quem grita a ardente cinza de perder? quem grita até desfiar os textos dos pulmões?
quem explica o sangue com um ramo de rosas? quem tarda a entrar nas energias oceânicas? Nada nunca ninguém. estamos dentro. somos fundos como deuses. Aqui. talvez um vento. um vento contrário tanto. Aqui. esvazia-me dos meus animais.
enche-me e esvazia-me. cada madrugada, procuro os meus animais ardentes. vêm com as vibrações no tronco. sobem e descem. oscilam. perco o equilíbrio. procuro o tempo de parar. procuro os olhos nos olhos. falta a fúria extrema da paixão. um murmúrio também falta, interrogando as minhas contradições. sobretudo a contradição das luas novas. quero a tua língua nascente e o teu vértice exclamante do lado do impossível. será a passagem da claridade dos sonhos à obscuridade dos amores. sempre as luas. Aqui. quebradas. cruzam-se ao meio-dia. no ponto zero do absurdo. no peito. aberto até desfeito. cruzam-se os contrários nos lábios quando somos um fruto e acendemos o lume na respiração. Aqui. eu necessito de rosas para atravessar o absurdo de olhos verdes. rosas que atacam o horizonte face-a-face. encontro-me no singular Nada. esvazio-me das rosas da aliança entre o canto e a lágrima. liga-me o tempo à língua. agora o húmus aquece. desligam-se sóis entre mim e mim. ficam desejos vermelhos que não deixam terminar as frases. cortam os músculos dos verbos. perdem o Nome. Transpiram. há terra no peito. escavamos aqui até que brilhe a Origem.
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