as bicicletas dormem à entrada do jardim: Adão e Eva pedalam apaixonados (enquanto Deus sorri e canta dentro da infância das primeiras bicicletas)
Eva e Adão pedalam transcendendo a solidão do Princípio
subindo às árvores voando nas copas soltando as mãos no ar
entrando nos frutos bebendo o vermelho açúcar dos frutos
beijando com as línguas mais quentes imaginando a Liberdade
ofegantes no êxtase adolescente de pedalar e beijar no jardim
pedalamos sobre bicicletas confundidas com o corpo e o seu Desejo de Voar rente ao espaço vital, sentindo a pele do mundo
pedalamos sobre dois círculos quentes ligados pela fidelidade de uma corrente e pelo ritmo de uma respiração que toca nos ventos e no ar fundamental
uma máquina-corpo roda psicofisicamente no limiar do crescimento da lua cheia, rodam todos os círculos no espaço: é preciso saborear a aerodinâmica dos círculos
pedalamos: os pés decifram as rotações: é preciso saborear a aerodinâmica dos símbolos
pedalamos no jardim: somos dois círculos ligados pelo Símbolo de Infinito e pelo centro da uma Força, a coisa-não-coisa indecifrável
as bicicletas dormem dentro dos apaixonados à entrada do jardim - três segundos depois de começar o mundo: primeira tarde, primeira manhã
as bicicletas saboreiam o Símbolo de Infinito
deciframos os frutos e as serpentes dos venenos: as bicicletas salvam os amores que pedalam
(o sabor da aerodinâmica treme comigo por mim
treme connosco por nós : desejamos mais do que somos : Desejar transcende)
(...e o Infinito confia a sua vida nas minhas pernas e nos meus pulmões)
No comments:
Post a Comment