Wednesday, January 20, 2016

barco à vela


como te sentes na Terapia do Último? como te despes no Presente da despedida? como fazes as órbitas sem espaço? por que dizes 'não' durante o fruto?

quando nasci, acreditava no chão do mundo.
sabia contar a história da lágrima sem retorno.

Sophia imaginava os olhos de Alguém e o suspiro anterior.
Sophia tem coração alfabético. Sophia mergulha agora numa questão, bomba-relógio, que pode destruir tudo e regressar ao planeta gasoso da mãe.

Pergunto ao rio e ao leito do rio e ao limite íntimo do leito do rio: mergulho? mergulhamos? no pássaro, no peixe, no beijo. 

somos a mesma noite. 
fingimos a arte de cair. 
fingimos uma queda de costas contra o chão inflamável onde repetimos nunca.
uma queda contra o chão. 
perdemos a respiração, partimos algo no corpo e não sabemos 
o quê, quanto, porquê. 
fingimos o mar e a tempestade.

Sophia dorme no sofá e não quer nem pode 
tocar no esquecimento. 
a criança nunca esquece o barco à vela.


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