"…Attribuez à mon souffle trop court ce qui dans mon propos restera obscur ou froid. Mais retenez la comparaison – elle définit le Livre en tant que Livre c’est-à-dire en tant qu’inspiration…" (E. Lévinas)
Monday, November 8, 2010
Gratidão Incondicional
Também as mãos se destinam ao barro como deus se destina à noite. A vocação é a obra anti-absurda - com gratidão incondicional pelo-que-é, pelo-que-pode-ser... pelo-vai-e-vem entre alfa e omega, intensamente laborioso e inteiro como as melhores ondas de outono.
Ignoro toda a arte da navegação. Não compreendo como acontecem oceanos e travessias. Nem como acontece o desejo de embarcar. Já perdi vários portos, transmutou-se a matéria do porto essencial. Lembro-me que estava no coração da biblioteca quando o meu irmão me falou da queda com palavras quebradas. Todos os pinheiros que havia no centro dos livros daquele dia rasgaram conexões alfabéticas nos meus melhores músculos. A esfinge mordeu no livro sagrado.
Há muitas metáforas para a vida; todas elas são verdadeiras se tiverem uma raiz de chamas inconsumíveis...
Hoje a minha imaginação é marítima. Lança-me espuma tão funda pelas veias do meu abismo finito que se dissolve a quase-loucura em quase-nada. Persiste um barro abstracto na palma da mão impaciente pela recriação das formas possíveis... a intimidade da génese... infinito no finito... confusamente grato por-tudo-em-nada...
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2 comments:
Viaja-se. Acrescentam-se novas terras à geografia do desejo...
Possibilidade é o que pede o barro liquefeito na palma da mão
Nunca a biblioteca voltará a ser a mesma e todos sentem isso.
todos
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