Sunday, March 23, 2014

Infinitos por Onde


nas paredes, nos tectos, nos pórticos, nos limiares, nas arestas.
uma casa um corpo de carência fazendo farinha e pão de carência

um infinito respira na pele matinal
outro infinito manuscrito aquém-além-dor
não sei como Cantar a Voz inversa

uma casa onde. não há. uma boca onde. não há. repousa Eros nas mãos ofegantes de tanta parede de tanta areia fervente daquele infinito tão contrário. acordo no intervalo da metamorfose. tão Outra pele.

o náufrago regressa ao corpo pelas ondas, outras. de outra língua sobre Caos. tanto. Ainda Espero por Ti, primeira carícia sobrevivente que renasce no arquipélado vulcânico. renasce no Maior Solstício. Espero os lábios. para uma vogal incapaz de falar, somente fibras desconexas em Êxtase e Dúvida e Cântico de lua nova.

Cinzas vulcânicas, uma atmosfera extrema para refazer o Mundo. Sou o inverso da cinza. não sei quanto. Aproximo-me daquela primeira carícia, quando a distância era ainda Eu. o esforço todo, a inquietude toda, a distância era ainda eu. Distância de tacto, eu ainda. eu toda, inclinada para Princípio.

Os sinais de outra língua mais líquida do que água. Acontece a voz precursora. Acontece ferir. Voz clamante no deserto. O corpo não esquece.  

Uma menina aparece na fissão dos sinais, dizendo somente a Distância entre Alpha e Omega, numa estória em segredo.

Carícia e Cântico são o Possível Caos que frutifica na nudez. infinita respiração da nudez que oscila entre oculto e fogo. 
Lua Nova. 

Eros inventor bárbaro. 
Acontece hematoma e hemorragia. 
Lábios de Oriente nascem tocam abrem a Montanha.
somente um véu uma órbita uma linha. 
Teu sol bate dentro de Desejar, mãos vazias sobre a Origem. Somente vibração. Escolho o rio por Onde. Tudo me oferece chão livre. Infinito princípio, mais Nascente inflamável, mais Oriente perfumado, na minha voz tão perdida. voz clamante no deserto. Acredito no mistério de Caos para navegar.

A inspiração ambígua de Eros. ata dentro. desata. a estória ondulante do Sopro, olhos nos olhos. começamos em alto mar. nó cego de oscilar infinito, tremendo de amnésia nos lábios, desenhando o corpo anárquico no ar, prometendo. somente vibração. vértices. fúrias de Ternura. Nenhuma palavra. Ninguém. Somente a rosa o ciclone o abismo, nas entrelinhas do continuum rocha-corpo-vapor. Fala, órbita de ar. Fala Onde. Diz os versos da maré que furta o peito do peito da Hora. Diante dos verbos abdominais, Fala, minha órbita de entrelinhas e chuvas oblíquas. Uma corda de pronomes balança no meu equador. Fala com animais, ó Fábula do peito contra peito da Hora. Diante do teu Sol, prometo a Parábola: havia um semeador lançando sementes sobre as pedras, sobre os caminhos, sobre aquelas consoantes tão densas de espinhos, sobre aquelas vogais tão fecundas. íam em prantos, ainda noite. vinham em cânticos, já noite. Tudo, no meu equador.

Há dois versos fixos, olhos nos olhos, num quadrado de pele ardente, diante do Mar. Talvez somente som: esperar o Princípio AmarTe, no vértice Onde.   

Tudo o que respira se expande no Vazio, se retém no Vazio, se passa no Vazio: Passagem de Eros no silêncio próprio. lâmina de silêncio cortante, abrindo as células ínfimas de uma vogal de Cântico e Carícia. Daí o grito o lapso a parábola o delírio eólico. Havia um semeador um errante e as sementes incertas. Caíam no meu húmus, sem método, somente queda. Creio Onde. Cair faz chão e chuva. Uma seara de AmarTe crescendo no Mar. 

As árvores hesitam entre a espuma e a neve. Crescem-me urgentes rios contrários. o corpo não esquece, longos combates, peito a peito. Desejo ser vencida, na última Canção, pela lágrima da flauta. Vaga elegia de lua nova. O meu útero vibra somente, vibra de segredo, chão livre, flechas nas torres mais altas. Onde. flamas várias queimam os anjos e os livros e as fibras desconexas do Poema expectante, táctil, diante dos verbos diante da terrível seara devorando o semeador e as sementes e as chuvas. tanto cristal, peito a peito, um nó cego que ata e desata os cabelos e as veias Onde, nascerei tão amada.
Infinito. Acontece ferir. Acontece sangrar flamas, última Canção   

No comments: