Tuesday, February 20, 2024

"Abismos, passagens, limites": A Geografia do Amor-de-Sophia


 A vida começa junto à foz do Rio: tudo corre, tudo permanece

O Oceano é o Infinito turbulento 
o Infinito que agita as fibras do sublime contra a Beleza cintilante
a respiração corre tão frágil durante o prazer da Beleza 
diante do abismo 

A vida começa na ondulação espumante do abismo olhos-nos-olhos
imaginando as epopeias das passagens-sem-limite
e dos naufrágios possíveis

Há um jardim-limite no Princípio e no Fim
entre o abismo do Oceano e o abismo deste Mundo
talvez Desejo em crescimento

Há uma diagonal transfinita que liga os limites às matérias incandescentes
Tudo corre e tudo permanece, passando o sangue dos braços ao vento das asas 

As crianças enchem o jardim-limite com infâncias transfinitas
Alegria corre e permanece nas crianças amando Sophia
amando a Mãe: a ponte de carne viva sobre abismos
sem princípio nem fim

O fogo do alfabeto nasce nas árvores e nos seus frutos noturnos 
as fúrias vermelhas mais íntimas: primeiras palavras ardendo
nas mãos e nas coisas, desejando mais álcool de tempo
Primavera junto à foz do Rio

O amor-de-Sophia constrói sempre a passagem
A inteligência do amor falha sempre a passagem: tudo corre, tudo permanece
Entre a infância e a adolescência, os músculos interrogam 
a possibilidade de ser pássaro

Quantos corpos há neste corpo?
e quanta energia há neste Desejo?
Primeiro fogo da escrita, primeiro fumo, desenhando questões de carne viva
Primeiro dia da Génese: tudo corre, tudo permanece
uma paixão de adolescente corre do nada e permanece em tudo
a Ideia ferida de Ser-e-não-ser

Na foz do Rio, correm brumas no limite do abismo
permanecem passagens através do Pleno e do Vazio
desde o primeiro texto: o Amor-de-Sophia é o espaço inteiro
enquanto a loucura da Cidade agita o fundo

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