"…Attribuez à mon souffle trop court ce qui dans mon propos restera obscur ou froid. Mais retenez la comparaison – elle définit le Livre en tant que Livre c’est-à-dire en tant qu’inspiration…" (E. Lévinas)
Friday, May 23, 2008
palavra de mulher
Sophia fala:
Êxtase, hiato, êxtase: eis o ritmo de padecer-me…
Não conheço a felicidade, mas sou uma íntima do êxtase e do deserto. Conheço apenas êxtases separados por desertos. A minha vida faz-se de êxtases breves e abruptos como explosões e quedas, mas o sangue radical, o vinho subjacente, onde tudo me fermenta, é o hiato. Os êxtases desenham-se no vazio glaciar, na imensidão do vazio glaciar. Ser imenso e ser vazio e ser cortante constitui a essência do hiato, essência do fundo: as paisagens, Amor, as vastas paisagens de, as vastas paisagens que. Há ventos ciclónicos entre êxtase e êxtase. Há redemoinhos de gestos truncados entre êxtase e êxtase. Os hiatos gravam síncopes nos meus músculos todos, sobretudo cardíacos. Sinto o meu coração como um complexo de músculos em esforço ininterrupto, uma alavanca em plena tensão para erguer o obscuro desejo que renova as lâminas da carência. Tanto, Amor. Não sei quanto. E sempre quase a quebrar.
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