Sunday, October 11, 2015

Mulher = Poesia

sobre a Natalidade da Poesia e o Renascimento da Mulher-em-Versos


No princípio, era o espanto. Um animal inquieto, uma vida sem verbo.
Na primeira manhã do mundo e da vida sem verbo, somos o animal inquieto que encontra Algo, em vez de Nada. Acontece um nexo íntimo com ser
E assim começa a estória possíveis dos deuses tácteis, dentro do Espanto de nascer. Imagino os deuses a dizer Poesia sobre o Mundo. E aí o Mundo acontece como Poema que cresce dentro de cada corpo e de cada astro rumo ao Indefinido – táctil? possível?

No princípio, era absolutamente Espanto, o meu verbo sem nome, animal exclamativo e expectante de nexos de sentidos com ondulações de tempo
E o espanto procurava nomes com verbos para dizer a sua ondulação táctil pela exclamação originária. As palavras têm corpo de vento e quando sopram livres podem abrir tão fundo todos os ventos e todos os corpos que não sabemos quanto renascemos em cada palavra


E a vida de uma mulher refaz o Princípio, com suas órbitas de astros e nexos de corpos. Imagino os deuses a dizer Poesia sobre a Mulher 
E a Mulher acontece como Poema que cresce através da ondulação táctil dos nomes e dos verbos que sopram livres na boca do espanto, tão fundo que não sabemos se a Mulher é o Princípio natal do mundo ou o Poema da língua inteira que diz, exclamativa e expectante: Onde a flor da pele? Onde arde, pétala após pétala, a flor da pele? Onde sopra a Origem da Lua Nova? Onde se acende meu útero tão pleno tão vago? Onde dói o moinho do pão, da lágrima, da loucura, do êxtase? Onde toca o Indefinido na Boca? Que significa dizer, beijar, morder o Mundo no meu corpo? Fala a Mulher-em-Versos, desdobrando o corpo e seus nexos de sentido, desdobrando e tecendo a intimidade táctil com o mistério Indefinido de nascer e morrer sempre 

Faz sol e lua e sombra na mesma boca, 
sempre ardendo mais do que verbos

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