
Suns and Ecstasies

I long intensely for the Necessities of this world
Loves and Wildfires 

Tuesday, February 6, 2024

Desejo Primordial Infinito


(Este Livro expõe Segredos Rítmicos:
é a linguagem de Eros na carne viva
Eros-dentro-de-Psyche)


(Segredo Feminino:
Por fim   Principiar
Ser Capaz-de-Dizer   
a minha boca   na tua língua livre
Te-Amo  neste mundo
Te-Amo em todos os mundos possíveis)


(Só se pode amar o que se conhece?
O Amor é 
a imaginação das Incógnitas Futuras
face-a-face.
Só se pode amar o que se alucina e delira?
O amor é a fábula real desta vida.)


(Cifras-me? Decifras-me?   
Alimentas-me? Devoras-me?
Cada questão é outro projeto de compreensão
Inescapável flecha nos seios nus   
face-a-face)

 

Monday, February 5, 2024

liquid intelligence


 a relationship between desire and fear
undulating again
uncovering again
primordially
face to face 

my own undulating and my own uncovering
expressing itself
being towards an Idea of Horizon

my own story as a whole
exploding and imploding
streams and currents and other unnamed
forces of Reality 

Friday, January 26, 2024

Tu és a ponte suspensa


 Tu és a ponte suspensa

(Repousa um século e meio de luas novas
enquanto Tudo flui
sob tua carne viva
através teu temor de voar)


Tu és a ponte suspensa
e o amor da ponte suspensa
e o salto do amor da ponte suspensa
e a loucura do salto do amor da ponte suspensa
e a gaivota da loucura do salto do amor da ponte suspensa
e o grito da gaivota da loucura do salto do amor da ponte suspensa

Tu és a ponte suspensa: Por que estás tão só?

(Repousa outro século e meio de luas novas
enquanto Tudo reflui
sobre tua vida nua
através teu desejo de arder)

Tu és a ponte suspensa
e o aço da ponte suspensa
e a força do aço da ponte suspensa
e a altitude da força do aço da ponte suspensa
e o abismo da altitude da força do aço da ponte suspensa
e a canção do abismo da altitude da força do aço da ponte suspensa

Por que estás tão só?
talvez ofegante no meio do Perigo

Por que não vais à fonte e à foz
compreender como Tudo flui?

Sleeping alone and Loving alone on the Riverbed


 This is a river 
called Dragons, or Days.

(Drink some foam of It
Sing along intoxicated
seagulls: Vive l'Amour)


This Future flows in my century, accelerates in my fear.

I know you wonder why
Why are you sleeping alone and loving alone on the riverbed
Why are you such an incertain bridge such an undulation of air
why are you so void of muscles and energy
why are you flowing from the future
backwards jumping falling screaming backwards

firstly you overlook strangers and their tongues
rebels bathing within your waters
kung-fu masters from the second day of Genesis

then you wonder again why
Why truly cannot this riverbed play my Jazz
my drums stating the Reality-of-Flesh

You vibrate against Why
Why always the same the other the encounters
unceasing Wildness here

In a Word you drive alone
always undulating air within fear
always undulating fear within desire



(Write down the silence of your answer
your mouth in a Word)
 

Friday, January 19, 2024

Prophecies of Ruins-within-palaces

 

you know you guess you sense
the Prophecies whispering from within Power
the Affirmation of Power  the Intoxication of Power
the Empire calling soldiers from within every life
as though the victory in war were the secret of enduring
claiming eternity 

 the majestic palaces at noon will be ruins at midnight

the greater the Self-Affirmation
the greater the Self-Loss
ruins beyond recognition
ashes at midnight 

Thursday, January 18, 2024

Ruins and palaces: matter is flowing through forms


every palace grows from the same Fancy 

and stone perspiring dust

within every palace ruins grow from the same Soil 

and hunger masticating memory


matter is flowing through my forms 

devouring my Construction   





 

Socrates-Jesus-Hamlet: Loving Life Dangerously





Socrates, Jesus, and Hamlet

diverse heroes of tragedies (so aware of sacrifice)

quasi-suicidal characters

displaced beings or beings-without-place

between thresholds 

nowhere atopos

loving life and loving truth

dangerously (so aware of sacrifice)


In common they all questioned the senses and the veils

they all met the closest possible traitors  loved intimate traitors

they all knew the City and entered the Palace of the City and felt clearly 

how madness was burning within those walls 

Were they on the brink of giving life, or choosing death in this world, preferring another world?
Whose world is this? Whose life is this, in this world? 
Were they facing the judges from above Justice, and above war-and-peace?
Were they willing to assent to the Disorder in the name, hidden name, of above Justice?
 


Monday, January 15, 2024

Pretérito mais-que-imperfeito


 Ainda é o segundo dia
Ainda o mundo está líquido

Génese aberta

(as mãos criadoras ainda transpiram)

(todos os amores são possíveis
porque o Tempo Imperfeito 
ainda tem coração)

Friday, January 12, 2024

The sun guitar


 the sun guitar glows within nights

the sun guitar blows within
my poems
my strings  my rays 

the sun guitar promises more life
much more life than this flesh
finite flesh can fulfill 

Thursday, January 11, 2024

Kamikaze ballet


 and if?
And if a kamikaze cyborg pilot 
hijacks your dancing body
among and between hands
strings explosive drums
between and betwixt
jazz hands jazz mouths
explosive brass?
 
and if? 
and if the kamikaze rage hijacks
the fullness of your octaves
and accelerates your vessels until  
the edge of flamme
ballet of wings
between and betwixt
jazz hands jazz mouths
perspiring liquid bronze
on the brink of burning?
 
and if then you see and touch and savor 
the heart reaching the peak
as the kamikaze pilot throws your flesh 
against the chest 
of the red night
black hole devouring
naked bodies dancing bodies naked
red on black
black on red
vapor of stars
kissing within mouths
breasts within kissing? 

What is happening in this Life-World?

Is it Eros? Is it Thanatos? 
Is it Poiesis? Is it Pathos?


(Is it love? Is it war? 
Is it You  my Trauma?)

(You tell me
my Code 
my Enigma)

Tuesday, January 9, 2024

Coragem de criar


 Quantas vezes 
o mundo começa e acaba? 

Quantas vezes
alucino e deliro
aqui?

Quantas vezes 
tudo é dor 
no corpo exausto 
entre as rochas de granito?

Quantas vezes
caio e escorrego e caio?
Quantas vezes se repetem as quedas?
Quantas vezes o ritmo das quedas é maior que eu
maior que todos os ritmos quebrados da minha manhã?
Quantas vezes as manhãs são trevas para o meu corpo sem olhos
trevas mais confusas 
do que as noites? 
Quantas vezes é indiscernível o chão e o medo?
Quantas vezes se repetem as quedas
antes de ser capaz de compreender o espaço
para erguer-me e mover-me?
Quantas vezes 
Tu és mais verdade do que eu-para-mim? 
Quantas vezes
os meus sonhos são mais coerentes do que os meus sentidos?
Quantas vezes exclamo a liberdade de imaginar
outro corpo mais capaz de mim? 
Quantas vezes me aceito e me rebelo e me mato?
Muitas vezes em cada instante.

Muitas vezes duvido de Tudo 
na paixão de querer tanto
no desequilíbrio deste corpo exausto e cego 
contra as rochas  contra as rosas  contra o ruído das ruínas
contra o riso da esperança e seu diamante mais fundo
contra as trevas que sobem ainda esta manhã
contra os relâmpagos de trevas que fendem ainda o peito do Meio-Dia
contra as rochas que rolam na minha raiva-de-cair

Muitas vezes em cada instante
transpiro meu amor de mulher voadora
Muitas vezes
água e sangue em cada instante fazem os líquidos do corpo
fazem o corpo líquido púrpura que me escorre 
sofro a paixão-de-Tudo e a paixão-por-Tudo
dói tanto Tudo o que existe
carne vermelha

Muitas vezes em cada instante 
cada instante no seu infinito sou esta arritmia
infinitos ritmos de sofrer o tempo
ritmos de rochas e rosas roendo como tambores no tórax
fraturam as vértebras dorsais
desfazem o esterno e o arco do peito
quebram as costelas que protegem os meus combustíveis
meus pulmões ardentes meus projetos ofegantes
meus impulsos sangrentos de navegar

Quantas vezes começa e acaba
no mesmo instante
a coragem de nascer
a coragem de criar? 

Sunday, January 7, 2024

Poema materno: Amor-do-mundo


 Bebo o Amor-do-mundo no leite materno

Bebo ainda o mesmo leite com o mesmo sol por dentro
em casa e no caminho 
na hora de repouso e na hora de angústia
bebo ainda o leite que alimenta o Amor-do-Mundo   

Friday, January 5, 2024

Poema Materno: Sobre o Amor da Viagem


Minha mãe é o amor-do-mundo 
através do amor-da-viagem

Minha mãe é o Desejo Adolescente do Caminho
o Projeto de voar e dizer o nome das coisas vivas

Minha mãe é a professora do alfabeto e das primeiras frases:
aprendo a respirar lentamente entre sílabas difíceis
sentir as primeiras órbitas do mundo nos sinais

Minha mãe é a paixão da próxima viagem
e a repetição do caminho de cada dia
brincar na terra com as crianças mais livres do que vento

No inverno imagina minha mãe os caminhos na floresta
reunir a lenha para a fogueira da noite
No verão imagina minha mãe os caminhos na praia
ir juntos ao fim do areal falando dos barcos dentro da infância
voltar juntos ao meio-dia ao coração da praia falando dos barcos
os antigos barcos imaginados pelas crianças das montanhas

Minha mãe ó o amor-do-mundo
o amor das histórias de viajantes 
Permaneço no colo do Poema Materno
um sopro vivo começa a desejar mais mar 

Minha mãe é o meu amor-do-mundo
libertando  animando  o Desejo de mais Caminho

pegadas nossas escritas apagadas entre ondas
 matinais na areia da praia até ao fim do areal
onde a areia toca na argila e na rocha
falando das matérias primas da maternidade
enquanto as gaivotas gritam azul vivo dentro de Tudo 
vamos juntos voltamos juntos

falamos de casas dentro de barcos dentro de corações dentro de Tudo
espantos de crianças voadoras durante as viagens
ainda no Primeiro Alfabeto das cores
ainda no Primeiro Sol sobre a pele

Minha mãe é o meu amor-do-mundo-nesta-vida
amor-da-vida-neste-mundo 
através do amor-da-viagem: os filhos partem-e-voltam
os filhos têm a sede e a fome das memórias
escritas e apagadas entre a pele das várias infâncias
ondas de mar falando dos desejos inquietos de mãe
os filhos partem-e-voltam
crescem no Desejo-de-mais: exclamam nos trópicos e nos polos
o amor-da-casa aberta e o amor-dos-caminhos abertos


(o poema materno explica as órbitas dos filhos que partem-e-voltam
as casas crescem  fermentam lentamente como pão
enchem-se  esvaziam-se  na ondulação do amor-deste-mundo
vamos juntos à farinha à água: as matérias primas matinais
voltamos juntos à fogueira ao forno do pão: as matérias primas da mãe)