Tuesday, January 2, 2024

"...darüber muss man schweigen. / ...thereof one must be silent."

 "Wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen."

(“Whereof one cannot speak, thereof one must be silent.”)



Não há nomes nem verbos capazes de arder assim 

arder lento subindo olhos nos olhos 

uma noite vertical de inverno

(receias arder assim?

após nomes e verbos em Silêncio?)


Não há frases nem textos capazes de tocar assim

tocar lento fervendo olhos nos olhos

uma seiva fervente espumante 

(receias tocar assim?

após frases e textos em Silêncio?)

 

Não há códigos nem canais capazes de doer assim

doer lento murmurando olhos nos olhos 

um murmúrio materno de labareda

 (receias doer assim?

após códigos e canais em Silêncio?)


Nenhum sentido é capaz de mim: Silêncio por favor

Aponta Silêncio 

Aponta em mim Silêncio por favor

o alvo-que-não-se-pode-dizer

Silêncio aponta onde em mim nada-pode-ser-dito

Silêncio aponta: arde toca dói

no Mistério da ferida da filha procurando a mãe


Nenhum sentido é capaz de mim: Silêncio por favor

a ferida da Filha em mim correndo sangue de mãe

correndo onde começa o caminho-sem-línguas

sem saber porquê começa o tempo-que-sangra

à hora certa do espinho da rosa em mim


Silêncio: espinho da rosa 

Silêncio: espinho na minha carne 


Nenhum sentido é capaz de mim: Silêncio

o ácido o açúcar do silêncio apontam para não-poder-dizer

o Silêncio aponta para a ferida onde cai a noite vertical

mostra o lugar e a hora da queda

a abertura da ferida quando cai Silêncio

coisa de carne: espinho de rosa fere a Filha em mim

coisa de carne: espinho de rosa arde toca dói


O Mistério bebe este meu sangue de pó

esta minha cinza ardente: coisa de carne que grita

este meu vermelho oculto: coisa de carne que murmura 

é o Primeiro Dia do Mundo

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