Thursday, March 28, 2013

Cantar?

Cantar___ bater asas 
contra as águas da tua Poesia Amante de ruínas perdidas e de olhos perdidos à flor da pele perdida. Quase pânico de sonhar sem respirar. Cantar___ bater as asas contra o Milagre que tarda tanto. Crês___Cantas___Ardes de Cantar e de Crer? 
Um seio vibrante onde beber e arder e morrer de arder Tanto.
Compreendes, Carinho? 

Meus pássaros precisam de teus ombros para repousar. 
Acontece-me cair. Acontece-me morrer de coração faminto à porta de pedras, tão quentes, de Ausência. Os dedos na boca desfazem o Nome inclinado que flutua no grito marítimo. Acontece-me cair no grito___Canto até perder o sentido da navegação do sangue na espiral do ventre vazio, ainda tanto. Há tanto Dentro para morder, na ondulação. Meus pássaros querem teus dentes no pescoço. Morde-me as cordas, as fibras, os nervos de Tudo. Morde-me Toda, uma Hora Toda, antes que___ até quando___

Meus pássaros ouvem a harpa intocável da tua Sombra, a tua Poesia inclinada para Nada, teu espírito divino de Além-Deus. Meus pássaros ouvem e enlouquecem___ ou somente não sabem bater as asas perigosamente contra as flechas do Amor-que-fere-e-não-mata-enquanto-não-mata___
Compreendes, Carinho?
Põe as tuas línguas nas minhas bocas para começar o Fim da Linguagem. 
Tão lacrimosa Gramática, neste meio-dia-meia-noite, sou a Mulher Nua que-vem-da-Vertigem íntima dos pássaros selvagens para-este-Texto-Genital.
Toca-me com a Tua primeira língua de Dilúvio___no centro da ferida de Além-Dor___
O corpo de Nada-Nunca-Ninguém é incêndio bastante para o Infinito Desejante.
Compreendes, Carinho?
    


1 comment:

rasgos de ser said...

Descompreendo-me
soa ao longe o sino de mais um anjo que ganhou asas
Já quis ser anjo, sabias

Estou no espaço do desencontro
Á volta abismos e angústias
Por dentro, uma sede de criar pontes
uma fome de serenar
... tão que

desconheço-me
descompreendo-me
desencontro-me
e
liquefaço-me no deserto
até que