Friday, December 24, 2010

absoluto indefinido


estou a ver-me a ir ao mar. nitidamente. no coração do inverno.
estou sozinho. as minhas rochas interiores bramem como tigres, uivam como certos silêncios.

as aves soltam espuma de dentro do sol. estou sozinho. no vértice da espera. uma fenda de alto abaixo. no segredo. Dirás sim e não. muitas vezes. sem contradição. acontecerão lagos e ondas na tua arquitectura quase voadora.

Receio as linhas rectas. as suas detonações contra as portas em mim. gota a gota. soma-se a minha sede à tua sede. pergunto-me sozinho. se chegarás. a tarde toca na impossibilidade de beber o sol. o futuro é um incêndio longínquo que me arde nas extremidades. a vida dança-me e bate-me nos olhos. estarei sozinho. se vier a tua chegada. nascerei quando desejares que o meu corpo respire. castelos no ar. hesitaremos entre o mar e a floresta em busca do êxtase. nasceremos em chamas.
estou sozinho.

Não. Sim. incertamente virás. os lobos das fábulas crescem entre sim e não. talvez. sofrem muito. desarmados de carícias entre as árvores.

queria desenvolver-me em paisagem onde a espera fosse o ritmo dos animais apaixonados. a loucura traz um anjo que entra na substância das coisas. nossa música. haverá. se me esquecer de quem sou. a memória da música no corpo incandescente até ao fim ou origem.

pedes-me a língua. dou-te a fonte inteira. sem angústia. esperarei.
chegou o mar. chegará a tua boca.
hesito se a nudez será a Hora.

para lá das forças (construtivas e destrutivas) da esperança.

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