levanto-me das linhas dos textos dos sonhos
o coração submerso imita a paisagem
as correntes cortantes
os cristais de perfume
os sabores do Desejo
desde o fundo do alfabeto
pernoito no vértice do naufrágio somente para escrever sobre Longe e esquecer sobre Íntimo e apagar sobre Tangível
as palavras abrem a boca a casa a floresta com o Excesso de Sismo.
aquecemos uma mão noutra mão no labirinto mais fundo de ausência e de vazio rubro.
tanto perigo na tarde
e tanto sol no colapso
e tanto barco na solidão
dilacerando as aves ínfimas
a loucura da derme de ti em mim construindo sílabas sibilantes para outra Ilha
as aves irrompem nas dunas abertas das vogais à beira-mar da tarde vulcânica. mais nada. senão a voz de areia e a saliva de pânico semeando outra flor nos dedos nos lábios nas minhas nuvens baixas escrevendo na tua madeira oscilante.
nas curvas do abandono, não sei onde. o fogo acalma o corpo, gota a gota, rebentando o obscuro Tacto do amor furioso.
escorre a melodia do sangue no oculto fumo do Desejo. não sei onde. senão amanhã. no peito cruel dos sinais escrevendo a nudez lenta.
escorre o Nome deste mar inclinando Kaos para beijo frente ao lume denso
e respiram as conchas dentro da ferida que vem e bebe e canta o suor da obra
o grito da espuma dentro da ferida dentro da obra
uma porta na pedra. não sei aonde caminhas... falamos baixo passamos ardentes sob a última dilatação das raízes ofegantes
transpiramos flutuamos alastramos a nudez sem medo de morrer aqui. quando a noite cresce sob a ponte do crepúsculo. todo o Desejo bebe os animais. o texto faz relâmpago e saliva enquanto espera pelo último véu. dormimos no chão sobre o fogo mantendo o Kaos aceso nesta Língua que clama sempre mais do que nomeia. lembro não sei onde a eternidade partindo nos cavalos lancinantes da alba... a lua quebra o arco do medo de morrer aqui. bebemos a catástrofe desejante. quase álcool quase morada. persigo teu rasto. através devastação talvez. tactear teu rasto e reler todas as falésias em mim... mantendo aceso o Princípio até à argila do dia máximo da Criação. Dói-me a minha nuvem no teu desaguar. Desejo a Desordem das bocas furiosas para Desaguar. Tudo é Cintilância... respiram enfim todas as margens da página Amante. Devoram-me enfim todas as Esfinges e todas as Falésias. Escrevo sobre a tua pele
chão indecifrável para nascer em segredo
esta outra Língua que vem talvez no auge
anoitece mais aflita do que o meu falar para mim
treme mais indefesa do que ternura de espesso fogo
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