Bebo a tua luta feroz com a
vibração última
sofro contigo comigo as
sílabas feridas de segredo
Perguntas-me o que tenho feito. Absolutamente nada. Bato à porta em mim em
ti e espero inacabado o Princípio ou o Fim do Mundo. Não compreendo as ruas nem
as grutas por Onde as noites nos passam. Somos insónias com artérias
comunicantes. Entro lentamente na nudez infinita e quero o fluxo do longe. A
minha obscuridade fala com os teus pássaros
a linguagem terrível dos tambores. Vivo a catástrofe da outra margem do segredo. As raízes
rebentam a terra até salvar o intangível círculo no meio do grito desejante. As
palavras carnívoras libertam as linhas tensas da respiração no limite de perder tudo. Somos obscuros
cânticos de passagem. Uma voz arfante
dança e banhamo-nos frágeis
aqui no limite estamos no âmago conexos à superfície das primeiras
águas hálito de cintilância sobre o centro.
Adivinho no teu útero as primeiras
águas. Meu esforço é o perigo íntimo da meditação sobre o nada enquanto levamos
à boca toda a saliva do mistério ávido de ciclos escorrendo elásticos. Há
girassóis abrindo o Mundo. Há trevas em mutação no nosso relâmpago. Há uma flor
nova incessante no ar. Boca na língua somos
uma pergunta no cerne do fruto.
Os cavalos galopam dissipando trevas no ar do êxtase. as
crinas inflamáveis tocam nos teus seios futuros. Amo-te.
Madrugada de pele
terrivelmente ligada à fome e à
sede e à loucura. Ainda dentro das pedras
ou do Eclipse já éramos o fogo cru
da Força viva e o incêndio nos cabelos nas
curvas nas letras. Somos nus e
rastejantes até ao rio por Onde
cantamos à flor da pele. Atiramos o
coração para o oculto sem voz. Adormecemos
na viagem que transborda de sol através dos gestos. Somente.
Tocamo-nos tanto no sopro na fuga no teto.
Continua a
invenção da lua cheia.
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