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a noite é uma linha entre os lábios e os lábios
nessa linha corre um rio um fio de água pelas espirais do espanto
a manhã volta sempre ao corpo circular que dorme e não dorme entre os lábios e os lábios
regresso de manhã ao rio onde nada rema tanto como os silêncios os vapores de silêncio e suspiro que lançam nevoeiro nas mãos e nos futuros
regresso ao coração da melhor fábula
regresso para compreender e descompreender os nevoeiros das mãos as durações dos lábios os meandros da Mulher suas espirais de Futuro seus rios de Transbordo
haverá sempre vertigens nas águas passadas e nos infinitos moinhos que não passam de passar
até que boca diga boca em vogais que dormem e não dormem sobre a praia ou o jardim da pele
regresso tanto
aproximo eternamente as primeiras questões e os primeiros incêndios
regresso ao sabor da pele para ler a língua
onde vêm compreender e descompreender as mãos que duram mais do que o rio e as águas passadas e os infinitos moinhos que se erguem de uma vertigem inflamável
a língua vai sempre às sílabas dos meandros
quase tudo sobe quando arde
regresso nevoeiro sobre a pele
nada de cinza na boca
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