"…Attribuez à mon souffle trop court ce qui dans mon propos restera obscur ou froid. Mais retenez la comparaison – elle définit le Livre en tant que Livre c’est-à-dire en tant qu’inspiration…" (E. Lévinas)
Wednesday, July 28, 2010
Mais Aves
As aves bebem aqui o meu desejo e o inteiro Desejo de ninguém
Bebem e deixam algumas gotas como fermento
para o crescimento de outras árvores que vêm de Oriente
do grande Verão de Amar-Te
(Digamos assim abstractamente que os olhos são agridoces como as fibras essenciais do meu êxtase descontínuo: êxtase - hiato - êxtase --- mar - terra - mar --- corpo - vazio - corpo)
(Digamos o enigma que faz diferir os sentidos: Quantas palavras dizes sem respirar? Quantas palavras ligas de uma só boca? Quantas palavras vêm sem cortar uma veia? Responde vagamente: poucas.)
Eu procuro ainda a palavra de fogo
a palavra da metamorfose, a palavra capaz de atravessar as formas
transmutação do ar em cristal, do cristal em lava, da lava em vapor
As aves bebem mais aves bebem aqui o Desejo. Absolutamente.
Pois o tempo vem todo do futuro. E toda a vinda é um vértice no corpo.
As aves vêm à tona da tua pele antes da linguagem amanhecer
aqui as aves encontram-me nas horas dos vértices no corpo de cantar
a ideia de infinito pensa-me sem linguagem agridoce
também o sol sem linguagem queima a borboleta
uma borboleta que dança e morde
Há sinais tácteis para o que não pode ser dito no instante
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