Thursday, August 22, 2024

The first love song


still awaiting the Language and Piano
capable of the first love song
 
it will agree with the nightly philosophy of wandering 
the first love song invents my mouth my tongue my imagination

the first love song blows History and Life  open air 
transgressing the enormous walls of the old city

it will renew Genesis and my fragile Idea-of-Creating


Wednesday, August 21, 2024

Selbstüberwindung meiner süssen Lebenserwartungen

 


O meu amor da viagem significa: Amo-te, mundo!


Creio e Espero encontrar em cada instante de viagem 

o Caminho-Lugar onde o Sentido respira 

mais lentamente  mais profundamente

o indefinido Desejo: sempre Alguém 

olhos-nos-olhos sempre no Princípio

onde o Sentido principiante respira


Aqui poderia ser a Origem do Mundo e da Terra abertos

olhos-nos-olhos amantes de tudo em viagem 


(Creio e Espero ser capaz de amar-te, mundo e terra abertos,

apesar de tanto pó sempre no vento, de tanta temperatura hostil, 

de tanto acidente contra as tuas forças de rocha ou fogo ou nada,

apesar de saber absolutamente a verdade quotidiana de sofrer feridas nas nossas fricções...)


(sei que morrerei em ti

sei que morrer é essencialmente ainda viagem neste mundo

a metamorfose mais íntima que mais nos aproxima de certa beleza

a Indefinida unidade...)


Há um repouso de metamorfose no movimento da viagem

talvez um esforço repousante acontece

olhos-nos-olhos durante o movimento


Aqui neste instante de Caminho-Lugar sem nome

Aqui poderia imaginar a Nascente que salva o silêncio inflamável

a sede delirante a linguagem perdida a obra desfeita a expectativa ácida


(Qualquer instante de Caminho-Lugar na viagem

pode ser Onde e por-Onde acontece o Princípio e a Palavra

o Infinito-entre-nós, amantes deste mundo, 

Infinito soprando na argila fissurada e na carne viva

olhos-nos-olhos tão frágeis

tão queimados de sol e lua e tantas obscuridades) 

Monday, August 19, 2024

le désespoir comme tentation


 la Poésie est un dialogue avec la tentation du désespoir

je me demande où l'horizon implose exactement dans ma langue

presque une oeuvre de désespoir, mon chant éprouve 
chaque midi les ténèbres intérieures 
du jugement dernier  

Wednesday, August 14, 2024

Viver na floresta e subir às árvores


 As florestas vivem dentro dos rios

a minha Alegria nasce dentro da floresta

a cidade viva cresce dentro da Alegria

Quando era criança subia às árvores: abraçava o tronco, chamava os ramos, olhava o céu como uma escada de corda... imaginava-me voadora, corpo-sopro-vento... 
subia às árvores com o impulso 
do meu desejo de saber a textura das matérias vivas, saboreando entre as mãos e a boca...
Quando era adolescente subia às árvores com o impulso 
do meu desejo de construir um espaço de Poesia, uma concha secreta de paz, um prazer silencioso entre o Ideal do sentimento sagrado de poder-ser-feliz e o esforço do corpo inteiro compreendendo o real que resiste, a incapacidade de subir mais alto do que certos ramos difíceis, impossíveis para o meu corpo... aprendi a verdade e o espanto de cair e recair e estudar melhor o dilema de não ter asas nem garras nem outros poderes, senão o desejo de subir, apesar do corpo tão sensível à fricção e ao choque... aprendi a sentir (mais por dentro) o contacto e a subida: o texto do meu corpo respirando (mais por dentro) sobre o texto das árvores

Construía cabanas nas árvores para ver o mundo de um outro ângulo (mais por dentro - como o ignorante Desejo-de-bem-e-de-belo)... Fazia uma escada no tronco do texto das árvores para chegar às minhas cabanas, subia e escondia-me através da Diagonal Infinita do segredo... porque secreta é sempre a Diagonal que sobe (mais por dentro), a Diagonal de desejar mais do que ser-e-não-ser...

Não havia segredos em mim, não sabia segredos de ninguém... Mas as cabanas nas árvores são cofres infantis e adolescentes para guardar segredos que podem ser a ponte de vento por onde os pássaros atingem a Alegria futura...
As cabanas das árvores precisam de segredos para florescer na infância e adolescência. Eu inventava segredos sem linguagem. Inventava tudo: a matéria do segredo e o código do segredo e o lugar da sua ocultação... inventava Tudo com todos os sentidos abertos: esta invenção é a infância que renasce dentro da adolescência, tão perplexa, tão transbordante de músculos novos...

Guardava secretamente os segredos inventados 
redigidos com luz branca em papel branco, tudo iluminado 
com os raios penetrantes do meu sol oculto: uma sombra de Diário Adolescente perguntando Quem sou,
pura sensação de enigma à flor da pele...

Quando era jovem, quasi-adulta, subia às árvores com o impulso do meu desejo de amar... 
Está aberto o tronco por onde subir, abertos os ramos onde abrigar, 
aberta a floresta inteira dentro dos meus rios: 
Tudo significa a expectação:
Podes subir e permanecer    

Tuesday, August 13, 2024

Appetitus felicitatis: an appetite rages everywhere...


 Os rios colam-se ao chão do mundo e seguem o seu peso-e-força-livre, descobrindo as inclinações de tudo, perfurando galerias subterrâneas, desenhando vales nas montanhas, saltando nas falésias e repousando nas planícies... Os rios são as minhas memórias de coisas ou ideias sentidas, tão cheias de peso-e-força-livre, memórias que correm, imaginando sempre mais do recordando, desejando sempre mais do que percebendo ser-e-não-ser... pressentindo e quasi-tocando outros mundos por onde correr com seu peso-e-força-livre...

Estes rios significam o apetite da memória animada pela imaginação - infinitos cavalos alados...

Apetite de felicidade escorrendo toda a vida desde a nascente...
apetite de felicidade transparente como água e espuma na nascente... 
apetite transparente de felicidade leve como oxigénio puro vibrando 
nas florestas de alta montanha...
apetite de felicidade aérea na Música 
no ar de música que há nos beijos que salvam a Respiração 

Sunday, August 11, 2024

le fleuve devient chair, ma chose vivante au monde


 peut-être y a-t-il une loi qui gouverne le mouvement 
de mon fleuve et de mes crues du printemps
une loi d'Océan une loi d'appel d'Océan 
pour déboucher sur une sorte de repos
j'ai besoin d'être anarchie
encore turbulence qui monte à la source

mon vrai fleuve devient chair 
amour de source amour de montagne
amour qui résiste à l'appel d'Océan

cette loi d'Océan est la seule loi qu'il me faut savoir transgresser 
en plongeant et en nageant 
car le vrai fleuve devient ma chair 
ma vie à contre-courant
amour de source amour de montagne 

PS: je voudrais dire autrement ma turbulence: ma loi anarchique qui résiste à légiférer et à gouverner mais qui exprime ma fluidité vivante: mes forces désirantes imaginantes s'agitent incapables de créer pleinement la sensation charnelle de beauté qui devrait pouvoir satisfaire le besoin de source, devrait pouvoir jaillir et déborder facilement la carence, mais la carence la plus cruelle brûle à fleur de peau, vide passage vide ouverture vide histoire
attente de devenir une sorte de toucher qui demeure aventure inquiète 
devenir ce que je ne suis jamais: la plénitude l'événement le contact  
PPS: chaque chose vivante au monde désire le réel absolu: la réalisation absolue de sa chair mortelle. Ce pourquoi la mélancolie s'écoule partout, ignorance de l'anarchie de la source où la mort fera renaître plus de sens : la saveur des fruits qui demeurent une chair transfinie plongeant et nageant tous les corps futurs
une ligne de chair chaque corps un noeud de chair une transfinie
aventure inquiète 
on devrait pouvoir devenir et demeurer 

Saturday, August 10, 2024

Paix de désir : le voyage sans peur




 longtemps j'ai désiré me coucher de bonheur 
plongée dans la peur j'ai désiré le néant de désir
ne plus souffrir l'instant des forces désirantes
m'endormir sans la brûlure où le soupir s'approfondit 
l'air lourd de la recherche libre
il faut une autre respiration
contre l'empire du hasard 
jouant aux dés chez moi

plus croissait grandissait frémissait le désir, plus régnait la peur
le désir nourrissait la puissance de la peur - je m'en doutais

plus de désir  plus de peur
proportion terrible proportion intime 
incendie extrême le coeur gèle à fleur de peau
incendie extrême le coeur s'envole sur les crêtes

l'énorme peur du dehors et du seuil 
l'indéfinie peur à la porte l'anonyme peur à la fenêtre
 
la possibilité d'un naufrage quelconque 
l'idée d'une vague plus forte m'emportait jusqu'au rocher
toute la sagesse visait le silence de vouloir périr
et l'angoisse m'emprisonait dans ses bras
sur la pierre du quais

un jour j'ai commencé à écrire mon livre des passion pour me transporter 
au-delà des livres et des passions
je suis partie dans une langue plus étrangère et plus chaude que ma bouche
pour m'apprendre le sens de voyager sans peur  



 

Thursday, August 8, 2024

Laeta Scientia: Fröliche Wissenschaft: Um Triângulo Vital

 

Quando chegou "A Gaia Ciência" ao corpo inquieto das nossas mães?

- A minha mãe começou a ler Nietzsche em francês num cais do Sena. Exercício de relaxamento mental de domingo à tarde, quando o tempo parece infinito. Ainda não era mãe: foi muito antes de gerar vida e dar à luz. Era então uma pós-adolescente viajante. Mas essa leitura pertence à lenda da nossa formação espiritual.

No diário dela, escreveu: "Deverei re-abençoar-me cada manhã, sob a furiosa alegria de re-nascer, através da energia-matéria psicofísica da luz em mim: 'Em nome da Mãe-Poiesis, da filha Metáfora e do Espírito Simbólico'. Trespassa-me, transborda-me, transporta-me o sentimento singular de gratidão maior-do-que-eu por aprender a amar o presente e a sua criatividade a cada instante excepcional."

Lê-se, depois, uma citação-paráfrase com uma caligrafia de júbilo: « Je dois me découvrir moi-même et créer un idéal propre. ... Je veux devenir celle que je serai - la femme nouvelle, unique, incomparable, celle qui se donne ses propres lois, celle qui se crée elle-même ! » (Le Gai Savoir, § 335)

- A minha mãe diz que entrou e repousou na primeira estação Nietzsche, "A Origem da Tragédia". Creio que ela praticaria outra bênção trinitária. Diria talvez: 'Em nome de Pathos/Paixão, Fobos/Terror e Ananké/Fado, quero escrever o Poema Trágico da minha Vida como um escudo de aço e granito onde meu coração se abriga e se salva, entre taquicardia e hiper-taquicardia, mil cavalos soltos no vento'.

O que pode significar esta auto-bênção ou auto-evocação da vida à vida no interior da consciência sensível, a consciência das feridas dolorosas?

É preciso fazer sentido com intriga, drama agónico e personae mortais... Estamos terrivelmente perdidas e só a Arte Trágica pode desenhar um mapa sobre o caos deste chão absurdo que é a terra dos vivos sem redenção: um mapa ideal sobre o real, como uma grande jangada sobre as águas. Quando as águas estão calmas, a tua jangada parece um chão habitável. Quando as águas se alteram, as cordas dos troncos da jangada gritam, uivam, resistem com todas as fibras - até que explodem...

- Sinto nas nossas mães uma fascinação pela Estética da criação. Eu aproximo-me de Nietzsche por outros caminhos. Sinto outra brutalidade simples no meu Nietzsche que se pode sintetizar numa espiritualidade elementar: "Em nome do ar, do fogo e do sangue, amo esta Vida-em-mim, aquém-e-além-mim, aquém-e-além-minha-tristeza, aquém-e-além-minha-alegria."

- Pareces-me mais metafisicamente nietzscheana do que as nossas mães. Por que segues Nietzsche até aos elementos? Mas, antes de tudo, não compreendo por que lês Nietzsche: tu, uma mulher viva, livre, desejante. Porquê ler Nietzsche? Não te inibe a leitura, nem te repugna a incorporação (Caveat: Toda a leitura é uma incorporação!), o seu naturalismo, darwinismo, germanismo, misoginia, proto-fascismo?

- Não sei explicar como a minha apetição de leitura atravessa essas correntes contrárias ao meu Desejo e à minha Capacidade de viver... Sou talvez mais capaz de abstração e de metabolismo do que imagino... Penso nas forças criativas de Lou Andréas-Salomé e de Simone de Beauvoir... As vidas são obras-primas inimitáveis para contemplar e aprender conexões entre história e biografia. Porquê Nietzsche, mais do que Kant, Freud ou Marx? Porque, na minha incorporação anti-nietzscheana de Nietzsche, sinto uma certa paz nova de alma pagã, mas pagã pós-religiosa, no limiar da fundação: quando uma nova sabedoria propõe outra língua e outro rito entre nós. 

- Quando Freud explica o êxtase-destino do Desejo, sentimos imediatamente o horror da carência, da angústia, da ilusão... e a inevitável perda futura. A clínica do Desejo é uma pedagogia para o ascetismo?Se o Desejo tende para infinito, o medo repressivo acelera e ultrapassa o Desejo. Se cresce o Desejo, cresce ainda mais o medo. Talvez a minha leitura-Nietzsche signifique um sinal de paz sobre o infinito do Desejo, uma paz-sem-medo. Desejar-me criadora: desejando-me quem serei, ainda incógnita futura laborando, fermentando, viajando, mas já agora e sempre sem medo de desejar.

- A maternidade feliz das nossas mães é uma declaração existencial anti-nietzscheana. No fundo de tudo, desejar-se criadora transcende o escritório ou o atelier do ego genial na sua virtude estudiosa das origens exemplares e fulgurante de Novo. Desejar-se criadora é o processo plural da geração corpo-a-corpo: intensidade musical de Eros e a dança nua com vibrações íntimas... Acontecem poemas de carne viva, poemas intercorporais de terra e fogo expandindo vida neste mundo... 

- Nietzsche não conhece nem reconhece o erotismo da maternidade. Não sei se alguma vez imaginou dar vida e ser dom sexual de vida. 

- Paradoxo de vitalismo com Eros estéril... Como seria Nietzsche no seu labor erótico? Seria capaz de perder os sentidos na vibração de corpo inteiro? Ou estaria numa fixação pré-genital? Ou numa genitalidade sob controlo anti-gerador, sob qualquer disciplina (por exemplo, coïtus interruptus)? Não há em Nietzsche a loucura feliz de Eros materno.

- Um Ciência Alegre da vida oferece uma Arte Erótica do dom.

- No fundo das bênçãos da nossas mães, há outro triângulo antigo que mostra a força unitiva dos elementos: Mãe-Eros, Filha-Flor, Espírito da pele nua. Eros, a verdade mais vibrante, penetra todas as sementes "em nome de Mãe-Poiesis, Filha-Metáfora e Espírito Simbólico...; em nome de Pathos, Fobos e Ananké...; em nome de ar, fogo e sangue..."