ninguém dentro da flor fala de morrer. mas eu morro como a flecha de Deus rasgando o fundo do medo. sou inquieta e transpiro de interrogar-me sobre, contra, através, desde. todos os animais vêm lamber os meus lábios cortados de sílabas incriadas, inertes, de tão incógnitas de mim para mim. estranho é o fôlego da rosa no meu útero trémulo de não-gerar a contra-corrente de ser-rio e arder sem-leito. sonhei com lobos que me comiam e que eu comia numa mastigação recíproca, além-melancólica. conto-te a história de uma nascente que secou até ao sangue. arrepio-me de dizer. eu entrego-me aos animais com a cegueira explosiva das labaredas e das lâminas. não há animais bastantes para morder inteiramente a minha carne. num instante compacto de vibração e de choque. todo o húmus da pele se transsubstancia em energia e halo. sou o perigo do corpo fluir completo em espuma e vapor. invento o sentido carnívoro da atmosfera e expiro dentro da saliva de Deus, Tu, ó Cântico de Ar, Instante onde sangra e exorbita toda o apocalipse, coração inexplicável que bate mais depressa do que viver. sinto banhar o tempo na minha dissonância. nasci Contigo, no texto que não sabe rastejar longe da lua. a Tua mão é. a hora bate no tambor dos símbolos. amo-te até à fruta madura. e mordo o tronco de alegria
1 comment:
"Será que passei sem sentir para o outro lado? ou apenas entrei na tua boca? somos a saliva de Agora para Nunca? Com certeza!"
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