Tuesday, November 28, 2017

Vento em argila


Somos ainda a argila e o vento em argila por onde sopra o Mistério, talvez.

Somos ainda aqueles homens que constroem Tudo sobre a areia. Depois, Tudo se move e eles partem como um segredo que adormeceu no tronco de árvore no meio de uma jangada invisível...
  
Ainda esta noite, persigo esse tronco invisível do segredo no silêncio de um tambor, feito com a minha pele para explicar o mundo à tua língua.
Uma língua quente que vem mais cedo do que a Luz da dúvida que exclama: Começa aqui a areia incandescente onde nascerei mais abandonado do que não sei...

Tens um código no corpo para decifrar todos os gritos possíveis. O teu corpo tem infinitos modos de arder e oscilar. Aqui faz vento, no vértice de um símbolo. Somos mais nus do que rochas nuas.
Construímos com areia o Mistério talvez. Com areia sobre areia construímos uma respiração, um gemido, uma onda na língua, que murmura com voz de paixão: iremos falar ou gravar no vácuo uma transpiração crucial, com alguns verbos quebrados e expandidos por Amor...

Perdemos algo ainda, sempre. Talvez algo cada noite desde o princípio seja somente um vazio quente... 

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