Thursday, March 12, 2015

Mulher-escritora

A mulher-em-versos:
Prefácio de um Leitor
com metafísica otimista



Acredito que uma mulher-em-versos faz sentido. Tece outro corpo e desenha outra boca, outro som, mais feliz, para a sua voz inquieta, aflita. A mulher-em-versos é uma mulher que conhece todas as emoções trágicas de perder e cair… e ficar só, na perda e na queda. Porém, na manhã em que começa a escrever, logo aprende a cantar e, antes do meio-dia, já se levanta um novo vento livre, libertador, dançando entre as lágrimas antigas das vogais, que sofrem, por vezes, muito entre consoantes.
Acredito que uma mulher-em-versos faz sol. Tece outro chão após indefinida chuva, onde os pés aprendem a sonhar a linguagem que reconcilia o abismo e o amor, multiplicando o timbre eterno de compreender os músculos futuros da melancolia. Dentro do texto, o dia de chuva pára e a dor enorme de vácuo transforma-se em energia Desejante que sente o sabor da passagem entre a fadiga e a força.
Acredito que uma mulher-em-versos renasce. Tece a verdade de ser na verdade de sonhar. Respira melhor do que o Mistério inteiro do tempo. Fala, profética, sem angústia, após incêndios. Apaga o real Absurdo com uma carícia leve sobre os lábios do Não-ser. O Possível triunfa e o Livro faz mulher, obra de arte e corpo vivo com Caos dormindo, compreendido no sal da língua nova…

Acredito que uma mulher-em-versos cura todas as feridas com o bálsamo da sua canção lunar…

No comments: