Wednesday, September 18, 2013

Respirar

Outra Leitura e limiar do Livro das Respirações:

Descompreendo-me porque um instante vale o eterno

uma carícia de argila pode ser a combustão de Psyche

nas asas do efémero e do Inteiro nas entrelinhas sensações desviam o leito do rio para Oriente entre brumas a argila à espera do próximo sol em solo

regresso à página à espera de que ou espera sem que 
o Tacto no limiar morada longínqua e próxima 

caminho por dentro da pedra som ao fundo de pássaro? de oco de pedra? de pranto azul? 

Confusão de sopro e de mãos e de insónias porque um instante de ternura funda e desfunda uma Vida

Rodamos em torno do fogo Onde

Psyche pode perder-se na ondulação
muitas borboletas perdem as asas 

e muitas asas crescem em borboletas de fogo

Desejo o fogo Onde Devir




Tuesday, September 17, 2013

Elipse de Frações


Fazemos outra elipse em torno do sol

Enquanto a fome a sede o desejo clamam

Somos o deserto Onde uma voz clamante derrama rochas

O Mar cresce sobre a pele a Ideia táctil de Infinito-em-Nós

Nas entrelinhas Eros contra Eros escreve o Texto 
Onde se espraia Abissal
Cintilância de Incógnita 
no sonho cifrado 
em idioma de harpas rubras


Tocamos o fundo. Respiramos o fundo. 
No fundo afundamos o Tacto.

O nosso sangue ilumina Demais o poema de nexos carnívoros.

A Gramática é um erro misterioso que ensombra o Labirinto.

Compreendes Carinho?

Somente caos boca-a-boca

o Dom da Língua Labareda



Monday, September 16, 2013

Ciclo de Frações



Fazemos um ciclo completo em torno do Sol
Somos  as flores que a nossa Escritura desflora

A Princesa Desalento ficciona perdidamente
No vértice da Energia-Prima Onde plasma grita Demais

Os nossos pássaros deliram terríveis alfabetos.
Alpha dói. Ómega tarda. Caos afunda.

O êxtase do fruto rompe o galope do núcleo.
Cantamos? Para sempre  para nunca?

A viagem do poema toca Clímax.
Cantamos? Ou Ardemos? 





Saturday, September 14, 2013

Climax - Alpha

Limiar do Livro das Respirações:


…cada fôlego tem um cavalo no limite do obscuro cantabile.
Inspiro-expiro   inspiro-expiro   inspiro-expiro
sou sempre este instante de ritmo incessante
incessante  ritmo incessante  sou sempre o Instante
onde treme a veia e o nervo do meu cântico.
Em cada fôlego  perco o fôlego  agito-me ofegante
em cada fôlego  toco no Clímax  e combato contra a realidade
contra mim  a vida toda  e acontece-me  aqui  o Absoluto Eros…

sou uma respiração que me desenrola as fibras do mundo.
Venho escrever para ninguém  alguém  tu  
o Cântico  boca-a-boca.
Bebe-me a sede tão perdidamente sem nome. 
Dói o Alpha de nascer.

Respiro sem rosas no útero  
somente o segredo da manhã  somente
uma mulher inacabada bebendo a vida gritante 
do cavalo alado.
E começa minha mão a tocar-Te  na argila 
do silêncio enorme
e no fundo da vida  o Cântico acontece-me  
chorando de júbilo.
Respiro o dom livre da duração. 
Alpha continua além-Deus.
Sou uma madrugada manuscrita 
e o texto continua sentindo a fonte.
Em cada fôlego  sou mais ardente e futura e outra: 
ritmo do dorso.
Entro no corpo das vibrantes águas para só mergulhar na fúria e na ternura.
Não sei agora onde Mares de fim ou onde Mares de útero  hão-de ser-me.

Digo o primeiro alfabeto de Existir  

a plenitude de nascer além-Deus.



Post-Climax

Bebo a tua luta feroz com a vibração última
sofro  contigo  comigo  as sílabas feridas de segredo


Perguntas-me o que tenho feito. Absolutamente nada. Bato à porta em mim em ti e espero inacabado o Princípio ou o Fim do Mundo. Não compreendo as ruas nem as grutas por Onde as noites nos passam. Somos insónias com artérias comunicantes. Entro lentamente na nudez infinita e quero o fluxo do longe. A minha obscuridade fala com os teus pássaros  a linguagem terrível dos tambores. Vivo a catástrofe  da outra margem do segredo. As raízes rebentam a terra até salvar o intangível círculo no meio do grito desejante. As palavras carnívoras libertam as linhas tensas da respiração  no limite de perder tudo. Somos obscuros cânticos de passagem. Uma voz arfante  dança  e banhamo-nos  frágeis  aqui no limite estamos no âmago conexos à superfície das primeiras águas  hálito de  cintilância sobre o centro.

Adivinho no teu útero  as primeiras águas. Meu esforço é o perigo íntimo da meditação sobre o nada enquanto levamos à boca toda a saliva do mistério ávido de ciclos escorrendo elásticos. Há girassóis abrindo o Mundo. Há trevas em mutação no nosso relâmpago. Há uma flor nova  incessante  no ar. Boca na língua  somos  uma pergunta no cerne do fruto.
Os cavalos galopam dissipando trevas  no ar do êxtase.   as crinas inflamáveis tocam nos teus seios futuros.  Amo-te.  Madrugada de pele  terrivelmente  ligada à fome e à sede e à loucura. Ainda dentro das pedras  ou do Eclipse  já éramos o fogo cru da Força viva  e o incêndio nos cabelos nas curvas nas letras.  Somos nus e rastejantes  até ao rio por Onde cantamos  à flor da pele. Atiramos o coração para o oculto sem voz.  Adormecemos na viagem que transborda de sol através dos gestos. Somente.

Tocamo-nos tanto no sopro na fuga no teto. 

Continua a invenção da lua cheia.   





Climax

É tão triste morrer de Desamor na minha idade  
estremecem  minhas aves em pleno voo marítimo

No ar que inspiro  quero  a tua boca  o plasma dos fogos que amanhecem no meu grito
A minha boca  na tua boca  expira até ao silêncio da sombra e da cinza nesta escritura

Uma invisível lira lança flechas contra os claustros do meu delírio. Vamos dentro do sol absoluto.
Come e bebe  este livro  minh’alma de outrora  que prossegue sempre a mesma inquieta quimera.
Sou o medo do próximo instante  a loucura do tacto contra a escura aflição dos frutos do ventre
e os meses lunares e as fracturas dos afectos e as obras da carência e os ritmos animais desfloram-nos
as flores que somos e não somos. no jardim e no êxodo e no cárcere aprendo a amamentar o poema.
Levamos o silêncio à boca  aqui.  outro corpo novo  acontece  comigo contigo. Alpha dói.

A Princesa Desalento tece novas mágoas  nos fios de água da fonte  Onde  perdidamente ficciona
Onde  sonha e deseja um Sinal  como um beijo-selo que transforma boca a boca
o Caos os amantes
em Amor Abissal
pulsação de Palavra e Argila nas ondas do Instante
para sempre ou para nunca  escrevo com o corpo todo  colado à Incógnita Energia-Prima da espuma

Sou o Instante  à-beira-de-Onde  na fúria do Possível. Entrego-me para arder na Desordem. 


quero a febre do clímax  apocalipse  
quero pássaros  
contigo 
comigo