Saturday, March 3, 2012

mar quando somos


odor fundo de margaridas carbonizadas. ainda. longamente após as ruínas.
primeiro, choras. depois, murmuras. por fim, dizes: o amor oculta-se nos músculos tensos do coração. perdemos o ritmo da respiração, abrimos as feridas e caímos.
todas as mãos no chão. todas as bocas na espuma. o mar traz as sementes que desconhecemos, as sementes que descremos, as sementes que desesperamos. traz-nos, depois do incêndio no jardim, depois de margaridas carbonizadas, depois das pedras amadurecerem dentro do curso de silêncio e lágrima.
se eu fosse tu. talvez não cantasse. mas do meu corpo já vi o fim de muitos cânticos. primeiro, choras, depois murmuras. por fim, dizes: o amor oculta-se nas sementes deste mar ainda nascente. de noite, a espuma fará nascer dentro do alfabeto o nome ainda nascente.
um cântico novo vem cantar o cantor novo. abruptamente as sílabas aquecem a pele de incertas angústias, como a ideia de uma ilha vulcânica onde o meu sangue escorre pela floresta. e penso que essa lava nunca arrefece, penetrando o alfabeto onde o cântico novo traz o mar até ao silêncio novo. as espumas podem começar outra flora para perfumar a pele e os cabelos destes ventos contrários. a tua língua continua sem resposta. sem resposta. sem resposta. hora estreita, aquém e além de uma passagem ao grito pela boca do cântico.
uma carícia começa a descer dos lábios à Origem.

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