Tuesday, April 12, 2011

ansiedade venenosa das pedras


sempre no coração do construtor a realidade tem hálito verde

às vezes um segredo arranca a densidade da sombra dos pássaros

ou dos seios plenos e vazios de cintilante ausência de uma semente

Tudo é semente. Mesmo as cinzas as ondas as pedras do meio-dia

Ainda Nunca o círculo dos impulsos a trama do instante
como um primeiro beijo que desfaz uma certa geografia

a ansiedade venenosa das pedras na boca
última aragem de um rio entre as chamas

uma fúria fresca de montanha
falésia nua na fonte da força

1 comment:

rasgos de ser said...

«Tu procuras saber
eu não procuro porque sei que nunca saberei
[...]
entrego-me ao vago e indefinível vagar
[...]
eu procuro também um além
mas no interior da sombra do meu corpo
ao ritmo da respiração
para fortalecer a minha incerta identidade
[...]
Eu sei que a fragilidade pode cintilar
como uma constelação ou como um delta
quando o corpo se entrega sobre as dunas do silêncio [...]»
A. Ramos Rosa, «Tu procuras saber» in O teu Rosto, 1994

Entre o silêncio, o beijos, o segredo e as pedras, uns lábios húmidos.
Talvez beijem a semente
talvez beijem os seios
talvez beijem o centro
água breve para a germinação possível