Monday, March 28, 2011

Rescrever a intensidade


Sempre-No-princípio.
Colocar os lábios no centro do teu segredo.
Beijar-te por dentro muito lentamente.
Compreendes a minha língua agora?

Hoje vou amar-Te
como uma força da natureza
como um vendaval abrupto ou uma chuva torrencial.

Hoje vou amar-Te
com minhas mandíbulas e minhas garras
com meus chifres e meus tentáculos.
Vou morder-Te e devorar-Te
com a feroz crueldade da minha Ternura Absoluta.

Hoje todos os animais selvagens os felinos os grandes mamíferos
os répteis venenosos todos os predadores implacáveis Te desejam e Te gritam e Te atacam de dentro do meu Amor Bruto.

Pensar em Ti é planear armadilhas e emboscadas perseguições transpiradas e aproximações rastejantes Tudo para que no Vértice do Instante compreendas que o universo inteiro Te ama de dentro da minha Violência Imaginária.

Todos os vulcões e sismos todas as catástrofes do espaço-tempo... Tudo é o amor caótico do universo a Buscar-Te e a Querer-Te até à exaustão da matéria no Nada...

Tudo através de mim o Haver-Ser-no-Limite

Debater-te-ás com a feroz ternura do meu Amor e ganharás sempre.

(Ao Omnipotente que não conheço peço anonimamente
um acréscimo constante da terna ferocidade
desta metamorfose incrível que é Amar-Te.)

1 comment:

rasgos de ser said...

«Amo, sinto o tremor das suas árvores, as suas peles e plumas.
Amo este corpo do corpo. De sangue e sombra, de cinza e luz.
Rápida maravilha, azul no centro e púrpura, ondulação verde.
Amo este corpo obscuro e solar, movido pelas águas como uma rosa, maduro e como o vinho. Sobre a sua pele oiço a brancura, a espuma azul da nostalgia. Bebo-lhe as ondas fugidias, todo o calafrio da sombra, o rosto de pássaro cor de chuva. Toco todo o silêncio em tua luz.» António Ramos Rosa, in O deus nu(lo)