Saturday, December 22, 2012

Labyrinthus 4

dói-me a noite e a não-noite de quase sem sangue cair, quase cinza extinta.  

um dia começarei capaz de unir a hora ao frágil seio que questiona dentro de zero.
uma manhã sofro há tanto, o texto cresce neste útero que rasteja contra o sol Absoluto. sofro tanta manhã há tanto que não sei se ainda sou a palavra do coração pesado
ou se as pedras falam por mim de outro chão mais ardente. Atinjo a fonte do caçador, persigo-me violentamente com colapsos de vogais desconhecidas na minha boca lunar.



Regresso tanto. os olhos flutuam esquecem onde e quando somos.
aproximo eternamente as primeiras questões e os primeiros incêndios 
regresso ao sabor da pele para ler a língua. leio-me desamparada. na tua ânsia de. Intensamente perder os sentidos. aqui vêm nadar as mãos que duram mais do que o rio

e as águas passadas e os infinitos moinhos que se erguem para cantar o instante
de uma vertigem inflamável azul. sinto uma febre definitiva no nosso barco.
a língua vai sempre às sílabas dos meandros. o delírio cintila com as mãos nos seios.

Ambos frágeis, escrevendo sob ameaça de queda, mergulhando no carvão dos verbos. somos o jardim perdido cercado pelo fogo. 

quase tudo sobe quando arde
regresso nevoeiro sobre a pele
nada de cinza na boca

tudo arde sobre tudo.

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