Tuesday, December 7, 2010

a gramática sagitária dos rios


Os Amantes aproximam-se dos rios para estudarem as gramáticas das suas vidas fluidas... estudam as torrentes de inverno, os meandros das margens, as fontes dos afluentes, a arquitectura das pontes, as ânsias dos remadores, os estuários das aves, as artes do transbordo, as rotas dos cardumes, as emoções da foz... ficam, assim, mais íntimos do seu Mistério Indomável das contra-correntes...

Dos Amantes da Intensidade e da Plenitude escrevem-se epopeias com grandes navegações de corpo inteiro... A sua Escrita convoca todas as armas em chamas e a nudez divina da Alegria...

Os arcos estão tensos, as setas apontadas, os músculos prontos: o chão levanta-se vertical diante de deuses ofegantes, aflitos. A espiga, a concha, a floresta, a pedra... entram no combate contra os monstros inimigos de Eros e de Kosmos...

Um oráculo disse Desejo. Outro Nada. A polpa do fruto arde lentamente como a espada elástica da Noite. A ordem do ritmo aprofunda o abismo e o espelho dos segredos.
O movimento inclina as colunas da terra e do céu face à luz do Nu. Desabam todos os impérios de abandono com o silêncio das águas... Vem o sol - meia-noite meio-dia - pelas curvas proféticas das melodias inacabadas... É manhã ou será. A textura da pele cobre a hora de claridade.

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